"Foi no segundo ano que eu me apaixonei"
Todos os seres deste mundo são instintivos, inclusive os seres humanos a qual se vangloriam por sua insigne racionalidade.
Carmen, como qualquer ser humano, tinha seus próprios instintos, tal como aquele que...
Talvez este seja o capítulo mais estranho da história até o momento contudo sejam fortes e suportem.
“Foi entre beijos e cigarros que eu me apaixonei.” Carmen
Quando eu era mais jovem, minha mãe e eu fomos a uma belíssima exposição botânica num dia onde todas as flores estariam completamente desabrochadas. Óbvio que eu nunca esqueci na cena que eu vi aquele dia - tantas flores no pico de seus ânimos, seres cuja a vida criou no intento de nós deleitarmos com sua fulgura - e apesar de tamanha beleza houve uma única coisa que ficou completamente nítida em minhas reminiscências neste dia, a memória de uma única flor que não havia desabrochado.
Lembro-me de ter me sentido enganada, afinal de contas os botânicos haviam garantido que todas as flores estariam desabrolhadas. Agora que retorno aos meus delírios eu apenas sinto empatia por aquele brotinho.
Uma flor e uma garota.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Com o passar da semana ficava mais fácil encontrar Pedro perambulando pelos corredores casmurros da escola. Mesmo que fosse por frivolidades, iniciávamos um curto diálogo e toda aquela eloquência fazia borboletas tripudiarem em meu estômago; seus olhos mexiam com minha sanidade; a maneira que tocava seu próprio rosto quando estava a ponderar levava-me a uma luxúria antes desconhecida por mim.
Eu sequer uma vez sonhei com uma evolução deste meu entranho relacionamento com Pedro, até o início da tarde do dia 24 de junho de 20XX, quando acabei encontrando-o no portão da escola ao término das aulas.
Eu o vi do outro lado da rua então acenei timidamente e em retorno ele atravessou a estrada para ver-me.
- Pensei que você ia para casa com seu irmão – murmurou ajeitando o boné preto em sua cabeça.
- Ele está doente, então faltou.
- Então você vai para casa sozinha hoje?
- Hoje eu vou.
Eu já ia me despedindo e seguindo para floricultura quando Pedro perguntou:
- Posso te acompanhar?
- Você vai por essa direção também?
- Vou pela oposta.
Aquilo foi fatal , era a primeira vez que alguém se oferecia a fazer isso por mim.
Eu toquei timidamente meu pescoço enquanto acenava positivamente com a cabeça.
Ele me acompanhou em silêncio, o clima frio ao nosso redor fazia com que seu nariz e suas bochechas ficassem vermelhas, seus passos quase não produziam estrépito e sua respiração era suave e uniforme. Deus sabia o que fazia, disso eu estava certa, todavia eu não conseguia compreender seu objetivo ao me tornar próxima de Pedro.
