Pérola
Uma semana depois...
Hoje Márcio iria para casa. Tinha ido até o seu apartamento ajeitar as coisas para sua chegada. Minha mãe há dois dias tinha se mudado para meu antigo apartamento. Márcio a convidou para ficar com a gente, mas ela disse que não seria bom começarmos uma família tendo a sogra no mesmo espaço. Fiquei preocupada em deixá-la sozinha, mas Verena me tranquilizou quando decidiu morar com ela. Seria bom para minha mãe ter alguém com a energia de Verena por perto. Embora ela não falasse, eu sabia que estava sofrendo muito com tudo o que vínhamos enfrentando. A vida de meu pai estava sendo revirada pelo avesso. Todos seus podres estavam sendo expostos e com isso a vida da minha mãe também era alvo da curiosidade alheia. As pessoas não entendiam que ela também era uma vítima dele. O homem em quem ela confiou por anos a enganou. Com tudo isso Valéria e ela acabaram ficando bem próximas e pela primeira vez minha mãe experimentava uma amizade verdadeira.
Enquanto terminava de abrir as cortinas para que o apartamento ficasse arejado, lembrei da conversa da noite anterior que eu e Márcio tivemos e sorri sem querer. Ainda não tinha me acostumado com o Márcio em modo pai. Ver a preocupação dele até com meus bocejos era engraçado. Há meses atrás eu brigaria com qualquer um que me dissesse que aquele cretino que me enlouquecia apenas por respirar seria o homem da minha vida. O pai dos meus filhos.
Maria Alice: O tio Rafael queria providenciar uma cadeira de rodas pro Márcio. - entrou no quarto falando - Mas conhecendo aquele teimoso eu duvido que aceite.
Pérola: É capaz dele querer sair daquela clínica direto para um campo de futebol. - ri lembrando do meu cretino birrento. - Você não tem noção do terror que ele causa pras enfermeiras.
Maria Alice: Posso imaginar. Fácil ser médico. O difícil é ser paciente.
Pérola: Verdade - rimos
Maria Alice: E o casamento, Pérola? - mais uma que perguntava sobre isso.
Pérola: Conversei com o Márcio e ele não gostou muito de saber que será um assunto que deixaremos para o futuro. Tem muita coisa acontecendo ao mesmo tempo e não tenho cabeça para pensar em flores, convites, essas coisas.
Maria Alice: Você tem razão. - concordou - Tem que ser um dia especial e vocês merecem viver cada momento com intensidade, mas já imagino a briga que comprou com meu primo.
Pérola: O que mais importa é estar com ele. Papel pra mim é só um contrato. O comprometimento que desejo vai muito além disso.
Maria Alice: Eu sei. Agora acho melhor irmos. - falou olhando para o relógio em seu pulso. - Estou admirada que o Márcio ainda não tenha ligado atrás de você.
Pérola: Quem disse que ele não ligou?
Maria Alice: Márcio sendo Márcio.
(...)
Quando saímos da clínica, fomos cercados por repórteres. Por mais que Igor e Rafael tenham tentado abafar o ocorrido, tudo estava ligado a prisão de meu pai. Conseguimos passar em segurança, fiquei praticamente cega com todos os flashes das câmeras. Márcio não respondeu nenhuma das perguntas que foram feitas sobre o que houve com ele. Sua preocupação era somente em me proteger de tudo aquilo.