Não, não, não. Isto não pode estar acontecendo. Aquele console supostamente não deveria deixar isso acontecer. Deveria ser à prova de enclausuramento mental. É tudo culpa minha. Por que eu tinha que insistir em vir nesse maldito evento?! Agora aqui estou, aprisionado nesse mundo, e arrastei Asuna comigo.
- Mamãe! Papai! Tem algo errado! Não consigo acessar os consoles de vocês. Parece que o contato com tudo que é externo ao jogo foi cortado. - Yui nos alertou, apreensiva.
- Sei disso Yui. O desastre de SAO se repetiu, não podemos impedir isso agora. Me pergunto se foi novamente proposital. - respondi, jogando a questão no ar.
- Estou me perguntando muito mais do que isso. - Asuna começou, intrigada - Se tiver sido proposital, foi causado pela suposta sabotagem de Ichiro Suzuki ou a empresa estava envolvida? Se foi Suzuki, o que o levaria a destruir tantas vidas apenas para expor a empresa como criminosa? Um ato de revolta de um ex empregado ou um esquema elaborado? Watanabe sabia disso? Se a morte do garoto foi causada por desconectar o Infinity à força, as pessoas vão considerar que é verdade, ou arriscarão a vida de seus amigos e familiares, tentando tirá-los do jogo? Eles vão tentar NOS tirar do jogo? Nós vamos ficar bem? O que vai acontecer com nosso filho? - ela estava afundando na própria apreensão.
- Asuna, Asuna! - eu disse segurando o rosto dela - nós vamos procurar Suguha e Ayono, vamos avaliar a situação e reunir o máximo de jogadores possíveis. Vamos ponderar as possiblidades e elaborar um plano. Tem que ter um jeito de sair.
- Como pode ter tanta certeza? Diferente de SAO, não teve nenhum gamemaster nos dando um ultimato ou coisa parecida...
- Eu só sei, está bem? Nós vamos sair daqui e continuar de onde paramos, não vou deixar mais nenhum jogo assassino atrapalhar meu futuro com você.
- Acha que conseguimos sair a tempo de salvar o bebê? Até onde eu sei um feto sobrevive pouco mais de um mês quando a mãe não se alimenta. Eu nem sei como sobrevivemos 2 anos sendo alimentados por sondas em hospitais.
- Não importa, nós vamos dar um jeito está bem? A primeira coisa que podemos tentar é derrotar o último boss. Seja lá quem for o responsável por isso, deve ser algum imitador do Akihiko e pode ter planejado a façanha do mesmo jeito que ele. Vamos conseguir a tempo de salvar o máximo de vidas possível, inclusive a do bebê.
- Se for para lutar com você ao meu lado, não hesitarei nem por um segundo - ela me abraçou, intensamente - Eu vou lutar como nunca lutei antes, para proteger a todos que amo, e para continuar a minha vida com você, para sempre.
Eu me senti encorajado após essas palavras. Até aliviado. Me sinto péssimo por pensar assim, mas estou feliz de não ter ficado preso aqui sozinho. Só imagino o que seria de mim sem ela aqui, ou sem Yui, sem meus amigos... Provavelmente seria o primeiro a me suicidar, o que, a esta altura, tenho certeza de que muitos já fizeram.
Preciso descobrir quem é esse GM, e preciso fazer com que pague por causar toda essa tragédia. Agora, olho no mapa para saber a localização de Suguha. Ela está em um planeta rodeado de anéis, numa galáxia vizinha. Estou decidido a dirigir a nave até lá e colocá-la na equipe, para em seguida voltarmos para o planeta verde onde a loja de Ayono está.
Não ficarei satisfeito enquanto não reunirmos Klein e Akemi também. Não acredito que vou dizer isso, mas as habilidades de Firest seriam bem vindas. Precisamos de toda a força que conseguirmos. Talvez possamos descobrir quem era do beta e convencê-los a nos ajudar.
Eu vou sair desse jogo de qualquer maneira, ou vou morrer tentando. Mesmo sem quaisquer garantias, não vou ficar parado esperando meu corpo real definhar e apodrecer. E quanto à Asuna? E a nossa criança? Não vou deixar um maníaco qualquer tirar de mim a vida que eu sempre sonhei em ter. Se eu falhar, vou fazê-lo se arrepender por machucar aqueles com quem me importo. Não. Eu não vou falhar.
Seguimos em direção à nave para embarcar em nossa missão. Asuna assume o comando do veículo e nos afastamos rapidamente do pequeno planeta vermelho. Yui não parece mais estar com medo da nave, acho que está abalada pelo que houve conosco, e por ver nós dois enfrentando outra vez essa situação.
Analiso o mapa de novo, para verificar se a localização dela continua a mesma. Positivo. Viajando na velocidade da luz, não levamos muito tempo para chegar lá. A única parte problemática foram os anéis do planeta, dos quais Asuna teve que aprender a desviar. Guiando o grande ônibus espacial com cautela, ela conseguiu aterrissar suavemente.
Corremos e corremos, sempre olhando algumas vezes para o mapa, conferindo se estávamos na direção certa. O planeta era um completo deserto, o solo feito puramente de areia. Em alguns trechos de território, notava-se uma vegetação rasteira e às vezes até pequenas formações lacustres, mas não prometia desenvolvimento de vida em abundância.
Pelo que o mapa nos mostrava, Sugu estava em uma área não povoada, mas não parecia ser um campo de monstros. Avistamos ela de longe, estava sentada sob uma árvore fina e seca, com as pernas dobradas e juntas ao corpo. Ela se debruçava sobre os joelhos, escondendo o rosto neles. A cabeça caída sobre os braços cruzados que encimavam os joelhos.
Não precisamos nos aproximar muito para perceber que ela estava chorando. Quando caminhamos até ela, ela levantou a cabeça, mostrando um rosto vermelho e inchado. Ao nos ver e reconhecer, ela apenas afundou o rosto de novo e começou a chorar ainda mais.
- Suguha... - digo, solidário.
- Não, não! Por que isto teve de acontecer? - Suguha lamentou - Estava me perguntando. Vou passar o resto da vida separada da minha família e dos meus amigos, me esforçando para sobreviver. E agora, como se não bastasse, meu irmão e minha cunhada aparecem na minha frente, condenados à mesma sentença que eu. - ela soluçava e sofria.
- Sugu, nós viemos te procurar para que se juntasse a nós. Nós vamos vencer o jogo. - Asuna declarou.
- Vencer? Quem garante que qualquer coisa vai acontecer se vencer? Não vi nenhum aviso nem ouvi nada que apontasse uma maneira de sair desse lugar. - alegou, desesperançosa.
- Nós não temos certeza, mas precisamos tentar. A ideia de prender os jogadores em um jogo não é original, e se esse jogo foi projetado com base no SAO de Kayaba Akihiko... Talvez vencer o jogo possa nos libertar. - eu disse, procurando alguma esperança nessa situação.
- E se não der certo? E se depois que vencer o jogo, nada mude e a gente continue presos aqui?
- Se, no fim de tudo, matar o último boss não puder nos tirar daqui, poderei dizer "ao menos, tentei". Poderei me sentir melhor por ter reunido minhas últimas forças tentando nos tirar daqui, ao invés de me sentar e lamentar, imaginando o que poderia ter acontecido se vencêssemos o jogo.
Sugu me lançou um olhar crédulo, que continha esperança e bravura, difusas.
- Se é para sairmos desse maldito jogo, então o que tenho a perder? - ela se levantou, enxugando as lágrimas, e pôs a mão em meu ombro - Podem contar comigo.
Com um membro a mais no nosso exército, partimos em nossa astronave rumo ao conhecido planeta verde, em que enfrentamos a raposa mutante e alcançamos o então almejado nível 35. Assim que chegarmos lá, vamos procurar Silverya e, se tudo der certo, trazê-la conosco. Quanto mais depressa a encontrarmos, mais prontamente poderemos ir atrás de Klein. Preciso reunir todos o mais rápido possível. Preciso garantir que todos fiquem seguros.
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Infinity
Hayran Kurgu10 anos após serem presos no jogo de morte SAO, Kirito e Asuna se deparam com outro desafio: um novo console de VR, Infinity, sucessor dos fracassos em Nervegear, Amusphere e Augma, lança um novo jogo - Universe Online - que demonstra atrair multidõ...