Capítulo 9 - Comandante

357 63 61
                                    

  O efeito do analgésico foi bastante eficaz, proporcionando-me uma boa noite de sono. Não tive pesadelos, nem sonhos, nada... Apenas o infinito da escuridão. Pude descansar a noite inteira.

Quando abro os olhos, sinto-me revigorada. Mexo meu braço que já não dói intensamente igual antes.

Sento-me na cama, retiro o lençol que cobre meu corpo e ponho-me de pé. Não há nenhum sinal da enfermeira Sue e do Doutor Danton.

Saio do quarto a passos lentos, com a intenção de voltar ao meu compartimento para pegar roupas limpas e tomar um merecido banho.

  De banho tomado, desço para o refeitório. Os alunos já estão tomando o café da manhã sentados a mesa.

   Pego meu café e sento-me numa mesa mais afastada.

Aproveito o tempo sozinha para refletir sobre os acontecimentos anteriores, contudo, alguém interrompe minhas reflexões.

— Olá. - Um garoto que aparenta ter por volta de quinze anos diz, sentando-se a minha frente.

— Oi. - respondo secamente.

— Sabe, eu vi seu treino de tiro ao alvo aquele dia. Foi demais! - Ele tagarela, abrindo um sorriso. Seus dentes são extremamente brancos, contrastando com sua pele negra. — Eu nunca vi alguém destruir um alvo daquele jeito. Qual a sua técnica? - Pergunta e parece realmente admirado. Faço uma careta em sua direção.

— Foi apenas uma coincidência. Aqueles alvos existem há gerações, só estavam velhos demais. Por isso foi fácil.

— Ah... Eu achei que tinham renovado no começo do ano.. - Diz, pensativo. Franzo o cenho, lembrando-me que realmente haviam sido renovados.

— Ei, Sam? - Um garoto sentado a duas mesas da nossa o chama. O jovem, que agora sei chamar-se Sam, se vira na direção dele para responder a seu chamado.

— O que tá fazendo ai? Vem pra cá. - O garoto faz uma careta claramente inconformado que Sam esteja sentado comigo.

— Bom... Até logo, Jamie. - Ele se despede, indo para a mesa do amigo. Balanço a cabeça negativamente. Nunca muda. Eu sempre acabo ficando sozinha.
**

  Após o café da manhã, sigo para a aula de combate com o Mestre G. Ele separa algumas duplas e eu fico com uma garota que não sei o nome. Ela não gostou muito de fazer par comigo, sua expressão deixa explícito seu repúdio por mim.

— Podem começar os exercícios de aquecimento. - O Mestre ordena observando as duplas se unirem para começar.

Eu e a garota começamos a nos aquecer usando exercícios de dupla que o mestre G nos repassou. Ela não me encara apenas faz o que tem de ser feito. 

Depois do treino de aquecimento, o mestre pede para os alunos formarem uma fila. Eu fico de fora apenas observando, pois irão lutar. E eu sou absolvida das lutas corpo a corpo.

— Vocês dois. - aponta para os primeiros da fila. A garota de cabelos curtos e platinados reconheço-a sendo Tina, e o garoto eu não sei quem é. — Para o ringue.

  Os dois se locomovem para o ringue e faz posição de ataque. "Lutem!" o mestre grita e ambos travam uma luta tensa.

Tina tem movimentos ágeis e usa técnicas a seu favor. Ela usa a força do oponente contra ele mesmo, e após dez minutos de luta, o garoto cai no chão. A luta termina e Tina é a campeã do combate.

— Excelente, senhorita Tina! - G exclama, sorrindo abertamente. A garota apenas acena e se retira do ringue, abandonando o garoto estirado ao chão. Alguns alunos o ajudam a sair também.

ResquíciosOnde histórias criam vida. Descubra agora