Capítulo 4

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Márcio

Na quinta-feira Pedro ligou me avisando que o carro da daltônica maluca tinha sido entregue. Ele encheu meu saco falando de como ela era linda e gostosa. Espero que ele tenha plano de saúde, porque aquela dali deve causar um acidente por segundo. Mulher maluca mais do que ela é impossível de existir. O que tem de linda tem de louca.

Hoje acordei sem saco de ir para a casa dos meus tios. Amo minha família, mas quando se juntam não tem tímpano que não seja atingido. Ainda tinha a questão Catarina. Com certeza ela estaria lá e pela prova que tive na outra noite, iria grudar que nem corega em dentadura. Isso é pra você aprender a pensar com a cabeça de cima, Márcio!

Quando cheguei lá acabei esquecendo os motivos que antes tinha para não ir. Eu nem percebia o quanto sentia falta de estar com todos sempre. A gente reclama, mas no fundo sente falta quando está longe.

Maria Alice: Adivinha quem está pra chegar? - falou sentando ao meu lado

Márcio: Papai Noel? - debochei - Ah não! Pela época deve ser o coelhinho da Páscoa.

Maria Alice: Quando você vai dar uma chance pra Catarina, hein primo?

Márcio: Maricota esse dia nunca vai chegar. Eu gosto dela. Acho que é uma pessoa legal, mas não passa disso. Faz sua amiguinha entender isso, por favor? - tive vontade até de me ajoelhar

Maria Alice: O pior é que acho que você tem razão. - finalmente! - Você precisa de uma mulher que te dome, sabe? Uma que seja igual ou mais que você. Não te vejo com alguém tão submissa como a Catarina. Com você só uma fera.

Márcio: Nem fala em fera que lembro de uma louca que quase me matou. - a imagem da daltônica veio em minha mente e eu sorri. - Você precisa ver o bicho horrendo que ela chama de filho. Maricota ele é mais feio do que a fome.

Maria Alice: E por que esse sorriso bobo ao falar dela? - me questionou - Acho que essa louca mexeu mais com você do que imagina. Já quero conhecer a mulher que fez meu priminho sorrir assim.

Márcio: Tá me estranhando? Não tem porra nenhuma mexida aqui. - falei e ela bateu em meu ombro saindo logo em seguida aos risos.

Eu hein! Aquela lá nunca que ia mexer comigo. Estou aliviado que nunca mais terei que vê-la e nem aquele bicho feio dela.

(...)

Estávamos na área da piscina conversando quando Alex chegou avisando que Hugo já estava entrando trazendo uns amigos. Não somos muito próximos.Ele é o sobrinho do marido da minha tia e nos vemos somente quando meus tios resolvem passar uns dias aqui. Aparentemente é um cara legal, embora minha tia sempre diga que juízo foi uma coisa que lhe faltou.

Hugo: Bom dia, pessoas! - já chegou fazendo um carnaval. -Trouxe uns amigos para alegrar esse dia em família. - conforme ele falava apareceu ao seu lado uma morena muito linda e logo atrás um homem vestido de rosa dos pés a cabeça, mas o que veio a seguir roubou minha voz. A DALTÔNICA MALUCA! Será que ela veio me matar? Sem notar fui ficando atrás de Alex que deu uma gargalhada chamando a atenção para nós.

Pérola: Não acredito! - ela praticamente gritou colocando as mãos na cintura - Você?

Alex: Escondam as facas e qualquer objeto que possa ser usado como arma! - o escroto do Alex estava se divertindo. - Salvem as crianças e os idosos!

Hugo: Gente, o que eu perdi? - ele olhava confuso procurando respostas.

Maria Alice: Márcio, o que você fez pra garota? - virou para trás me olhando - Ela tá querendo te comer vivo.

Márcio: Essa é a maluca. - minha voz quase não saiu

Maria Alice: A sua maluca? - ela ria

A maioria ficou sem entender nada. Agradeci a minha prima quando ela foi falar com a daltônica tirando o foco dela de mim. E no tempo seguinte eu ia para a direita se a maluca estive a esquerda. Cheguei até a entrar na piscina quando ela se aproximou de onde eu estava. Não ia me arriscar com aquela doida nem fodendo.

Já estava se aproximando a hora do almoço e os empregados arrumavam a área externa para servir. Logo eu estaria sentado a mesa com ela e não teria como evitar. Pensei até em inventar uma indisposição, mas achei melhor não arriscar e correr o risco da maluca achar que eu estava com diarreia.

Alex: Cara, nunca te vi com tanto medo de uma mulher. - debochou - Essa é poderosa mesmo.

Márcio: Vai pra porra, Alex! Não estou com medo coisa nenhuma. Apenas prefiro evitar.

Alex: Sei...- já ia retrucar quando o pesadelo chamado Catarina chegou parecendo um cone de trânsito. A mulher vestia um vestido laranja que até doía os olhos. Creio em Deus Pai! Agora a caça ao Márcio estava aberta.

Catarina: Que bom que você está aqui. - falou me abraçando.

Márcio: É o almoço para os meus tios, Catarina, por que não iria vir?

Catarina: Sei lá.- deu de ombros. - O que tá bebendo?

Márcio: Água - foi o que falei, mas queria mesmo era dizer veneno.

Catarina: Estou com sede. Me dá um pouco da sua? - praticamente arrancou o copo da minha mão. - Dizem que beber no mesmo copo acaba em casamento. - não deixei nem um segundo passar e tirei meu copo de sua mão.

Márcio: Então é melhor beber água da piscina. Não mata! - saí deixando ela ali parada. Com a maluca eu até conseguia estar perto, mas Catarina estava me irritando com essa insistência.

Pérola: Sua namorada não gostou muito de ter sido deixada sozinha. - falou atrás de mim me assustando.

Márcio: Ela não é minha namorada, tá maluca? É só uma pessoa que não entende um não.

Pérola : Pelo modo com está me olhando eu diria que parece até uma esposa traída. - riu - Mas para o azar dela eu não tenho medo de cara feia.

Márcio: Quem tem um bicho feio daquele não tem medo nem da morte.

Pérola: Não fala do Débito. - advertiu

Márcio: Desculpa, não está mais aqui quem falou - levantei as mãos em sinal de rendição. - Muita coincidência você não acha?

Pérola: Eu diria que está mais para piada. Quando eu ia adivinhar que você é praticamente primo do Hugo?

Márcio: Mundo pequeno. - falei e me espantei ao perceber que até agora estávamos os dois sem nenhum arranhão. - E o carro? Tudo certo?

Pérola: Tudo. Olha eu queria te agradecer. Se tivesse que ter arcado com o prejuízo nem sei o que faria. - riu e pela primeira vez eu notei o quanto ela era linda sorrindo. Estava gostando de conversar com ela. O que era até engraçado. Notei quando Catarina estava se aproximando e não me contive.

Márcio: Que saco!Ela não vai desistir. - meneei a cabeça em direção da outra.

Pérola: Eu sei que vai ser difícil fazer o que vou pedir, mas confia em mim. Vou resolver isso.

Márcio: Como?

Pérola: Fica caladinho e aprende. - a megera estava de volta e pior, me dando ordem.

Catarina: Estou atrapalhando? - encarou Pérola com um olhar mortal

Pérola: Sim. - a doida falou na maior cara de pau.

Catarina: Quem é essa daí, Márcio? - digo que é a daltônica maluca ou me calo? Fiquei na dúvida.

Pérola: Essa daqui é a namorada dele - a maluca pirou de vez! arregalei os olhos vendo Catarina ficar vermelha.

Catarina: Isso é piada, né?

Pérola: A única piada aqui é você. E dá licença que estamos num momento love. - Love? Agora fodeu tudo! Nem tive tempo de pensar no que dizer. Quando dei por mim senti sua boca colando na minha. Sua língua pedindo passagem e eu dei.



Meu Vício (PEROMAR)Onde histórias criam vida. Descubra agora