Capítulo 70

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Meses depois...



Pérola



É engraçado notar o quanto o mundo e as pessoas que nele habitam são diferentes. A maneira como universos paralelos parecem existir, ainda que estejamos habitando o mesmo espaço. Classes sociais, dinheiro, poder, o que nos torna inferiores ou superiores? A felicidade possui um preço? E o amor?

Quando era garotinha costumava sonhar com um mundo onde houvesse justiça e igualdade. A cada amanhecer eu receberia um abraço apertado do sol, onde todos poderiam caminhar lado a lado sentindo a brisa suave do entardecer balançando meus cabelos e ao cair da noite, a lua me presentearia com um brilho suave de esperança, recolhendo meus sonhos e o levando para aquele que poderia realizá-los.

A garotinha cresceu e com ela a certeza de que a vida real não costumava ser tão doce e simples. Não que a pequena tivesse deixado de acreditar em finais felizes, ela jamais seria capaz disto, sempre foi sonhadora e romântica demais, eu diria que ela apenas se conscientizou de que para tudo existia um preço, só que talvez ela não pudesse pagá-lo. E ciente disso a mulher que crescia viu que monstros às vezes usam máscaras. Eles se disfarçam de seus protetores. Te cegam. De repente castelos viram prisões e o que era para ser amor, não passava de mera ilusão.

Hoje meu monstro foi de encontro ao seu destino. Um destino traçado somente por ele. Suas escolhas o levaram até lá. E por mais que a garotinha que ainda morava em mim sentisse saudade do tempo passado, a mulher que agora eu era estava aliviada por ser assim.

Pérola: Ela vai ficar bem. - falava com Márcio depois de sabermos sobre a condenação do meu pai. - Ela já deu o primeiro passo em direção a isso.

Márcio: Sua mãe é uma mulher muito forte. - acariciava minha barriga que já estava no estágio final da gravidez. - Nem ela sabia que tinha essa força. Até agora não sei se reagiria da mesma maneira que ela. 

Pérola: Você se refere ao fato da ajuda da Cristina e os meninos? - há poucos dias minha mãe nos comunicou que doaria uma casa que ela tinha herdado dos meus avós para a amante do meu pai e seus filhos.

Márcio: Aos meninos eu até consigo entender, mas... 

Pérola: Acho que no fundo ela não ver a Cristina como alguém que lhe tirou nada, porque realmente ela não tirou. No final de tudo só foi mais uma que ele usou.

Márcio: Chega de falar disso! -  falou levantando de repente e se sentando de frente pra mim na cama. - Quero saber quando entraremos em um acordo sobre os nomes das nossas filhas. - há pouco mais de três meses estávamos numa eterna briga. Quando soubemos que seriam meninas, Márcio passou mal. Foi preciso chamar o Rafael para ajudar a trazê-lo pra casa. O homem tremia feito vara verde e até teve vertigem. Segundo ele já é um paciente cardíaco. 

Pérola: Entraremos em um acordo quando você  parar de querer colocar os nomes das moças descentes com quem você saiu ,nelas.

Márcio: Você que implica a toa. - era um cretino debochado e prova disso é que estava segurando o riso. - Esmeralda. Eu nunca saí com uma Esmeralda.

Pérola: Já disse que Esmeralda não! - bradei já perdendo a paciência.

Márcio: Esquece Esmeralda. - se ajeitou na cama e eu me sentei já pronta para o embate. - Que nomes você quer então?

Meu Vício (PEROMAR)Onde histórias criam vida. Descubra agora