Pérola
Acordei sentindo um peso nas pernas. Ao abrir os olhos a noite passada passou na minha mente. Sorri lembrando a loucura que havia aprontado. Aliás uma loucura gostosa que dormia ao meu lado.
Com muito cuidado tirei sua perna de cima da minha e quase que como numa missão impossível saí daquela cama. O edredom foi puxando um pouco quando me arrastei de mansinho, expondo parcialmente sua nudez. Era até um pecado um só ser humano ter toda aquela gostosura. Suspirei tentando tirar da cabeça o que o corpo pedia.
Pelo chão nossas roupas eram uma só bagunça. Ouvi quando ele murmurou alguma coisa e fechei os olhos como se assim eu pudesse desaparecer daquele quarto. Alívio me percorreu quando me certifiquei que era só um murmúrio sonolento. Devia estar sonhando.
Peguei meu vestido e tentei visualizar a minha calcinha. Embora achasse que seria impossível poder usá-la novamente. O estúpido safado fez o favor de rasgar. Eu ia de carro para casa, mas não queria me arriscar dar uma Mary Moore piriquita exposta, caso um vento resolvesse fazer gracinha. Nesse momento minha mente sacana me deu uma ideia. Olhei ao redor a procura de algo que pudesse servir de mensageiro. Avistei uns livros numa mesinha perto da enorme porta de vidro e sorri. Fui de mansinho e embaixo de uma grosso livro de anatomia humana havia um pequeno borrão. Agora entendi porque o bichinho é tão bom no que faz. Anatomia é covardia! Escrevi minha pequena provocação e fui até seu closet. Na primeira gaveta encontrei o que queria.
Deixei o quarto o mais rápido que pude e quando já estava prestes a abrir a porta e sair do cativeiro do gostoso safado, ela foi aberta bem na minha cara. Uma senhora olhava para mim como se fosse a coisa mais normal do mundo se deparar com uma estranha. Por um instante eu me vi com uma dúvida na cabeça. Será que o safado não dispensa nem as vovós? A senhora simpática a minha frente pareceu perceber o que eu estava pensando e foi logo cortando minha onda dizendo que era a babá dele, Janete. Quase não contive a gargalhada. Babá? Então o filhote do capeta tinha babá?
Pérola: Eu já estou indo. - falei
Janete: Espera só um pouquinho que faço um café quentinho para você - falou solícita
Pérola: Muito obrigada, D. Janete - agradeci - Mas eu realmente preciso ir. A senhora só poderia me fazer um favor? - ela meneou a cabeça concordando - Eu deixei um bilhete ali na mesa de centro pro cacho... quer dizer, pro Marcinho. Poderia por favor entregar para ele?
Janete: Posso sim. - sorri e antes que finalmente saísse de lá a mulher soltou a bomba. - Mas acho melhor tirar esse vestido e coloca-lo do lado certo. - fiquei roxa de vergonha.
Pérola: É moda de Paris. - falei e a senhora gargalhou. Nem uma velhinha eu consigo enganar. Devo ter cara de safada mesmo.
(...)
Passei o domingo deitada com Débito. Michael e Jade ligaram avisando que iriam dar uma passada aqui a noite para colocarmos a conversa em dia. Eu sabia muito bem que tipo de conversa seria e já estava preparada para o interrogatório.
Michael: Vai logo contando se o boy tem pegada. - nem deixou que eu abrisse a porta direito e já foi nos escândalos.
Pérola: Boa noite! Como dormiram? Bem? - falei com cinismo - Eu estou ótima, obrigada por perguntar.
Michael: Deixa de ser sonsa, Pérola! - era muito descarado - Bem com certeza você está. Depois da prévia que nos deu ontem, tenho até delírios impróprios de pensar o que fizeram.
Jade: Essa criatura não dormiu a noite toda. - riu - Me azucrinou falando do que você deveria estar fazendo com o Márcio.
Pérola: Que fogo é esse? - olhei para ele que nem ligou