Capítulo 3: Boas vindas

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No meu segundo dia de aula, acordei atrasada. O despertador tocou no horário de sempre, mas acabei escutando apenas quando soou pela segunda vez, uns dez minutos depois. Fiz tudo o mais rápido que pude e saí de casa terminando de comer as torradas que achei na dispensa, mas mesmo assim estava quase certa de que perderia o começo da primeira aula.

Quando pisei na entrada do campus, olhei para o relógio em meu pulso. Consegui. Não eram muitos, mas ainda tinha alguns minutos antes das aulas começarem. Estava ofegante e as minhas pernas doíam devido ao quanto acelerei meus passos e corri em algumas partes do caminho – e teria que aguentar mais um pouco, porque ainda precisava chegar ao meu bloco.

— Cami! — escuto alguém gritar o meu nome assim que passo pela lanchonete em frente ao prédio. Desacelero os meus passos e busco o dono daquela voz. Leonardo acena para mim do caixa e pede para que me junte a ele.

— Ah... oi! — digo, um tanto ofegante, assim que me aproximo dele.

— Café? — ele pergunta antes de me dizer qualquer coisa, apenas concordo com a cabeça e começo a me mexer para buscar a carteira dentro da bolsa — É por minha conta. Dois cafés grandes, por favor!

— Obrigada! — digo, já com a respiração mais normalizada, assim que Leo me passa o meu copo.

— E então, dormiu demais hoje?

— Sim! Não sei o que houve. Ouvi o despertador apenas no segundo toque. Saí de casa correndo, nem deu tempo de tomar um café da manhã de verdade. — dou um gole na bebida e percebo o quanto estava precisando de uma dose de cafeína naquela manhã — Você não sabe como estou grata pela sua ideia de comprar esse delicioso café!

— Sempre as ordens! — ele diz, com o sorriso de sempre no rosto.

Seguimos juntos para a sala e ao entrar nela nos deparamos com tanta gente, que chegamos a pensar que não teria um lugar para nós dois. Mas encontramos. Não era um bom lugar, estávamos quase no final da sala, mas pelo menos conseguia enxergar o quadro completamente. Leo se sentou atrás de mim.

Não demorou muito para que o professor entrasse. Troquei um olhar cúmplice com o garoto atrás de mim ao perceber que aquele homem entraria para a lista dos mestres metódicos. O professor Sérgio, uma figura um tanto engraçada pelas roupas esportivas que usava, parecia ter vindo direto da sua corrida ou do bloco de educação física, e demorou cerca de uns 15 minutos para organizar todos os seus materiais e ajustar a projeção dos seus slides.

Quando ele, finalmente, terminou de falar sobre a sua disciplina e começou a dar início ao primeiro assunto, foi interrompido pelos nossos veteranos. Com perucas coloridas, os rostos pintados da mesma forma que os palhaços e apitos, entraram na sala e não sei se notaram quando o professor revirou os olhos, repudiando a atitude deles.

— Com licença, professor Sérgio! — diz uma das veteranas, acho que a palhaça mais feliz da trupe. O professor, sentado em sua mesa, dá um sorriso falso e revira os olhos mais uma vez.

— Será que o trote vai ser agora? — Leo cochicha em meu ouvido e, do meu lugar, eu congelo, temendo o famigerado trote.

— Podem se acalmar que nós não viemos fazer o trote com vocês! — outro aluno diz e só depois me dou conta do suspiro aliviado que soltei — Optamos por fazer uma recepção mais interessante para vocês... E seria o que? O que? Isso mesmo, uma festa!

— Hoje, às 20 horas, aqui na área externa da universidade. Vai ter música, bebida e veteranos de braços abertos para receber vocês e dar uns toques sobre o que vocês vão encontrar aqui nesse primeiro ano! — diz a outra garota, eufórica.

Leitor AnônimoOnde histórias criam vida. Descubra agora