Capítulo 56

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Márcio


Passei o resto da noite pensando em tudo o que Michael havia me contado.  Senti raiva por tudo o que estava acontecendo e ao mesmo tempo me culpava por ter deixado, mesmo que um por um momento, meu egoísmo ser maior que o amor que sinto por Pérola.

Agora, depois desse tapa na cara que levei de Michael em forma de palavras, eu me sentia um bastardo  sortudo pela grandiosidade de espírito e entrega que minha mulher tem. Mesmo tendo dado cabeçadas nessa vida, ainda tinha sido presenteado por um amor verdadeiro. Um amor de entrega completa. Um amor puro. Incondicional. Apesar de não saber por onde começar, eu tinha a certeza que a traria de volta e logo Pérola estaria em meus braços, onde era o seu lugar.

Assim que os primeiros raios da manhã surgiram, liguei para Michael. Como eu, ele tinha passado a noite em claro e estava ansioso por notícias dela. 

Márcio: Preciso vê-la. - fui logo falando

Michael: É muito arriscado, Márcio. O pai dela vai desconfiar e logo Pérola terá seguranças em torno dela.

Márcio: Não tem discussão quanto a isso, Michael. - insisti seguro da minha decisão. - Nem que seja por poucos minutos eu preciso estar com ela. Preciso olhar para saber que ela vai conseguir continuar com isso. 

Michael: Eu falo com ela. - tentou me dá outra opção. - Depois falo tudo pra você.

Márcio: Não! Se não for assim eu acabo com essa palhaçada agora.

Michael: Não vai fazer besteira, pelo amor de Deus. Tem calma, porque um passo errado e tudo pode não ter mais jeito.

Márcio: Se você não quer me ajudar com isso, não tem problema. Entendo seu medo, mas dentro de no máximo uma hora eu estarei com ela. Quero ver se aquele escroto vai ser capaz de me impedir.

Michael: Tudo bem. - ele sabia que eu faria o que estava dizendo. - Deixa eu falar com ela e tentar marcar algo. Espera minha ligação. Não faz nada antes disso.

Márcio: Uma hora, Michael. - lembrei - Depois disso eu vou fazer do meu jeito.

Michael: Ela vai surtar quando te ver. - falou mais para si do que para mim. - Vocês dois ainda me matam do coração. - desligou 


(...)


Não tive que esperar muito para que Michael entrasse em contato e me informasse o local do encontro. Segundo ele, os pais de Pérola iriam sair e ela aproveitaria para encontrá-lo na pracinha que tinham se encontrado antes. Disse também que não havia dito que eu estaria lá. Segundo o que me disse tinha sido melhor assim. Com certeza Pérola não iria concordar e acima de tudo iria ficar chateada por ele ter quebrado sua palavra de me deixar de fora da verdade.

Nunca minutos se arrastaram tanto para passar. A cada minuto no relógio eu tinha a sensação de ter passado uma eternidade. Aproveitei para me informar sobre o andamento das investigações no hospital. De acordo com o advogado que tinha contratado, os indícios de uma fraude nos prontuários começavam a dar indícios de minha inocência. O que não me surpreendeu. Afinal eu era inocente e Pérola estava cumprindo o trato. Certamente o calhorda já estava mexendo seus pauzinhos para me inocentar.

Na hora marcada eu me vi atrás de uma árvore frondosa, em frente a um banco , a espera da minha maluquinha. Pensei até que era cardíaco, pelos  picos de batimentos que dava o meu coração. E quando uma brisa leve veio do nada, eu soube que  ela estava ali. Senti-me como um adolescente prestes a ter seu primeiro encontro.  Caminhei em passos contidos por medo de não conseguir conter meu desespero.

Meu Vício (PEROMAR)Onde histórias criam vida. Descubra agora