Acordei antes que o despertador tocasse. Embora estivesse muito cansada sabia que a minha ansiedade não me deixaria dormir por muito tempo. Vinha lidando com isso há 18 anos e seria muita inocência de minha parte achar que as coisas seriam diferentes agora, justamente quando estou prestes a dar início a etapa mais desafiadora da minha vida e dando o primeiro passo em direção à realização de um grande sonho.Fiquei deitada em minha cama, olhando para o teto do meu quarto e deixando que todos aqueles pensamentos ansiosos e carregados de questionamentos me dominassem. Passei o último ano sonhando com esse momento, em estar andando dentro do campus da Universidade de Riviera e ter a minha tão desejada independência. Mas agora, com tudo prestes a acontecer, uma parte de mim está igual ao Michel Bublé naquela canção, desejando que alguém me leve para casa.
Antes que me desesperasse com os pensamentos que vinham me dominando, o despertador do meu celular tocou, me obrigando a sair daquele transe e começar a agir. Segui para o banheiro e joguei uma água no rosto antes de ir para a cozinha a fim de preparar meu café da manhã. Olívia sempre me dizia que morar sozinha nos ajuda a aprimorar os nossos dotes culinários e a partir de hoje começarei a verificar se a minha amiga, que nunca morou sozinha, tem razão no que dizia. Mas é claro que não quis começar me arriscando tanto. Acabei escolhendo fazer algo que não tem como errar: panquecas. Mas me arrisquei em uma vitamina que tentava se aproximar daquela muito saborosa que só a minha mãe consegue fazer. Não consegui nem chegar perto.
Enquanto me arrumo, percebo que o tempo lá fora está agradável, contrastando com a baixa temperatura que encontrei quando vim conhecer o campus no meio do ano passado. Estamos no final de janeiro, com o sol quente do verão mostrando que está disposto a iluminar o meu primeiro dia como universitária. Resolvi encarar isso como um sinal de boa sorte, um indicativo de que as coisas darão certo, mesmo que esteja morrendo de medo de que aconteça o contrário.
A universidade não é muito distante do meu condomínio. E essa não foi uma coincidência e sim uma preocupação dos meus pais. Quando começamos a buscar um lugar para morar aqui, o objetivo deles era me deixar em um lugar seguro e que não precisasse acordar ainda mais cedo para pegar um transporte.
Objetivo alcançado. Conseguimos um apartamento que a distância é tão pequena que, exceto nos horários em que o sol estiver mais forte e nos dias de chuva, dá para ir caminhando. E foi realmente isso que fiz no meu primeiro dia de aula. Com os meus fones no ouvido e tentando controlar a minha ansiedade, fiz o meu trajeto, que como era de se esperar estava movimentado. Acabei sendo acompanhada por vários outros universitários que faziam o mesmo percurso.
Em junho do ano passado, quando vim conhecer a universidade para a qual prestaria vestibular, o meu encantamento por aquele campus só cresceu. Se a sua fachada já fazia os meus olhos brilharem, imagina como me senti quando cruzei seus portões. Fiquei surpresa não só com o quanto ele é grande (devia caber umas 10 universidades da minha cidade ali dentro), mas com o quanto de verde existe ali. Além das árvores bastante floridas, as paredes dos prédios respiram arte e cores. E agora, sendo parte daquela universidade, sinto que aquele local colorido e florido será palco para muitas emoções e experiências.
Estava admirando o pátio da universidade, pensando que meus olhos provavelmente estão brilhando demais, quando senti o celular vibrar no bolso da minha calça. Olhei para a tela e vi uma notificação de mensagem de Olívia, minha amiga de infância.
E aí, caloura? Como está sendo o seu primeiro dia? Acabei de pisar na minha universidade e já estou super empolgada, querendo saber quais são as coisas mais legais que tem pra fazer aqui!! (quero conhecer uns veteranos também kkk)
Foi inevitável sorrir após ler aquela mensagem, pois percebi que Olívia não mudou com a chegada dessa "nova fase da nossa vida" e algo como o conteúdo daquela mensagem era exatamente o que esperava sair de sua boca.
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Leitor Anônimo
أدب المراهقينCamila Borges está prestes a ver a sua vida mudar. E não é só porque ela está se mudando para Riviera para começar a universidade. A maior fã de The Debate Club e escritora de uma fanfic bastante conhecida entre os amantes da série americana, precis...