23 : Zayn

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 Carrick fechou um show em Vegas. Devido a isso, tive que desmarcar o encontro com a minha gatinha e ensaiar com os caras da banda. Ensaiamos bastante. E, em um momento de pausa, meu celular toca. Ao ler o nome de Melissa no identificador de chamada sinto-me extremamente feliz. Pressiono o botão verde e levo, rapidamente, o meu celular até o ouvido.

- Oi. – digo com um sorriso.

- Zayn?

Vinco a testa ao ouvir uma voz masculina ao invés da doce e meiga voz de Melissa.

- Quem está falando? – pergunto preocupado.

- Ethan, o amigo de Melissa. – responde ele – Dá para você vir até a casa dela o mais rápido possível? Ela está em choque.

- Como assim?

- Ela recebeu a noticia que a mãe dela morreu.

Merda!

Coisas ruins não deveriam acontecer com pessoas boas!

- Estou indo para aí. – e desligo.

-*-*-*-*-*-*-*-*-*-

Em menos de vinte minutos estou em frente a porta de Melissa. Passei em vários faróis amarelos e um vermelho, certamente tomarei uma multa. Nada que dinheiro não pudesse resolver. Tomei fôlego e entrei, sem bater, na casa de Melissa. Tudo estava exatamente igual desde a última vez que estive aqui. Ou estaria se não fosse pelo corpo de Melissa pálido e com tremeliques no sofá laranja. Corri até ela e sentei-me ao seu lado. Vê-la naquele estado partiu meu coração em vários pedaços e de cinquenta formas diferentes. Passei a mão em seus cabelos sedosos, carinhosamente, enquanto a vejo chorar sem parar. Os olhos inchados e o nariz vermelho feito tomate eram sinais de sua perda. Eu queria dizer que tudo ficaria bem, dizer para ela não se preocupar, mas eu não queria mentir dando-a falsas esperanças. Então apenas fiquei ali, ao seu lado, quieto, enquanto acariciava sua cabeça. Ela chorou, chorou, chorou e chorou mais um pouco. Ás vezes gritava um "não" ou dizia coisas inteligíveis. Porém, em um sussurro carregado de dor e angustia, eu pude entender nitidamente o que Melissa disse, ela disse "mamãe". Depois de um longo tempo, Melissa apenas tremia e soluçava baixinho. Ela aninhou-se em meu peito e os soluços foram virando, aos poucos, uma respiração lenta e cansada. Ela finalmente dormira.

Eu a pego no colo com cuidado e a levo para seu quarto. Abro a porta com o pé. Melissa suspira e murmura algo. Caminho até sua cama e a deito nela, encarando seu corpo cansado e triste. Ela irradiava tristeza naquele momento, e não luz e alegria como eram de costume. Fico ali, vendo-a dormir, e deito-me ao seu lado. Parecendo atraída por meu corpo, feito um imã, ela deita em meu peito jogando um braço ao meu redor. Puxo o edredom e cubro a gente. Está frio para cacete! Mas, mesmo estando com o corpo congelando, o meu coração fica aquecido quando a ouço sussurrar:

- Eu te amo, Zayn. Não me deixe, por favor.

E esfrega, de leve, seu nariz em meu pescoço, respirando fundo. E sei que vou ficar, enquanto ela me quiser aqui. Nada me deixaria mais feliz...

-*-*-*-*-*-*-*-*-*-

Meu celular não parava de tocar e vibrar. Com medo de acordar Melissa eu o desliguei. Apenas mandei uma mensagem para os caras da banda dizendo que estou vivo e bem, e o desliguei. Nada era mais importante do que ficar ao lado da pessoa que mais gosto do mundo e a consolar em um dos momentos mais difíceis de sua vida. Ela era o meu mundo, afinal de contas. Melissa dorme lindamente, e chega a babar, em meu braço. Fungo em seus cabelos e inalo o cheiro doce de morango. Afasto uma mecha de cabelo de seu rosto.

- Não. – ela diz alto enquanto se debate na cama – Mãe, não!

Ela senta-se de sobressalto e encara-me com os olhos esbugalhados enquanto respira com dificuldade.

Merda!

Aquele olhar... Até o homem mais corajoso do mundo tremeria de medo com olhar de raiva da Melissa.

- Está tudo bem, gatinha? – pergunto e dou um tapinha afetuoso em sua mão.

Passam-se alguns longos segundos para ela relaxar a postura rígida e se largar contra a cabeceira da cama.

- Eu... Eu não sei. – e funga abraçando-me.

- Quer conversar sobre isso? – pergunto.

Ela nega com a cabeça e eu concordo em apenas conforta-la em silêncio.

- Ela morreu. Ela se foi de vez. – Melissa comenta em meio às lágrimas.

- Eu sinto muito. – digo – Quero que você saiba que poderá contar sempre comigo, gatinha.

- Ela era tão jovem, Zayn. Não era a hora dela ainda.

- Eu sei, eu sei. Pode chorar...

E ela chora em meus braços.

-*-*-*-*-*-*-*-*-*-

No dia seguinte, alugo um carro logo pela manhã e vamos para a Flórida.

- Obrigada mais uma vez por cuidar da Cassie, Ethan. – agradece Melissa pela enésima vez ao babaca do Ethan.

- Disponha meu bem. – ele sorri para ela e lhe dá um beijo na bochecha.

O que esse cara tá pensando em beijar a mina de outro cara? Ele está arrumando ideia de perder todos os dentes, isso sim!

Ignoro meu ataque de ciúme e aceno rapidamente com a cabeça para o jovem Ethan e entro, com Melissa atrás de mim, no SUV. Prendemos os cintos e partimos.

- Há quanto tempo você é amiga desse Ethan? – pergunto tamborilando os dedos no volante.

- Acho que desde que me entendo por gente. – ela responde com os olhos fechados – Desde que vim da Flórida.

- Você é da Flórida?

- Sou.

- Por que nunca me disse isso?

- Sei lá, nunca surgiu o assunto.

E o assunto morre.

-*-*-*-*-*-*-*-*-*-

Não foi difícil achar o endereço do hospital onde o corpo da mãe de Melissa estava. O hospital grande e pomposo. Entramos de mãos dadas e seguimos até o necrotério do hospital. Finjo não ver os olhares dos fãs ao caminhar pelo longo corredor que leva a salinha do necrotério.

- Viemos para reconhecer o corpo de Louise Rollins, por favor. – digo ao homem baixinho e narigudo.

- E o que vocês eram da senhora Rollins? – indaga o homem baixinho.

- Eu sou a filha. – responde Melissa erguendo o queixo, toda autoritária.

Louco por VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora