Estou sentado na minha Ducanti vermelha. Esperando. A galera da banda me encarnou muito devido à ansiedade. Não dormi a noite de tanta ansiedade e nem passei o dia na paz. Estava muito agitado, uma pilha de nervos. Já sai com algumas garotas antes, mas, no fim, era só um jeito para que topassem mais rápido trepar comigo. Não que tive dificuldade alguma vez, longe disso.
Ocasiões especiais exigem trajes especiais. Hoje não poderia ser diferente, decidi me arrumar direito. Ao invés das tradicionais botas optei por um All Star preto e calça jeans justa. Vesti também uma blusa social branca que escode todas as minhas tatuagens. Eu odeio roupas sociais, mas por ela vale a pena.
Droga! A ansiedade está me matando lentamente.
Já são 18h 50. Meu coração bate forte em meu peito. Sei que cheguei antes do horário combinado, mas, em minha defesa, passei o dia todo pensando nela. A ansiedade e a animação formam um nó em minha garganta e remexo-me desconfortavelmente em cima da moto. Retiro o capacete e respiro fundo, piscando algumas vezes, e a sensação de abafamento some deixando-me um pouquinho aliviado. E um bocado esperançoso.
O Rolex de ouro em meu pulso marcam 19h em ponto. Endireito a postura esperando que Melissa saia de casa e sorria para mim. Mas nada acontece.
Será que ela se esqueceu? Será que ela desistiu?
Não, ela ligaria para mim e avisaria que mudou de ideia, acho. Deixo que meus ombros pendessem e dou um longo suspiro, sentindo-me estranho. Puxo o meu celular do bolso e vejo que há duas mensagens:
Harry: E aí, já se deu bem, cara?
Nicholas: Quando vc vem me ver?
Ignoro a mensagem de Harry e respondo um "logo" para Nicholas, ele cresce mais a cada dia. Elevo um pouco o meu ombro esquerdo e fungo, conferindo se exagerei no perfume. Não, está ótimo.
19h 05. Nada dela.
19h 15. Nem sinal de Melissa e isso começa a me preocupar, mas ignoro o sentimento que invade o meu peito.
19h 20. Saco o celular do bolso e digito o número de Melissa, mas desisto. Não quero soar mal educado. Guardo o celular no bolso, bufo e volto a esperar.
19h 25. Droga! Esperar é uma merda. Mas eu o faço. Esperar, esperar, sempre esperar...
19h 30. Um homem que não me é estranho encara-me rapidamente e bate na porta de Melissa.
Que porra é essa?
Ele entra e eu sou obrigado a fechar os olhos para não entrar lá dentro e enche-lo de pancada. O ciúme que sinto no momento é tanto que chega a ser palpável e tem um gosto amargo. Não curto esses lances de fazer o tipo ciumento, mas também não vou ficar de braços cruzados e rindo enquanto outro cara chega na minha garota. Ou melhor, quase minha. Tenho bons pressentimentos no que se refere ao futuro deste relacionamento.
- Chega. – murmuro me corroendo de raiva.
E, quando faço menção de saltar da moto e ir chamar por Melissa, a porta de sua casa se abre e lá está ela, vindo em minha direção. A surpresa do momento me deixa sem fôlego e, devido à surpresa, quase me desequilibro e caio junto com a Ducanti. Os seus passos estancam ao ver a minha testa crispada, por isso, afasto de mim qualquer sentimento negativo e abro um grande – e verdadeiro – sorriso. O sorriso que tem dona, somente uma, e é ela.
- D-desculpe pelo atraso. – ela diz gaguejando, nitidamente sem graça.
Talvez Melissa ache que iriei ser rude e comentar algo maldoso sobre o seu atraso. Contudo, quero muito que essa noite seja perfeita, essa é a minha chance de mostrar para ela que posso ser algo melhor e mais carinhoso do que aquele homem de merda que ela viu fodendo com duas mulheres alguns dias atrás. Quero ser dela, pertencer a ela. Por isso também reprimo os comentários que ia fazer sobre como o vestidinho branco e virginal a deixa gostosa para caralho ou como seus peitos ficam sexys nessa roupa. Com aquele vestido Melissa parecia sexo embalada no tesão. Penso em coisas ruins para que não fique de pau duro e a assuste.
- Ah, que isso, o importante é que você está aqui agora. – respondo sorrindo e oferecendo o capacete vermelho que comprei para ela – Vamos?
Droga!
Desde que a conheci eu não paro de sorrir, talvez ela me faça bem, afinal.
Melissa anui e eu a ajudo a por o capacete e, em seguida, ponho o meu. Como sei que ela não pode me ver, por causa do capacete, deixo que um sorriso bobo apareça em meu rosto. Eu subo na moto e ligo, Melissa sobe logo atrás de mim.
- Segure firme, gatinha! – grito por cima do ronco poderoso da Ducanti.
Sou surpreendido pela descarga elétrica que percorre o meu corpo quando Melissa serpenteou os braços ao meu redor e apertou as pernas nas minhas. Suspiro assustado com o tamanho do sentimento que sinto no momento e seguro o guidão, acelerando, e indo, o mais devagar que posso, até o restaurante que planejei leva-la.

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Louco por Você
FanficMelissa está tendo problemas com a vida pessoal. Seu pai morreu e sua mãe fugiu de casa com um dentista gorducho deixando Cassie, de apenas seis anos, na responsabilidade de Melissa. Melissa trabalha em uma livraria que ruma a falencia. Ela não...