Capítulo 63

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Pérola



Graças a experiência de Paulo e por ter sido o único a pensar com clareza naquele dia, tínhamos feito cópias de todo o material encontrado no cofre. Assim pelo menos ganharíamos tempo antes que meu pai notasse algo errado.  Toda a documentação original já estava em poder dos federais, mas confesso que quando vi meu pai entrar naquele escritório meu corpo tremeu. Tinha certeza que ele estava falando com alguém que também estava metido nessa sujeira. Prova disso era os gritos abafados que ouvimos de lá. 

Quando ele retornou a sala de jantar, já mais calmo, e vi que não parecia desconfiar de nada, respirei aliviada. Um confronto agora só colocaria tudo em risco e ele já tinha provado do que era capaz.

Eduardo: Pronto! - falou puxando a cadeira para logo em seguida sentar, - Agora posso comer em paz. Às vezes ser um homem da lei me priva de momentos agradáveis com a minha família, mas é o preso que homens honrados como eu tem que pagar. - tive vontade de vomitar bem ali, na sua frente e de preferência, em cima dele.

Isadora: Nós compreendemos, querido. - minha mãe exibia um sorriso forçado e eu me perguntei como ela conseguia.

Eduardo: falou com seu noivo hoje, Pérola?

Pérola: Não. - evitei olhá-lo

Eduardo: Você poderia tornar isso tudo mais agradável, minha filha. - seu cinismo estava  passando dos limites. - Sei que toda mulher fica estressada em momentos assim, mas seu noivo está sendo paciente demais. 

Isadora: Ela não esteve bem esses dias. - tentou me ajudar - Acho que o nervosismo não a está deixando pensar direito. 

Eduardo: Está doente, Pérola? Podemos chamar o Dr. Fontes aqui. - estremeci com a ideia.

Pérola: Não! - minha voz saiu mais alta do que eu pretendia. - Não tem com que se preocupar. Já estou melhor.

Eduardo: Lembre-se que seu noivado é depois de amanhã. - me advertiu - Não quero que nada estrague esse momento.

Pérola: Não se preocupe. - falei e minha mãe tratou de mudar de assunto. Agradeci mentalmente seu apoio. Não saberia como explicar o que estava sentindo sem que ele suspeitasse de algo.


Dois dias depois...


Acordei tendo o quarto invadido por pessoas que falavam todas ao mesmo tempo. Logo atrás vi minha mãe e a mãe de Pedro tentando conter a euforia dos demais. Hoje em especial o meu estômago estava ditando as próprias regras e a mistura de tantas fragrâncias não estava ajudando.

Pérola: Eu poderia pelo menos tomar um banho antes desse carnaval? - perguntei irritante não me preocupando se estava sendo grosseira. Afinal nem licença pediram antes de entrar.

Isadora: Desculpa, meu amor. - era nítido que minha mãe não estava confortável - Vamos deixar que você tenha seu tempo. Quando achar que está pronta é só chamar. - saiu e foi seguida pelos demais.

Aproveitei esse pequeno momento de paz e liguei para Márcio. Ontem foi impossível ouvir sua voz. Pedro me alugou o dia inteiro com catálogos de viagem.  Sua ilusão garante que teremos uma lua de mel maravilhosa. Mal sabe o que o espera.

Pérola: Amor! - falei assim que ele atendeu

Márcio: Estava me segurando para não te ligar. Já estava preocupado que tivesse acontecido algo.

Meu Vício (PEROMAR)Onde histórias criam vida. Descubra agora