Levamos muito tempo para atravessar o atalho, pois tivemos que aumentar a frequência de paradas para descansarmos, devido ao machucado na panturrilha de Sam e nossa imensa exaustão.
— A sensação é que estamos andando a dias pra não chegar a lugar nenhum. - Sam comenta claramente exausto.
— Eu não sei como estou aguentando. Já era pra eu ter desistido há muito tempo. - Meu comentário sai mais como um desabafo e Sam percebe isso.
— Você é mais forte do que pensa, Jamie. - Ele diz tentando sorrir, mas seu rosto se contorce numa careta de dor e ele cessa os passos.
— O que foi? - Pergunto segurando-o, a aparência dele mostra o quão está desidratado.
— Tudo. Minha perna dói, estou com sede, fome e sono. Se eu der mais um passo eu vou desmaiar. - Fecha os olhos e respira profundamente tentando normalizar a respiração.
— Não podemos ficar expostos no meio da trilha. Estaremos vulneráveis se alguma equipe aparecer. É melhor encontrarmos um lugar seguro. - Argumento e ele assente, mas pede um minuto para respirar e ganhar forças para caminhar mais alguns metros.
Retomamos o caminho olhando atentamente aos redores para encontrar algum local para descansarmos.
Aproximadamente vinte minutos caminhando, uma rocha nos chama a atenção por ser relativamente grande e com uma abertura que possibilita nossa entrada.
Com um pouco de dificuldade conseguimos adentrar a rocha e nos acomodar um ao lado do outro, apesar do estreito espaço.
Sam abre sua mochila e posiciona tudo o que tem dentro no chão.
— O que está fazendo? - Pergunto, observando-o curiosa.
— Verificando os suprimentos que ainda tenho. - Responde continuando a retirar as poucas coisas da mochila.
— Boa ideia. - Digo pegando minha própria mochila e retirando meus escassos suprimentos.
— O que você tem de Kit médico? - Ele pergunta após terminarmos de separar os objetos dos alimentos.
— Gaze, esparadrapo, algodão e álcool.
— Eu tenho agulhas, linha e alguns analgésicos. O resto eu usei no meu ferimento.
— Ok. Alimentos? - Solto um suspiro de frustração ao observar a pequena quantidade de alimentos que temos em conjunto. Ele também não está nem um pouco feliz.
— Três barras de cereais nutritivos, duas maçãs, dois pacotes de biscoito e três enlatados ao todo. - Da de ombros.
— As coisas não estão nada boas para o nosso lado. - Digo balançando a cabeça negativamente. Esses suprimentos terão que durar até completarmos a missão.
— Teremos que fracionar nossa alimentação daqui em diante. - Pontua enquanto divide os alimentos igualmente para ambos. — Comemos a metade de um cereal agora e a outra metade mais tarde. - Diz entregando-me a metade do cereal. A nossa vantagem é que são barrinhas nutritivas que sacia a fome por um tempo significativo.
— Obrigada. - Digo, ingerindo a barrinha de cereal.
**
Sam adormece logo após se alimentar e ingerir um analgésico para aliviar suas dores físicas.Enquanto o observo dormir sinto que algo em mim mudou em relação a ele. Antes, eu não sabia o porquê dele me tratar diferente de todos os outros e desconfiava da sua gentileza gratuita. Mas agora, eu sinto que não é necessário motivos para alguém ser bom. E Sam é bom, apenas por ser.
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Resquícios
Science FictionExiste um momento certo de descobrir o que somos e porque somos? Quando você abriu os olhos e teve consciência de que estava viva? Eu lembro-me vagamente dos acontecimentos passados, como se fossem fragmentos unindo-se a medida que as memórias se...