Capítulo 17: Pausa

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Aqui estamos, eu acho. Nos limites do universo falso criado por esse VR extremamente peculiar. Kirito parecia preocupado, mas acho que estou pegando o jeito com esse disco voador. Bem à nossa frente, pelo vidro do painel, posso enxergar uma estranha singularidade.

Quase que como um vidro, vejo uma misteriosa barreira invisível se erguer diante de nós. Está ali por alguma razão, a mais lógica: para não deixar jogadores saírem da área de jogo. Resolvo arriscar um choque entre o bloqueio e a nave.

- Asuna, cuidado! Eu sei que a nave promete resistência mas podemos achar uma maneira melhor de testar isso.

- Não é isso. Queria ter certeza de que estamos nas fronteiras do jogo. E parece que eu estava certa. Mas temos que ir até lá verificar. Preciso ver aquilo de perto.

- Eu vou dessa vez, vou levar Yui. Talvez ela possa fazer uma análise de dados. - diz ele, decidido.

- Acho que tem algum traje especial por aqui. Ficar lá fora sem isso consome HP, pelo que ouvi dizer - digo enquanto desentulho uma "roupa de astronauta" de dentro de um compartimento embaixo do painel.

- Espero que sirva - ele cruza os dedos.

Ficou singelamente folgado, mas ainda deve ser funcional. Kirito foi para a comporta de escape. Assim que estava completamente isolado do interior e do exterior, e vestido completamente com o traje espacial, abri a comporta para o exterior. Ele usava uma corda amarrada na cintura, conectada à nave, para certificar de que não se perderia lá fora com a falta de gravidade.

Se afastando uns 4 metros em relação à frente do visor, de onde eu o observava, e usando a lataria da máquina para se impulsionar, ele toca no muro transparente. Kazuto foi jogado para longe até a distância em que a corda terminava. Era como se a barreira fosse eletrificada, porque a reação dele pareceu como se levasse um choque, daqueles que arremessam a pessoa.

Yui, preocupada, foi até ele para ajudá-lo a se recompor, já que ela não tinha problema nenhum com a falta de ar ou com a perda de controle de sua própria locomoção. Aquelas botas foguete são realmente úteis. Pude ver eles moverem os lábios, mas a nave me isola sonoricamente.

Pude deduzir que, ao se aproximarem da barreira, cautelosamente, Yui tentaria tocar e extrair algo da fronteira, enquanto Kirito fica a uma distância segura, instruindo-a. O plano não parece dar certo. A codificação dos dados deve ser mais complexa que a utilização do manjado sistema binário. Presumo pelas suas expressões, que ele não conseguiu localizar ou acessar o compilador.

Não demorou muito para que eu presenciasse a cena em que os dois voltaram cabisbaixos, com seus planos obviamente frustrados. Voltamos à estaca zero. Sejam lá quais forem as respostas que procuramos, não encontraremos aqui, na fronteira. Não consigo pensar em outro lugar para procurar, nem em ninguém que possa nos ajudar na busca. Busca essa fracassada até agora.

Cansada por ora, convenci os dois a voltar para a terra firme. Queria encontrar um planeta qualquer com uma taverna qualquer e deslogar. O cansaço mental é definitivamente pior que o físico. Preciso comer algo que não seja feito de pixels. E tomar banho... E dormir... Simplesmente desligar. Completamente. Por umas horas.

Nos separamos de nossos avatares em uma estalagem de um planeta vermelho que ficava próximo. Pagamos pelo quarto, subimos e nos deitamos. Os olhos fechados. Ao abri-los, estou de volta à realidade. Meia dúzia de pessoas com rostos ansiosos, entre eles Ishikawa, todos voltados para Kazuto e eu.

- E então... alguma coisa até agora?

- Nada que valha a pena mencionar, eu acho - respondi.

- Tudo que diz respeito à essa investigação vale a pena mencionar - Ishikawa estava sério.

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