9: Zayn

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   Os dias infernais pareciam se arrastar e todo o peso do mundo encontrava-se em meu peito aflito e ansioso para que Melissa abrisse os olhos e saísse da maca do quarto hospitalar.

Quando vi aquele filho da puta asqueroso e covarde espancado ela, senti um medo inexplicável. Uma sensação que nunca tinha sentido antes. Fiquei pouco me fodendo se o meu rosto apareceria estampado em alguma revista de fofoca ou tabloide na internet com alguma manchete em letras maiúsculas que pareciam gritar ao acusar-me de "espancador" ou "garoto encrenca" quando fiz aquele monte de merda ficar com a cara deformada e ensanguentada. Ele merecia o que eu fiz e coisa pior. Homem que bate em mulher não é homem, nem algo perto disso. É um escroto covarde e sem moral. Sei que não sou santo e que mereço o titulo de "Garoto Problema" – devido aos eventos com bebidas e brigas -, mas se tem algo que eu zele é como a mulher deve ser tratada. Minha mãe sempre disse que mulheres são como flores – frágeis e lindas – e, por isso, devem ser tratadas como tal. E homem que bate em mulher – sem ser algo consensual em momentos eróticos – merece o meu repudio. Eu fiquei ajoelhado ao lado do corpo imóvel e sangrando de Melissa sem, ao menos, me importar com o cimento gelado sob meu corpo. Um buraco crescia em meu peito, cada vez mais, parecendo me engolir a qualquer minuto. A policia não demorou a chegar.

Fiz questão de pagar o melhor tratamento no melhor hospital de Seattle, pois, por mais que me doa, ela só estava deitada e em coma por minha causa. Por causa daquela cena grotesca e nojenta. De fato, se arrependimento matasse eu estaria enterrado a sete palmos embaixo da terra. Se Melissa soubesse que eu estava imaginando seus lábios carmim chupando o meu pau enquanto aquela mulher – que nem me lembro – o fazia ou se ela soubesse que enquanto lambia a boceta da outra garota estava imaginando ela rebolando em minha cara enquanto eu a enchia de prazer... Certamente Melissa acharia que eu estava louco e, também, sairia correndo.

Merda!

Por que diabos eu tenho que ser esse ser tão doentio? Tão estragado?

Faz dias não durmo, nem sinto vontade. Meu único consolo é poder sentar-me ao lado de sua maca e ouvir os bipes dos aparelhos que indicam que seu coração ainda bate e que ela ainda está bem. Ela vai ficar bem, meu subconsciente diz tentando, em vão, me dar um pouco de paz de Espirito. Converso com Melissa às vezes, porém, duvido muito que ela me escute. Digo que eu quero que ela desperte e que volte a me incomodar. Mas a verdade é que ela nunca me incomodou, jamais. Esperei uma resposta, mas não recebi nada além de um silêncio abatedor.

Seguro a mão dela e a levo até a minha bochecha, pressionando. Pisco rapidamente algumas vezes, afastando as lágrimas que, de vez em quando, teimava em descer.

Os médicos disseram que a estafa pode estar contribuindo para o coma de Melissa. Mas eu não paro de pensar que também sou culpado, se ela não tivesse me visto naquela cama com duas mulheres não sairia correndo e... Não estaria apagada nessa cama hospitalar. O medo e a culpa que sinto são esmagadores e me corrói por inteiro. E, nesse momento, reconheço que o meu maior medo é perdê-la para sempre.

Oh, meu Deus, se Melissa acordar agora eu juro que... Humm... Paro de trepar? Isso! Eu juro que paro de trepar com qualquer uma que cruzar o meu caminho. Rezo mentalmente enquanto vejo-a deitada, totalmente parada e sem resquícios de esperança que irá acordar.

Droga! Não sei nem porque tentei falar com Ele! Ele nunca me ouviu e não será agora que irá fazê-lo!

Estou sentado e perdido em meus devaneios quando eu a vejo acordar e meu coração palpita rápido em meu peito...

Parece que dessa vez Ele me ouviu e resolveu atender o meu pedido.

Louco por VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora