Capítulo 27: Oliver

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Notas:
A imagem é pra representar a aparência do personagem da fic, não tenho muita criatividade nesse aspecto então peguei de outro anime. Boa leitura!

Kirito expressou espontaneamente seu espanto, mas Firest parece alheio a tudo que não seja a criança que segura em seus braços. Também estou chocada. Quem diria que o garoto do templo e o beater misterioso eram parentes? Encontrarmos os dois aqui é uma coincidência maluca.

- Vamos, Caleb. - Oliver põe o irmão no chão - Precisamos ir para um lugar seguro, sem monstros. - ele foi indo embora levando o menino pelas mãos.

- Não! - Caleb se soltou enquanto protestava - Não vamos embora. Estou numa equipe. Vamos lutar contra o último boss, e vencer o jogo.

- Ah, basta! Eu já sei que é a moda brincar de Sword Art Online tentando vencer o game, mas as coisas são diferentes agora. Vem logo! - começou a puxar o menino pelo braço novamente.

- Eu não vou. - ele se desprende outra vez e corre em nossa direção - O que mais vamos fazer nessa porcaria de mundo? Esperar até algum monstro ou jogador vermelho nos matar? - o irmão encarou o menino, pasmo - Sim, eu sei dos jogadores vermelhos, topei com uns a caminho da reunião dos players.

- Jogadores vermelhos? Quase te mataram?! Isso já deixa bem claro o porquê temos que ficar juntos e ir para bem longe, não acha? 

- Se o que eu ouvi eles dizerem é verdade, não vai adiantar nada sairmos daqui. Parece que estão tentando expandir o território, mandam expedições para outros planetas e montam bases. Onde quer que a gente se esconda, vão acabar nos achando. - ele falou olhando para baixo - Quero ficar com eles, me ajudaram a fugir do monstro. - ele começou a apontar Kirito e eu com os olhos - Acho que eles sabem o que estão fazendo. Chegamos até aqui. Eu quero sair do jogo, Oliver! - agora seus olhos quase lacrimejavam.

- Eles... Te ajudaram? - perguntou Firest, surpreso.

- Só chegamos no lugar certo, na hora certa. - falei, dirigindo-me a ele - Nós ajudamos ele a se libertar de um chefe que o tinha capturado por confundi-lo com um NPC. Deve ter sido um bug.

- Estávamos indo concluir uma missão, mas quando chegamos no boss, ele estava segurando seu irmão, pendurado. - Kirito acrescentou - Achamos melhor soltá-lo antes que se metesse em mais problemas.

- Bom... Obrigado. - agradeceu, perplexo - Tá bom, quer ir embora daqui, não é? - Oliver se voltou para o irmão - E o que você quer que eu faça? Abandone você com essa gente, depois de quase se matar, para você seguir com a sua aventura? - seu tom zangado e preocupado soava paternal.

- Claro que não. Quero que você vá com a gente. - agora nós é que ficamos perplexos, ele ia convencê-lo a entrar na nossa equipe?

- Acredito que não se importem. - presumiu, buscando confirmação em nossas expressões.

- Acho que você seria de grande ajuda. - disse Lizbeth, Oliver sorriu.

- Era até melhor, porque assim fecharíamos um time completo, 10 pessoas. - Suguha ressaltou.

- Você não vai me deixar escolher, vai? - perguntou ao menino, exprimindo desistência.

- Não mesmo. - Caleb diz, sorrindo.

- Está bem, então. Se todos aprovam... - decidiu-se Firest.

- Você pode liderar a equipe no meu lugar, já que tem maior nível. - Sinon sugeriu.

- Aliás, em que nível você está? - perguntei, curiosa sobre isso há um bom tempo.

Ele aceitou o convite para a party e sua interface se tornou visível. "Nível 81", exibia. Inacreditável. 

- Nível 81?! - perguntei, estupefata - Mas então o que está fazendo na missão 60 da história principal?

- Eu não me foquei muito nas missões principais até a notícia de log out bloqueado se espalhar. Me concentrava mais em subir de nível e fortalecer meu avatar, só fazia missões secundárias e tarefas. Passei um bom tempo aprimorando minhas habilidades, aprendendo a usar outras armas, inclusive. No momento do "Socorro, não podemos mais sair daqui!", eu estava na missão 30 da história ainda.

- Acho que isso explica muita coisa. - Kirito disse.

Transferimos a liderança para Firest, assim não teríamos que confrontar a fênix. Havia um povoado bem tranquilo a alguns quilômetros dali. Paramos em um albergue e arranjamos alguns quartos. Eram baratos, simples e quase todos tinham duas camas. À exceção de Lizbeth e Sinon, todos dividimos dormitórios: dividi o meu quarto com Kirito; Klein dividiu com Akemi; os irmãos dividiram o seu; e Suguha e Ayono também dividiram o quarto.

Nem consegui parar para descansar ou simplesmente pensar desde que o pânico de ficar presa aqui me dominou. Mas agora, as coisas parecem caminhar bem, e temos uma grande vantagem com Firest no grupo. É claro que ele só aceitou ficar para tomar conta do irmão dele, mas independente do motivo, ele certamente será um fator decisivo nessa missão.

A varanda dos alojamentos, comunitária, proporciona uma vista extasiante da paisagem que se opõe ao vilarejo. Crianças correm e gritam brincando numa rua vazia, e uma pequena colina emerge do outro lado da cerca, perto do bosque. Como um programa pode reproduzir o pôr do sol tão bem? Tenho que reconhecer o talento de quem desenhou isto, por mais doente e psicótico que seja.

Estou apoiada sobre o cercado, admirando o quadro todo. Akemi está sentada junto com Klein sob a copa de uma árvore, repousando a cabeça em seu ombro. Tyran sobe em outra árvore, Yui tenta segui-lo com suas botas espaciais. Lizbeth admira o horizonte de cima da colina, Firest indo ao seu encontro. Kirito se aproxima para contemplar tudo também, debruçando-se sobre a cerca bem ao meu lado.

- É lindo, não é? - pergunta, admirado.

- Ah, é... Sabe, isso me faz lembrar de quando estávamos em SAO, aquele dia em que eu te vi dormindo na grama. - comecei - Fiquei tão revoltada pela sua negligência, você estava dormindo, perdendo tempo no mundo real. Mas aí você só me respondeu que o dia em Aincrad estava lindo demais para ser desperdiçado em uma masmorra. 

- Eu me lembro... Você acabou adormecendo também, por um bom tempo. Parecia alerta quando acordou, mas no fim percebeu que aquilo era bom, não foi?

- Surpreendentemente sim. Você tinha razão. Algumas coisas estão fora do nosso controle, e se não soubermos tirar o melhor da situação, aí sim, saímos perdendo. - respondi, assertiva.

- Você está bem com tudo isso? - perguntou - Pensei que ainda estivesse preocupada. 

- E estou, me preocupo com a gravidez e com o que acontece no mundo lá fora, mas estamos fazendo de tudo para sair daqui. Estou começando a acreditar que temos uma boa chance. Agora, quero apenas refletir sobre o que ainda não perdi. Sobre as minhas certezas, aquilo que está seguro comigo e que nunca vou perder.

- Como eu? - ele pergunta, com profundidade no olhar que direciona a mim.

- Se tem uma coisa que você me ensinou, é que posso ser feliz em qualquer lugar, desde que estejamos juntos.

Ele passou os braços à minha volta e os cruzou na minha frente, me enlaçando em seu abraço. Fiquei apenas alisando seus braços, que me envolviam, enquanto observava o falso sol lentamente desaparecer detrás dos campos pacíficos daquela região isolada de Ton-ka Bur.

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