Escolhida pelo destino. - Livro 2.

Capítulo 41.

— Por que isso te importa tanto? Estou aqui não? - Reviro os olhos.

— Porque preciso saber quem são os traidores e pelo jeito que está mudando de assunto, não preciso nem a chamar aqui para saber a verdade. - Sorri.

—Traidores? A maioria só faz o que você quer porque está sob ameaça, fora isso, só os idiotas são leais a você.

Seu olhar é devastar e me dá calafrios, parece que não gostou nada do que eu disse, como sempre, peguei na ferida mais uma vez, dou um sorriso sutil e o fito.

— Acho que você está querendo ver a morte de sua amiga hoje. - Sorri. - Acho que antes do ritual, vou cortar essa sua língua atrevida.

— Se incomoda quando alguém não faz o que quer? - Sorri. - Acho que o problema não é meu atrevimento.

Ele sorri com malícia e me fita profundamente, em passos cautelosos, vai se aproximando cada vez mais de mim, chega a ser intimidante.

— Gosto da sua coragem, enquanto eles estão com medo de mim e fazem o que quero, você já não mostra medo algum... Gosto de pessoas que não se intimidam fácil.

Suas mãos tocam meu rosto e me afasto no mesmo segundo, seu sorriso se estica e irritantemente o deboche, a audácia e seu mau humor, tudo que Ryan herdou desse ser.
Às vezes me pergunto como a mãe de Ryan conseguiu conviver com ele, talvez achou que ele fosse diferente e com o tempo foi vendo as verdades, acreditava em suas palavras de amor, até o dia em que ele a matou sem amor algum, sem culpa, sem piedade, como pode ser tão frio? Sem dizer nada ele se deita em sua cama e fica fitando o teto, outra mania que Ryan tem, como sei que vou ficar trancada aqui, vou até sua janela para ver onde estou, como é o lado de fora desse lugar. Já é noite e parece que estamos no meio de uma floresta escura e sem vida, mais em baixo tem alguns lobos e bruxas de vigia, ou seja, é quase impossível fugir daqui e olha que isso até passou pela minha cabeça, mas mesmo sendo poderosa, não sei se conseguiria fugir de tantas bruxas e lobos sozinha.
Olho novamente em sua direção e ele continua a olhar para o teto, seus olhos se viram para mim e logo desvio o olhar, vou em direção a um sofá e me deito nele, fico mergulhada em pensamentos e acabo caindo no sono.

(...)

Acordo um pouco perdida, olho ao redor e não estou mais no quarto e sim em uma espécie de sala branca, não tem nada no local, é igual aquelas salas que loucos ficam. Em minha frente tem uma porta toda branca também e ao lado um alarme com números de 0 a 9.
Sinto que não estou mais com a coleira, meus pulsos e pescoço já estão cicatrizados, tento usar meus poderes, mas eles não fazem diferença alguma, estou fraca e não tem nada que possa puxar energia, não tem água, plantas, terra. Me sento em meio a sala na posição de buda e começo a meditar, talvez eu consiga poder para, pelo menos, abrir essa porta.
Fico horas e horas e o máximo que consegui fazer foi rasgar o foro branco do local, me sento em um canto e espero para ver o que vai acontecer agora, estou morrendo de fome, então a concentração fica difícil. Minutos depois, ouço a porta se abrir e antes que eu faça algo, sou presa a um feitiço, a bruxa em minha frente sorri e logo atrás dela, aparecem dois lobos, eles me prendem com algemas de carvalho branco e a bruxa me libera.

— Hum... Parece que a bruxa tentou usar magia para sair. - Diz a bruxa.

— Verdade? Eu nem tinha reparado, achei que essa era a decoração do local.

— Aproveita suas últimas palavras mesmo bruxinha, logo mais você estará sem vida e com essa boca fechada. - Me fita. – Vamos, leve-a para o pátio. - Diz aos lobos.

Eles me puxam através de uma corrente, um está atrás de mim e o outro me puxando a minha frente. Começamos a andar por um corredor pouco iluminado, parece até abandonado, típico de um castelo de vampiro, minha fome é tanta que consigo sentir o sangue dos lobos circularem em suas veias. O lobo da frente dá algumas puxadas na corrente para que eu ande mais rápido, sinto minha pele rasgando com os espinhos das algemas. Em alguns minutos entramos nesse tal de pátio, ele está bem iluminado com tochas enormes, paramos no centro dele e tem um altar com velas ao seu redor, olho para os lados e está repleto de bruxos e lobos no local, ou seja, estão de plateia para o ritual.