3. DIAS ATUAIS

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- Obrigada Carla, me faça mais um favor - Eu estava em meu escritório ao lado da minha eficiente assistente - Avise a Sofia que haverá uma promoção, enviarei os preços por e-mail para ela poder atualizar o site ainda hoje à tarde, ok?

- Sim Clara, avisarei! - Ela sorri para mim - Algum motivo especial?

Sim, eu tinha. Mas não diria.

- Apenas presentear nossos clientes!

- Que legal!

Eu era criadora de um loja virtual de moda feminina que estava fazendo muito sucesso e além de estar feliz por ter batido a meta mais uma vez, estava feliz porque estava livre de Jonathan. Sorrio e vejo Genny entrar em minha sala.

- Ai, que calor! Parece que o sol está morando aqui na sala ao lado - Bufou Genny entrando e correndo para ficar em frente ao ar condicionado - Estou derretendo!

- Quer água Genny? - Perguntou Carla.

- Ah sim, por favor, Carla. Obrigada. - Genny deitou no sofá ao lado da minha mesa e deu um nó em seu cabelo castanho claro ondulado, que eu sempre achei lindo. Genny era toda linda, ela era poucos centímetros menor que eu, olhos verdes e se vestia maravilhosamente bem. Estava casada há cinco anos com Fábio e os dois eram o tipo de casal de fazer inveja a qualquer um, eram lindos e compreensíveis. A única coisa que estava deixando os dois infelizes, é que já faziam dois anos que tentavam ter um filho e até agora, sem sucesso. Aquilo estava começando deixar Genny frustrada, mas ela sempre tentava não deixar a frustração embaçar sua esperança. Se tinha alguém mais feliz e esperançosa que eu conhecia, essa era Genny.
Estava sempre sorrindo, exceto quando alguém a acordava e esse alguém era quase sempre eu. Então eu, que sempre via o pior dela. Ela não trabalhava, e eu sempre a incentivei para que ela tentasse se ocupar com algum trabalho ou algo que a deixasse atarefada, assim ficaria menos ansiosa e sua mente se ocuparia mais. Mas ela não queria voltar a estudar e nem trabalhar, até porque ela não era muito amigável ao relógio. E acordar cedo, ter regras, chegar em casa e ainda organizar os deveres da casa, não fazia muito parte dos seus planos. Ela amava arrumar sua casa, fazer mesa posta, organizar minuciosamente os guardas roupas e armários, visitar algumas lojas de artigos para casa, tirar fotos e publicar em sua página. Ela já tinha até uma boa quantidade de seguidores por isso. Voltar a trabalhar, acordar cedo e sair para trabalhar, não, não era mesmo a cara da minha amiga. E Fábio também adorava chegar em casa e sempre encontrar Genny a sua espera, e por isso nunca a incentivou voltar a trabalhar. Ambos adoravam a vida como levavam. Quando ela decidiu deixar o trabalho e se dedicar apenas com as tarefas de casa, me perguntei se ela ficaria bem. Hoje em dia, quase nenhuma mulher largava seu trabalho. Mas ela me mostrou que era uma privilegiada, muitas mulheres sonhavam em viver como as mulheres de antigamente. "Eu sou do lar" ela dizia e adorava a vida que levava. Se ela era feliz assim e Fábio também, quem seria eu para dar alguma sugestão? Mas agora ela tendo dificuldade em ter um bebê me faço novamente a pergunta e chego até pensar que seria bom ela se ocupar de alguma forma. Mas isso seria uma conversa para outra hora.

Carla entregou a água para Genny e saiu.

- E aí, vamos comer e comemorar onde? - Perguntei animada.

- Você decide!

- Que tal começar com comida japonesa?

- Adorei! - Genny se levanta - Vamos, estou faminta! Vamos buscar Lívia?

- Não, não. Não gosto de falar sobre a separação com ela por perto.

- Ela é mais adulta do que eu, Clara. - Genny falou tendo toda razão. Minha criança de sete anos era uma adulta que nos surpreendia constantemente com suas sábias palavras - E ela aceitou a separação tão bem!

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