SETE ANOS ATRÁS

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Estávamos entrando em casa, após a festa do primeiro aninho de Lívia que fiz no nosso quintal. Ela estava tão cansada da festa que dormiu em meu colo enquanto me despedia da minha família. Meu pai como sempre, ficava me avaliando. Olhando meus olhos, a maneira como eu falava, e isso fazia minha ansiedade crescer cada vez mais, eu me esforçava para eles não perceberem o quanto estava ansiosa e insegura, eu podia até passar despercebida com minha mãe, mas meu pai sentia. Como ele sentia e sabia, não sei, mas ele apenas sabia. Ele me abraçou, beijou a cabeça de sua neta em meu colo e falou olhando fixamente para mim:

- Se precisar de alguma coisa, nunca deixe de me pedir.

- Está tudo bem pai.

- É isso o que você quer que eu acredite, mas eu sei filha, eu sei, você não está bem. E eu juro, que se eu souber de qualquer coisa que ele esteja fazendo com você, não hesitarei. - E ele me beija e entra em seu carro.

Sim, era justamente por isso que eu temia.

Assim que a coloco no berço, não deixo de pensar nas palavras do meu pai, as ameaças eram nítidas e morro de medo do que pode acontecer se ele souber o que Jonathan já fez comigo, volto para o meu quarto ainda pensativa. Já estava sonhando com um banho e minha cama, quando Jonathan entrou no quarto e segurou meu braço.

- Passei a noite toda tentando me controlar e não explodir com você na frente de todos.

- Jonathan, o que ... - Comecei a falar tensa. Mas ele puxa meu braço com força e eu tropeço quase caindo. Ele havia bebido mas não estava bêbado, só que eu tinha experiência suficiente para saber que bebida o tornava mais agressivo. Ou ele usava essa desculpa para se tornar esse homem malvado.

- Você por acaso é uma puta? Quer dar para todos, é isso?

Eu definitivamente não sei do que ele está falando, tento repassar cada movimento que fiz de toda a noite, na festa. E realmente não entendo do que ele está falando. Quando não respondo, Jonathan pega meu queixo e ergue minha cabeça com força.

- Me responda, porra!

- Eu não sei do que...que...você, está...falan..lando!

- Você deixou que a porra de um homem tocasse em você.

- Homem? Deus... De quem você, está.. tá falando?

- Já falei várias vezes Clara. Não quero um homem se quer, tocando em você, me entendeu?

Engoli com dificuldade, o choque envolvendo meu corpo.

- Não sei do.. que... - Então, sem menos eu esperar, uma das mãos de Jonathan veio em minha direção e um tapa forte estalou em meu rosto. Um ardor formigou em minha bochecha e eu não me mexo, em choque. Olhando fixamente para o chão.

- Isso é para você nunca mais deixar outro homem tocar em você, está me entendendo? - E com violência, Jonathan me empurrou no chão do quarto. Eu caio e antes que eu me vire, para vê-lo e me defender, ele agarra os meus cabelos com força.

- Jonathan, pare! - Eu grito. - Pare!

Ele fica de joelhos diante de mim, e direciona minha cabeça em sua direção.

- Da próxima vez que deixar algum homem lhe tocar... eu não vou me esforçar e me controlar.

Assim que ele se afasta, choro sem parar. Escuto quando a porta se abre da sala e ele sai de carro. Enquanto as lágrimas rolam pelo meu rosto dolorido, mais o tempo passa, mais o meu rosto arde. Assim que percebo que o carro já não está mais perto, não penso duas vezes, quando troco meus sapatos por um tênis, pego minha filha e chamo um táxi. Passo minhas últimas duas horas, fazendo um B.O contra ele. Minha boca, está ferida e sinto dores de cabeça forte. Após o B.O. a polícia me acompanha até em casa para pegar minhas coisas e me esperam do lado de fora.

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