Capítulo 23: Procura-se Beater

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- Firest? Kirito, você não pode estar falando sério... - falei, indignada.

- Ele deve ser o jogador mais forte desse jogo. Geralmente, esse seria o meu papel, mas já que não é, espero pelo menos trazê-lo para o meu lado.

- O que te faz pensar que ele vai entrar para o nosso lado? - indaguei - Tudo o que sabemos sobre ele é que é um jogador de altíssimo nível, e que estava sozinho todas as vezes que o vimos. Na minha opinião, ele faz mais o tipo que joga no próprio time.

- Tenho certeza de que o time dele não quer morrer nesse jogo. Vamos Asuna, nossa party está fraca demais. Sabe que precisamos de um jogador forte na equipe.

- Então por que não nos tornamos nós mesmos jogadores mais fortes? - questiono.

- Isso levaria muito tempo...

- O mesmo tempo que levaríamos tentando convencer aquele beater a nos ajudar! - digo, irritada.

- Um beater...? Beater! Mas é claro! Como não pensei nisto antes? Com toda aquela atitude de expert... Ele só pode ser um beater!

- Não sei como isso avaliza que ele vá nos ajudar...

- Asuna, você é um gênio! - proclamou, empolgado.

- Você não escutou nada desde o "beater", não é? - me cansei, detesto quando ele viaja nas próprias ideias, ignorando tudo ao seu redor.

- Não percebe, meu amor? - diz, segurando meu rosto com as duas mãos - Podemos evoluir de um jeito muito mais simples!

- Ahem. - Klein pigarreou - Desculpem a interrupção, mas... Tem um garoto aqui que se diz um conhecido e gostaria de lhes falar.

- Só esqueceu o milorde. 

- Hein? - Klein estava confuso.

- Essa sua apresentação, pomposa e teatral. - Kirito continuou - Fez eu me sentir um verdadeiro nobre, meus parabéns. Mas tente outro personagem na próxima, a medievalidade não combina com esse cenário.

- Ora... - disse Klein, emburrando a cara.

- Não precisa ficar sem jeito Klein. Só estou reconhecendo seu talento para artes cênicas. - zombou Kirito.

- Certo, quando terminar de se divertir às minhas custas, o garoto está lá fora. - disse ele, levando na esportiva - Ele está de ótimo humor hoje, não? - dirigia-se a mim.

- Engraçado, para mim sempre pareceu elétrico assim. - respondi.

- É porque sempre fico animado quando estou perto de você. - ele se agarrou à minha cintura e me beijou.

- Que nojo! - exclamou uma voz infantil.

Kirito e eu nos separamos, meio aéreos. Era o menino que libertamos do chefe raposa, Tyran, se me lembro. Parece que era dele de quem Klein estava falando, e pelo visto não se conteve esperando do lado de fora por muito tempo.

- Pirralho, eu não te disse para esperar lá fora?! - vociferou Klein.

- Você demorou demais, cara. Achei melhor vir verificar por conta própria.

- Achou errado! - ele se preparava para chutar o moleque para fora da tenda.

- Klein! - gritei - Está tudo bem, deixe que ele diga porque veio nos procurar. - ele congelou a perna no ar e a abaixou, devagar.

- Eu... - começou o garoto, oscilante - Ainda estava no planeta em que nos conhecemos, quando o alerta de deslogue bloqueado se espalhou e todos entraram em pânico. - ele parou, parecia perturbado ao relembrar a cena - Quando eu vi a mensagem no worldchat... Logo embarquei na minha nave à caminho da estação, esperando comparecer a chamada... Mas me perdi no caminho, e me atrasei. Quando finalmente cheguei lá, tudo já tinha acabado. Me disseram que um tal de Kirito e seu grupo de amigos tinham convocado uma reunião ali para discutir como sair de Universe Online. Me lembrei de que Kirito era o cara que apareceu naquele templo e me livrou do bug daquele boss... - apontava o olhar para Kirito - E você é a Asuna, certo? - disse olhando para mim, acenei com a cabeça - Como vocês me ajudaram e eram os únicos que eu conhecia nesse game, ainda mais com uma proposta de fuga, resolvi procurar vocês. As mesmas pessoas me falaram que o grupo enorme de jogadores que estavam presentes na reunião montaram uma base na Terra, onde vocês dois lideravam o que, agora, tinha virado uma guilda, conhecida pelo nome de Rebel Players. Então... Decidi pegar minha espaçonave, e vir até aqui. E aqui estou. Quero me juntar a vocês. Mas antes, tenho que perguntar: existe mesmo uma maneira de sair?

- Bom, huh... Não é nada garantido, mas pode dar certo. Nós vamos tentar derrotar o chefe final, como em SAO. Acredito que é a solução mais crível no momento. - Kirito explicou.

- Nesse caso, fico feliz em fazer parte da equipe. - afirmou.

- Ah, quanto a isso, eu não sei se você vai ficar na nossa... - Kirito começou mas eu o interrompi imediatamente.

- Vai ser ótimo ter você na equipe! - eu sorri exageradamente para o menino - Não é mesmo Kirito? - intimei, com um olhar inquisitivo.

- Que?! - ele me olhou contrariado, mas cedeu depois que eu o acotovelei - Sim, estamos muito satisfeitos por ter você conosco... - ele forçou a frase, revirando os olhos em seguida.

- Vou conhecer o resto do time agora - disse a criança, saindo, acompanhada por Klein.

- Bom, espero que ele encontre alguém para trocar as fraldas dele no passeio.

- Kirito... - suspirei, em tom de censura.

- Não olhe para mim. Sabia que ele seria um peso morto quando convidou ele para a equipe. 

- Ele se convidou! E sim, eu o acolhi em nosso grupo. Ele tem boas razões para vir nos procurar. É só uma criança, sozinha, confinada num mundo como esse, sem saber se algum dia verá sua família de novo... Provavelmente colocou toda a sua esperança em nós. Esse menino precisa de alguém cuidando dele agora. Estamos todos perdidos nessa situação, o melhor é que não passemos por isso sozinhos, inclusive aquele garoto.

- Você será uma boa mãe. - ele diz, me olhando com uma expressão serena.

- Eu espero ter uma chance de provar isso. - digo, me perguntando o que acontecia com meu corpo real e o bebê, neste exato momento.

- Você terá. - Kirito acariciou meu rosto - Mas agora precisamos ir atrás de Firest. 

- O que? Mas você ainda não me explicou como planeja extrair qualquer favor dele...

- Vamos indo para a nave, explico tudo no caminho. - ele agarrou a minha mão e saiu me arrastando em direção ao veículo.

- Mas... - tentei protestar, inutilmente, desisti e deixei que me levasse até a embarcação.

- Para onde vocês estão indo? - era Lizbeth, curiosa sobre o que faríamos, deixando a guilda para trás e sem avisar ninguém.

- Vamos chamar reforços, quer vir? - Kirito convidou, já subindo a rampa para entrar na espaçonave.

- Acho que não tenho nada na minha agenda para hoje - disse ela, subindo na astronave  decidida a nos acompanhar.

A porta-rampa se fechou e prontamente fui me sentar na cadeira do capitão e ligar os motores da máquina. O grande carro espacial levantou vôo rapidamente, saindo da atmosfera terrestre mais depressa ainda. No espaço, Kirito procurava no mapa as coordenadas do beater, me direcionando para qual planeta ir. Enquanto eu nos colocava no caminho certo, esperava pelas próximas palavras de Kirito, com as quais ele explicaria suas intenções.

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