Outro fim de semana que fico em casa sozinha, mesmo que fosse o meu fim de semana com Lívia, ela havia saído com meus pais e pediu para dormir com eles. Então mais uma vez pensei o dia inteiro no deus grego. Balancei a cabeça, pegando a chaleira para ferver um pouco de água. Esse era o problema quando Lívia não estava em casa e não tinha muita coisa para fazer do trabalho. Muito tempo para pensar em outras coisas. Sempre que Lívia estava com o pai ou não estava em casa, sempre fiquei maior parte do tempo respondendo os meus emails, fazendo planilhas e relatorios, organizava meu guarda roupa e o de Lívia, fazia cotações, desenhava novas roupas, qualquer coisa que afastasse meus pensamentos do silêncio da casa. Mas esse fim de semana, parecia que tudo estava no lugar e estava sem distrações.
E essa era razão pela qual minha cabeça não parava de pensar no homem mais bonito que vi na vida. Porque por mais que eu tentasse, não parava de pensar do único dia que nos vimos e eu simplesmente não conseguia deixar de pensar a maneira do modo como ele me olhou, da forma como ele me ofereceu o cartão com seu nome e da forma natural e tranquila como ele havia dito meu nome.
Desliguei a chaleira e peguei o cartão amassado e lavado e estudei os números a minha frente e comecei então a pensar em arriscar o último número.
- Não, não vou fazer isso! - Jogo o papel na mesa e volto para minha chaleira. Mas vagarosamente meus olhos olham por cima do meu ombro e vejo o papel ali, me chamando. E Deus, eu estava escutando a voz dele falando o meu nome.
Clara
E se...
Não.
Mas...
- Ai droga - Solto a chaleira e pego novamente o cartão. Eu tenho dez números para tentar, porém eu arriscaria cinco, todos números pares. Se fosse de ser, seu número terminaria com um número par. Cinquenta por cento de chance de encontrá-lo e cinquenta por cento de esquecê-lo. Pego o celular, respiro fundo e digito o número legível do cartão amassado e por último digito o número zero.
1° Tentativa
- Alô - Uma voz muito bonita atende e meu coração congela. Meu coração parece querer sair pela garganta. Ai meu Deus. É ele. - Alô! - Ele repete.
- Ãhn ... Por acaso esse número é de Steven Foster?
- Não, ligou errado! - E desligou na minha cara.
Abro a boca em choque, com a falta de educação, de quem quer que seja esse cara.
- Mal-educado! - Falo olhando para meu celular.
Respiro fundo.
2° Tentativa
Disco o número terminando com o número dois. O celular chama cinco vezes e cai na caixa postal.
- Menos uma chance! - Desligo. Disco o número e acrescento o número quatro.
3 ° Tentativa
Duas chamadas e um homem atende:
- Alô!
- Steven?
- Não, não é Steven, gostaria de falar com quem?
- Steven, Steven Foster.
- Não, não é ele, mas gostei de sua voz... Se quiser alguma companhia legal para hoje a noite.
- Ãhn, não obrigada, eu só precisava falar com Steven mesmo e ...
- Ah, já que não quer, então não perca seu tempo aqui! - E desligou.
Respiro fundo e então tento outra vez e disco o número e acrescento o número seis no final.
4° Tentativa.

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Medo
RomanceDepois de um casamento abusivo, Clara Brayner está livre novamente. Finalmente poderia viver feliz novamente com sua pequena Lívia. No entanto, mesmo sabendo que havia conseguido a "liberdade", ela sabia que seus passos não podiam ir tão além. Seu e...