Capítulo 48.

494 62 10
                                    

Seus olhos entram nos meus, algo neles me fascina e ao mesmo tempo que me dá medo. Me afundo no azul intenso de seus olhos e me perco brevemente, não sei porque, mas é como se eles me chamassem para algo, algo ruim e bom ao mesmo tempo.

— Por que você tem tanto medo de mim? - Diz quase em um sussurro.

Minha respiração já está falhando e meu coração batendo a mil, engulo seco e desvio meu olhar por um momento.

— Como você mesmo disse, é mais forte do que eu... É normal termos medo daquilo que nos ameaça. – O fito.

Ele se afasta me liberando, o mesmo dá um sorriso de canto, ainda com seus olhos em mim, me pergunto quando vou parar de me meter em confusão.

— Não devia, não vou lhe fazer mal. – Olha brevemente para a cachoeira. - Até porque nós já percebemos que algo sempre nos coloca e colocará na frente um do outro.

— Algo não... Você se coloca em minha frente, simplesmente porque precisa de mim.

Ele olha para baixo e sorri para o nada, logo seus olhos sobem lentamente ao meu rumo e para por alguns segundos.

— Quem estava a minha procura hoje foi você. - Ergue a sobrancelha.

— Foi somente para deixar minha família em segurança. - Cruzo os braços.

Declan se aproxima novamente com lentidão, permaneço no mesmo lugar e dessa vez, não demonstrarei medo algum.

— Já percebeu que nos damos bem? - Sussurra. - Que pensamos iguais?

— Não pensamos não. - Me afasto. - Você é maldoso e eu não sou.

— Engano seu. - Nega com a cabeça. - Você também tem maldade... E deve ser por isso que nos damos bem.

— Você só pode estar de brincadeira. - Sorri incrédula.

— Verdade? Vamos ver... Vai me dizer que quando matou aqueles três homens você não se sentiu... - Fica em silêncio. - Forte. - Me viro de costas para ele. - Ou quando bebi sangue, só pensa em matar tudo que vê. - Sussurra em meu ouvido. - E melhor, quando está sedenta e experimenta o sangue em sua boca, sente o sabor maravilhoso que ele tem sem se preocupar com sua presa, somente se sente satisfeita. - Pega em meus ombros e os aperta levemente.

— Isso não é verdade. - Me viro para ele. - Você está tentando mexer com minha mente.

— Se é isso que prefere acreditar. - Sorri e dá de ombros. - Não podemos fugir do que somos.

Fico brava com suas palavras, eu só quero sair daqui agora, nunca quis tanto ficar longe dele, fecho meus olhos e os aperto com força. Sinto um vento em meus cabelos e ao abri-los, estou em meu quarto, tiro rapidamente o colar e o jogo no chão com toda minha força. Me sento no banquinho da penteadeira e respiro fundo sabendo que ele não mente, tudo que descreveu, de fato é verdade. Me levanto e vou até minha janela para tomar um ar, parece que o dia continua de onde parei, fito o relógio e ele está no horário em que fui para outra dimensão. Me escorro na janela e respiro fundo, não pode ser verdade o que disse, será que tenho algo de ruim em mim ou é somente extinto? Saio de meus devaneios ao ouvir um bater em minha porta e logo digo para entrar, ainda escorada na janela.

Podemos conversar? - Diz uma voz conhecida.

Me viro para ele ainda furiosa, mas que diabos que não me deixa em paz.

— Agora não, Ryan, tenho um assunto para resolver. - Ando até minha penteadeira.

— O que esse colar faz aqui? Eu o joguei no lago. - Diz com o colar em mãos.

Escolhida pelo destino. - Livro 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora