Capítulo 50

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Pérola


Que loucura esse homem ainda seria capaz de aprontar? Namorar Márcio é como viver todas as emoções num só momento. Revira tudo. Me mostra que nada é tão previsível que não possa ter outro enredo. Isso me deixa sentir o quão bom é se sentir viva. 

Quando ele parou a moto praticamente no meio do nada novamente eu quase surtei, mas de repente eu me deparei com um lugar lindo. Um desses que só sabemos que existe quando aparece em alguma cena de filme. 

Márcio: Não é um castelo digno de uma princesa maluca, mas... - falou me levando a um gazebo todo iluminado com algumas almofadas no chão.

Pérola: Como... Como você preparou isso?

Márcio: Digamos que a Maria Alice me devia um pedido de desculpas. 

Pérola: Acho mais fácil você está devendo pra ela.

Márcio: Fico me perguntando como você me conhece tão bem. - riu admitindo 

Pérola: Suas expressões não me enganam.

Márcio: Então quer dizer que me conhece pelas minhas expressões? - falou me abraçando. 

Pérola: Quando está mentindo como agora. - analisei mais uma vez seu rosto que agora estava curioso - Seus olhos desviam do meu e você sorri para tentar convencer.

Márcio: Agora fiquei interessado em saber o que mais sabe de mim. - falou antes de beijar levemente meus lábios.

Pérola: Quando ouve algo que não te agrada. - continuei - Mas que por algum motivo tem que continuar agindo naturalmente, você passa o polegar na sobrancelha e automaticamente olha para cima.

Márcio: Eu não faço isso. - falou me fazendo gargalhar por comprovar o que eu tinha acabado de dizer, repetindo o gesto.

Pérola: Viu?

Márcio: Eu não... Tá eu fiz! - admitiu - Eu nem sabia que era tão previsível assim.

Pérola: E não é. - fui sincera - Acontece que é difícil estar ao seu lado e não ficar te olhando. E cada pequeno gesto que constato em você, fica gravado. É como se eu pudesse te desvendar através dos indícios que você deixa sem nem mesmo perceber,

Márcio: Então temos aqui uma apreciadora de Márcio Porto?

Pérola: Não. - falei aproximando nossas bocas. - Você tem uma mulher apaixonada que não consegue ser indiferente a nada que tenha a ver com você. Agora se não for quebrar o clima da declaração... Vamos passar dois dias aqui nesse gazebo?

Márcio: Olha ali. - me virou e só então avistei uma pequena casa que ficava próxima de onde estávamos. - Agora que já viu seu castelo, vamos sentar um pouco que quero conversar com você. 

Sentamos e eu até sabia o que estava por vir. Mesmo que não quisesse falar sobre o assunto em questão, era necessário.

Pérola: Não te agradeci o suficiente.

Márcio: E nem é preciso. Eu só quero te fazer um pedido.

Pérola: Desde que não seja nada muito maluco...

Márcio: Não me esconda nada. Eu não sou um tolo em acreditar que seu pai irá deixar barato o que para ele foi uma afronta. Pode acreditar que pessoas como ele eu conheço bem. Precisamos agora mais do nunca estarmos na mesma sintonia. Ao primeiro sinal de uma ação dele eu quero que você me diga.

Pérola: Pode não parecer, mas eu aprendi a lidar com ele. - admiti até para mim mesma. - Eu só não quero que ele acabe envolvendo você nisso. Pode ter certeza que esse é o meu único receio.

Márcio: Ele não pode fazer nada contra mim, Pérola. 

Pérola: Você não conhece meu pai. - ele não tinha ideia do terreno minado em que tinha pisado.

Márcio: E sinceramente não quero conhecer, mas contra mim não há o que ele possa fazer.

Pérola: Agora eu que te peço. - me aproximei segurando em seu rosto - Toma cuidado com ele. Promete?

Márcio: Se isso te fizer ficar mais calma... prometo. Agora vem aqui,porque não viemos para esse lugar lindo com a finalidade de falar de quem não vale a pena. - me puxou para seu colo e pude sentir minha alma ser tragada pelo seu beijo urgente.


Dias depois...


Márcio


As coisas pareciam ter voltado ao normal, se é que namorar uma diaba maluca poderia ser considerado assim. Pérola mesmo estando apaixonada não deixou de ser maluca e me deixar mais maluco ainda. 

Não posso negar que era isso que me fazia ficar ainda mais apaixonado a cada dia. A mulher mudava de humor como o cão, mas eu amava cada um deles. Na verdade eu e Débito éramos refém de suas loucuras e posso afirmar com certeza que estamos os dois rodando bonitinhos no dedo dela.

Márcio: Pérola, cadê meu tênis? - havíamos dormido em seu apartamento e eu já estava atrasado para o encontro com meus pais. - Tenho certeza que deixei aqui quando chegamos ontem.

Pérola: O Débito deve ter pegue. - falou ainda sonolenta.

Márcio: Débito é um gato e não um cão, criatura sem rumo!

Pérola: Me deixa dormir, cretino. - falou cobrindo a cabeça com o travesseiro. - Você me fez ficar acordada a noite toda e quer que ainda dê conta do seu tênis?

Márcio: Paixão da minha vida. - implorei mexendo em seu braço. - Não posso mais desmarcar com meus pais. Levanta rapidinho e me ajuda a achar a porra desse tênis?

Pérola: Isso não estaria acontecendo se você tivesse trazido outro par e deixado aqui. - a maneira natural como ela falou ao finalmente se levantar para me ajudar, me deixou estático.

Márcio: Repete? - pedi somente para ter certeza do que havia ouvido.

Pérola: Repetir o que, criatura? - falou cobrindo sua nudez com o lençol. - Ficou com medo que eu esteja te pedindo em casamento? Deixar alguns pertences na casa da namorada ainda não é nenhum contrato de união que eu saiba. 

Márcio: Mas significa que a presença do outro é insubstituível. - falei me aproximando - Para mim não é um pedido de casamento, mas uma certeza que peguei a diaba de jeito.

Pérola: Não vai se achando, não cretino. - passou os braços por meus pescoço aproximando a boca da minha. - Mas eu vou gostar de ter algumas coisas suas aqui. - isso bateu o inferno fora de mim. Uma onda de excitação me consumiu e no mesmo segundo eu já estava disposto a chegar atrasado ao encontro com meus pais. E teria sido assim se o toque do meu celular não tivesse quebrado o clima. O que eu nem imaginava era que aquela ligação quebraria muito mais do que isso.

Meu Vício (PEROMAR)Onde histórias criam vida. Descubra agora