4 : Melissa.

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    Meu despertador toca às seis da manhã. Tenho que estar as sete e quinze, no máximo, na livraria já que Dante me enviou uma mensagem durante a noite pedindo, quase implorando, para abrir a livraria para ele, pois se atrasaria. E eu, boba do jeito que sou, aceitei sem nem ao menos pestanejar.

     O dia melhorou um pouquinho quando pus a cabeça para fora da janela do meu quarto e vi que não chovia um verdadeiro milagre em Forks! As nuvens ainda densas, cinzas e opacas. Arrumo-me e ponho um guarda-chuva, um cardigã azul e o carregado do meu celular dentro da minha mochila azul.

   Vou ao quarto de Cassie e a vejo dormir, como um anjinho, em sua cama com estribo branca e coberta por seu edredom rosa. O quarto é um cubículo de dois metros e meio por dois metros e meio. Três paredes são rosa e uma roxa, ideia da minha abelhinha. Peças de roupa estão jogadas por todos os lados como sua mochila. Eu me aproximo da cama e dou um beijo em sua testa com o máximo de cuidado para não a acordar. Fecho a porta e desço os degraus para atender a porta.

- Ethan. – falo jogando-me em cima dele – Obrigada por aceitar meu pedido.

- Está tudo bem, de verdade. Gosto de você e amo a Cassie, vai ser fácil cuidar dela.

- Se precisar de qualquer coisa me liga. – falo chacoalhando o celular – Dante pediu para ficar até tarde e eu não posso recusar, preciso dessa grana.

- Eu sei docinho, pode ir e ficar tranquila, nada de ruim acontecerá com Cassie enquanto eu estiver aqui.

Balanço a cabeça e dou outro abraço nele e quando me afasto percebo como suas feições estão cansadas. Os olhos azuis de Ethan parecem tristes, o cabelo loiro todo desgrenhado, sua pele branca como leite.

- Ei, você está bem? – indago.

- Sim. – ele me responde forçando um sorriso.

- Tem certeza? Podemos conversar.

- É, sem duvida, uma ideia tentadora. Mas você tem que ir trabalhar e eu vigiar a Cassie.

- Ok. – digo.

- Ok. – ele responde.

E saio de casa. Mas, ao chegar à esquina da minha rua, a chuva caiu.

A chuva piorou drasticamente em fração de segundos e eu praguejei baixinho. Tomando uma coragem que eu não tinha, segurei minha mochila azul por cima da cabeça para tentar não me encharcar, e falei miseravelmente. De minha casa até o ponto de ônibus é chão para caramba. Por isso, assim que comecei a andar na chuva, com a mochila sob a cabeça, apressei o passo. Até que algum infeliz passou em uma poça de água e me molhou toda. Desisti da mochila. O que é uma gota para quem já está toda encharcada?

Foi então que reconheci o desatento que me molhou. Ele conseguia ficar ainda mais bonito em cima da moto, o capacete preto com a viseira aberta mostrava olhos cor de mel. Os braços tatuados estão cobertos por uma jaqueta de couro negra. A blusa preta, por estar molhada, fica coladinha no busto. E me peguei pensando em como Deus estava feliz quando criou esse sujeito... Até que ele abriu a boca...

- Precisa de carona, gatinha? – o indaga – Posso te deixar onde quiser depois de bebermos algo.

Não podia ser ele. Não mesmo.

Sinto a garotinha tiete que há dentro de mim se debulhar em lágrimas mas mantenho a compostura.

- Não obrigada. – digo andando mais rápido. – Além do mais, são quase sete da manhã e não deve ter bar aberto.

- Qual é, sobe na garupa e vamos dar uma voltinha...

- Já falei que não.

- Uau, como você é geniosa.

Louco por VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora