OITO ANOS ATRÁS

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Soltando um pouco o ar de medo dentro do meu peito deito em minha cama em choque quando percebo que minha menstruação está atrasada e ainda não havia percebido devido a semana de provas, congressos e seminários que estava tendo naquelas duas últimas semanas.

- Não acredito! - Contei de novo os dias no aplicativo que eu tinha em meu celular - Meu Deus! – Eu explodo em lágrimas cheia de culpa. No último fim de semana, eu e Jonathan brigamos tão feio, que passei os últimos dias pensando em acabar tudo com ele. O ciúme doentio dele só têm aumentado e sem perceber, já não sinto mais tanta urgência em sempre estar ao lado dele. As vezes esqueço de ligar para ele, já não mais me importo tanto quando não nos vemos aos sábados, e não sinto mais tanta falta quando tudo começou e isso tem feito com que Jonathan se sinta mais inseguro e achando que estou interessada em outra pessoa.
Não, não é outra pessoa. Já expliquei tanto para ele que o que mais me afasta nele, é ele próprio, mas ele parece não entender.
E agora que penso em me separar dele, estou tão assustada que não sou capaz de imaginar alguma possibilidade dessa gravidez virar alegria.

- Clara, como você deixou isso acontecer? - Genny pegou o meu celular e recontou. Eu precisava conversar com alguém, por isso a chamei.

- Mas eu sempre uso camisinha e .... - Eu atirei fortemente o corpo no colchão da minha cama novamente e coloquei as mãos na minha cabeça - Ai meu Deus, na última vez que saímos, estávamos tão cansados e ele tinha bebido que nos esquecemos de usar camisinha.

- Sua tonta, você está louca? - Genny deu uma tapa na minha perna - Já falei para você tomar pílula, que droga Clara! - Genny se levantou e pegou a bolsa - Vamos!

- Vamos para onde? - Eu olhei para ela, confusa.

- Ao laboratório fazer o teste, claro. Não confio nos testes de farmácia.

- Ai meu Deus, estou com medo!

- Agora é tarde demais para sentir medo, vamos.

Só depois que tiraram meu sangue, que me disseram que o resultado só iria sair em duas horas, me vejo louca no shopping esperando pelo resultado. O laboratório era ao lado e fomos ao shopping para passar o tempo, mas para mim nunca duas horas foram tão longas em toda a minha vida. Estávamos sentadas, Genny tomando sorvete e eu aparentando tomar, a ponto do meu sorvete virar uma sopa e minha cabeça virar geleia quando o meu telefone tocou, e eu quase pulei de susto, assustando também a Genny.

- Ai, credo Clara, que susto - Ela olhou pra mim esperando que eu atendesse o celular - Não vai atender?

- Vou, vou sim ... - Eu olhei o celular e suspirei como se o ar fosse muito pesado - É o Jonathan.

- Ótimo, diz para ele que estamos aqui no shopping esperando o resultado do seu exame, e que ele talvez será papai ainda esse ano! - Genny disse tentando quebrar a tensão que eu estava passando. - Ou prefere ser aquelas mães que fazem surpresinhas com coração e roupinhas de bebê para o papai?

- Ai Genny você é tão má. - Atendi - Oi.

- Oi, onde você está? Liguei para sua casa e sua mãe disse que saiu com a Genny logo cedo.

- É que... é.... estamos no shopping.

- Porque ficou nervosa? - O tom dele mudou - Onde você está?

- No shopping Jonathan. - Falei mais confiante.

- E porque gaguejou?

- Não gaguejei.

- Em que shopping você está?

- Jonathan, já falei que estou... estou no shopping - Eu comecei a ficar nervosa com a desconfiança dele - Tenho que desligar, ligo depois.

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