1: Zayn.

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  - Aposto vinte pratas que você é um marica e não consegue virar vinte shots de tequila.- Harry me desafia.

- Trinta pratas e, além de virar os shots de tequila, tomo um copo cheio de vodca... Pura. – digo, arqueando uma sobrancelha.

Harry me encara com desdém e tira do bolso traseiro uma nota de vinte e outra de dez, ambas amassadas.

- Com prazer. – diz ele, jogando as notas no balcão de mármore em nossa frente.

Dinheiro fácil! Penso.

Respiro fundo e viro, goela abaixo, o primeiro shot. A bebida desce queimando e sinto meu peito esquentar. Gosto dessa sensação. Meia hora e dezenove shots depois, já estou vendo tudo girar e me sinto bem alegrinho.

Harry pega um copo grande e roliço de vidro e o enche, até o topo, de vodca.

- A cereja do bolo, bonitão. – zomba ele.

Com a mão tremula e a visão turva, pego o copo que ele me estende e torço o nariz ao sentir o forte cheiro do álcool. Respiro fundo novamente e bebo a vodca em poucos goles.

- Caralho! – digo ao bater o copo com uma força mal calculada e o vê-lo estilhaçar sobre o balcão deixando pequenos pontos brilhantes, como diamante.

- É melhor limpar isso antes que...

- Que porra está acontecendo aqui? – ouço uma voz masculina furiosa.

- Zayn e eu estávamos apenas...

Não consigo ouvir a explicação de Harry, pois tudo ao meu redor começa a girar rapidamente e sinto um forte impacto de algo frio em meu rosto. Não sinto dor.

E então, apago.

Ao abrir os olhos, a primeira coisa que vejo é a carranca estampada no rosto de Carrick, o empresário do One Direction, e penso em fingir que estou dormindo, mas, ao mexer a cabeça sinto-a latejar.

- Ai! – resmungo.

- Veja quem resolveu acordar. – Carrick diz com um tom carregado de raiva.

   Carrick é baixinho e roliço. É calvo, mas usa uma peruca amarelada muito feia. Sempre de terno e gravata, os óculos em forma de meia-lua sempre na ponta de seu nariz que, me perdoe, parece uma batata. Sua pele branca está assumindo uma cor avermelhada com mais frequência a cada dia que passa.

- Qual o motivo do mau humor? – pergunto já prevendo a bronca iminente.

- Talvez, quem sabe, mais uma matéria sobre um dos integrantes do One Direction ter entrado em coma alcoólico.

- Ah, isso?

- Isso é sério, Zayn. – ele tira os óculos e esfrega o rosto – Você tem que ter um pouco mais de juízo.

- O juízo e eu não somos chegados. – tento brincar mas, infelizmente, eu o deixo ainda mais irado com a situação.

- Você é Zayn Malik, um dos integrantes da boyband mais famosa da atualidade, o sonho das garotas e referencia para os garotos. Você tem que dar bons exemplos para os fãs, não influenciar um coma alcoólico.

- Mas eu fui ao jantar de caridade em Chicago em prol dos órfãos e dei uma boa quantia.

- Isso não justifica o que aconteceu ontem. – ele esbraveja.

- Ontem? Eu apaguei por quanto tempo?

- Desde ontem, ás sete da noite.

- E que horas são agora?

- Duas da tarde.

- Merda! – digo – O show em Vegas foi cancelado?

- Sim. – ele diz e sinto o ódio nessas três letras, em cada uma delas.

- O que resolveu? – pergunto com medo da resposta.

- O dinheiro dos ingressos foi devolvido. – ele responde ficando rubro novamente – Você tem noção na burrada que fez? Perdemos uma boa grana por sua causa, Zayn. Sem falar no trabalho que é devolver o dinheiro, falar com a imprensa e, puta merda, resolver a papelada de um cancelamento do show. É trabalho pra caralho!

- Desculpa. – peço um pouco arrependido.

- Suas desculpas não irá fazer a grana aparecer. – ele anda até a porta – O melhor pedido de desculpa é a mudança no comportamento. – e então saí do quarto hospitalar.

Reflito por alguns segundos na frase que Carrick acabou de dizer. Ouço passos apressados e, em seguida, vejo Harry entrar no quarto branco que estou.

- Você está muito ferrado, camarada. – Harry debocha e se joga na cadeira ao lado da maca – Carrick está puto e eu o vi sair daqui com cara amarrada.

- E com motivos. – falo baixo.

- Você está melhor? – Harry pergunta.

- Estou. – minto – Agora, seu caloteiro de merda, cade minhas trinta pratas.

Um sorriso de deboche aparece em seu rosto.

- Pensei que...

- Amigos, amigos. Negócios a parte.

- Você é doente. – ele diz e me entrega o dinheiro.

- Já me chamaram de coisa pior...

Examino as notas e sinto minha cabeça latejar outra vez. Beber é bom, só que tem seu preço depois.

Louco por VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora