12. DIAS ATUAIS

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O medo que ainda me assola.

Acordei sozinha e com a pior dor de cabeça da minha vida. Abri meus olhos e lembrei que estava na casa dos meus pais. Comecei a tentar lembrar porque estava ali, até vir os primeiros raios das lembranças da luta que tive com Jonathan. Toquei na minha cabeça e vi que estava com um curativo, e lembrei-me dos malditos e doloridos sete pontos que tive que levar na lateral da minha cabeça. Meu ombro não deslocou, mas doía por conta da pancada. Gemi de dor, tentando mudar de posição.

A porta começou a se abrir vagarosamente quando vi meus pais entrando, minha mãe estava com o rosto inchado, possivelmente de tanto chorar.

- Bom dia minha filha. - Ela entrava com uma bandeja na mão com comida.

- Bom d... - Parei de falar ao perceber que a dor era mais latente do que na hora que levei a pancada - Nossa, como dói. - Falei baixinho, mas claro, eles teriam que ouvir.

- A pancada foi forte, levou alguns pontos na cabeça e precisa descansar, infelizmente vai doer por alguns dias. - Ela disse com a voz tenebrosa de tristeza - Trouxemos seu café. - Ela deixou a bandeja do meu lado na cama quando a porta se abriu novamente e Steven entrou dessa vez. Ele estava com uma marca roxa na mandíbula.

- Acordou, graças a Deus. - Ele se aproximou, dando um leve sorriso de alívio.

- Não vi isso ontem em você enquanto estávamos no hospital - Falei apontando para sua mandíbula.

- Vamos nos concentrar em você. - Ele sentou ao meu lado - Muito dolorida? - Ele passou a mão vagarosamente no local onde minha cabeça havia se machucado.

Balancei a cabeça afirmando que sim.

- Que horas são? - Perguntei confusa olhando para a janela.

- Você dormiu por quase vinte e quatro horas... Mas era o esperado, a médica lhe deu alguns remédios fortes para amenizar um pouco a dor e causa sonolência. - Falou Steven.

- Ainda estou com sono, nem parece que dormi isso tudo. Onde Lívia está? - Olhei para meus pais.

- Na minha casa. - Falou Steven - Ela queria ficar aqui com você, mas eu achei melhor ela ficar com Beth, ela estava muito tensa lhe vendo machucada. Achei que seria bom ela desparecer um pouco.

Concordei com a cabeça respirando mais forte. Minha mãe senta ao meu lado e ficamos ali por um breve momento nos olhando. Com certeza ela estava se controlando para não chorar ainda mais.

- Clara, eu e Steven conversamos bastante, graças a Deus ele conseguiu chegar a tempo, não sei o que Jonathan seria capaz de continuar fazendo com você. - Meu pai fala.

Eu olhei para Steven.

- Como sabia?

- Estava entrando em casa ainda quando Beth me chamou e me entregou o rádio. Na hora Lívia estava muito nervosa, mas conseguiu dizer que você estava precisando de ajuda, corri para tentar chegar a tempo, mas ele já tinha feito um grande estrago. Se eu tivesse chegado a um tempinho mais cedo ou subido com vocês, eu conseguiria evitar que...

- Não se sinta culpado meu filho, você fez o melhor e estamos muito gratos por isso - Falou meu pai para Steven tocando em seu ombro.

- Eu quase que tive que quebrar o portão do prédio, o porteiro não queria liberar minha entrada, fiquei tão desesperado... Foi horrível. Tive medo que ele tivesse ... - Ele parou de falar e fechou os olhos como se tivesse sentindo uma forte dor - Não quero nem pensar nisso.

Lembrei que meus pais ainda não tinham conhecido Steven pessoalmente. Só falamos de Steven apenas uma vez, quando foi Cecília que puxou assunto. Mas agora percebo, que meus pais e Steven devem ter conversando naquelas horas enquanto eu dormia, estavam ali ligados pela mesma situação, pois meus pais se aproximaram dele e o tocaram no ombro e aquele toque transmitiu tranquilidade, ligação e afeição como nunca vi antes. Incomodada, tentei me mover e me levantar, mas meu corpo parecia ter sido atropelado.

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