Todos concordamos em usar a nossa nave nova ao invés da companheira de viagens da Urania. Por mais difícil que seja acreditar, conseguimos algo ainda melhor do que aquela beleza metálica. Se não supera a outra em aparência, o quesito pragmatismo é decisivo.
Ficaríamos todos juntos indefinidamente a partir de agora. Duas naves, portanto, não seriam necessárias. Suguha entregou a nave tão relutante que me deu pena. Mesmo consentindo a venda, ela tinha um vínculo emocional com a aeronave.
Logo chegávamos no verdejante planeta, a fauna tão exuberante quanto a flora. Os mesmos comerciantes, ávidos por clientela, exploravam as próprias vozes na capital. Estou segura de me lembrar a localização de Cosmic Motors, mas uso o guia só por garantia. Traço minha rota até a loja, com Kirito e Sugu logo atrás. O ícone se aproxima de nossos mostradores, até ficar bem diante de nós.
Quando caminhamos até a entrada, a porta automática se abriu, dando-nos passagem. Deixando as estantes e gôndolas com produtos para naves atrás de nós, nos deparamos com um balcão vazio. Ou quase. Ouvimos alguns ruídos e balbucios vindo dali. Fui verificar. Ayono estava sentada no chão, recostada no balcão e de costas para nós. Murmurava palavras sem sentido para si mesma.
- Ayono? - pergunto, confusa.
- Asuna?! - diz se levantando e percebe a presença dos dois - Kirito e Suguha?!! Ah, não. Vocês estão aqui também...
- Porque estava escondida atrás desse guichê? - Kirito perguntou.
- Bom, eu... Eu estava cuidando da loja e organizando a galeria de acessórios para máquinas. Foi quando ouvi uma gritaria do lado de fora. Estava tão alto, que tive de sair e ver o que estava acontecendo. Pessoas gritando, empurrando, correndo freneticamente... Naquele momento tive um mau presságio e cogitei a pior das hipóteses: estávamos presos num jogo outra vez? Tinha esperança de que fosse minha mente traumatizada me enganando, mas... Q-Quando eu abri a interface e... E... Cliquei em deslogar... N-Não consegui... Me digam que é só um pesadelo! Me digam que é uma piada de mau gosto! Me digam que não é real! Não é real! Não pode ser! - ela sacudia Kirito pelas golas da jaqueta.
Silverya começou a vacilar e a bambolear sobre as próprias pernas. No instante em que ela começou a cair, parecendo que ia desmaiar, Kirito e eu tivemos que segurá-la. Sentamos ela no chão com cuidado, enquanto fazíamos o mesmo. Kirito e eu ficamos à direita e à esquerda de Ayono, respectivamente. Suguha ficou atrás, no caso em que deixasse a cabeça cair.
- Eu sei, eu sei... Também estava surtada alguns minutos atrás. - Sugu reconfortou-a, compreensiva.
- C-Como vocês podem estar tão calmos?!! E quanto a você, Asuna? Isto não vai prejudicar a sua gravidez? - Ayono disse me olhando com preocupação, apenas baixei a cabeça, aturdida - Me desculpe... Eu não deveria ter tocado no assunto...
- Estou bem. - digo, me recompondo - Viemos aqui dar boas notícias. Se não isto, ao menos esperança e possibilidades.
- O que quer dizer? - Silverya perguntou, curiosa.
- Acreditamos que esse jogo siga os mesmos princípios que Sword Art Online. Nossa hipótese é de que, se derrotarmos o chefe final do jogo... Talvez possamos tirar todos daqui. - Kirito explicou.
- Acha mesmo que pode dar certo? - pergunta, cheia de expectativa.
- Talvez sim, talvez não. Mas não vejo nada melhor para fazer nesse mundo, além de lutar tentando sair dele. - Kirito afirmou, pesaroso.
- Você tem razão, todos vocês. A tentativa vale a pena. Vou ajudar como puder. - decidiu-se - Confio em vocês. Afinal, salvaram todos nós de SAO há dez anos, lutando na linha de frente, e depois, derrotando Heathcliff.
- Obrigada por ter tanta fé em nós - digo.
- Tenho certeza de que não sou a única.
Saímos os quatro da loja, andando devagar. Precisamos ver o mapa de novo para saber onde Klein está. Para nossa surpresa, o quadro virtual indica sua posição a poucos metros daqui. Seguimos as coordenadas até uma ruela detrás da Cosmic Motors. Um casal abraçado estava parado ali. A moça chorava, em desespero. O homem tentava consolá-la, mas parecia tão desesperado quanto ela.
- Nós... Vamos ficar bem. Eu vou... te proteger. Não vou deixar nada... Acontecer à você. - ele dizia, desnorteado.
- Klein! - Kirito gritou, caminhando na direção deles - Nós temos um plano. Vamos reunir os jogadores e organizá-los.
- O que? Do quê... do quê você está falando? - balbuciou.
- Queremos que vocês dois se juntem a nós. Estamos indo vencer Universe Online. - continuou.
- O que?! - é a vez de Akemi perguntar.
- Pensamos que seria uma solução plausível, considerando a semelhança desse contexto com SAO - expliquei.
- Como pretendem fazer isso? - indagou Akemi.
Kirito abriu o worldchat e começou a digitar.
Atenção, todos os jogadores! Aqui é Kirito, o mesmo Kirito de Sword Art Online. Alguns de vocês não me conhecem, mas eu estava na linha de frente em SAO. Não se desesperem. Recuperem a calma e sigam de volta para a estação Comonkind, da maneira que puderem. Talvez haja uma maneira de sairmos daqui. Reúnam-se na estação o mais rápido possível. Explicarei tudo quando chegar lá. Confiem em mim, eu tenho um plano.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Infinity
Fanfiction10 anos após serem presos no jogo de morte SAO, Kirito e Asuna se deparam com outro desafio: um novo console de VR, Infinity, sucessor dos fracassos em Nervegear, Amusphere e Augma, lança um novo jogo - Universe Online - que demonstra atrair multidõ...