Não muito orgulhosa em assumir isso, mas agora entendo o que dizem sobre ressaca. Quando fui acordada pelos raios de sol que entravam pelas frestas da cortina da sala, senti a minha cabeça doer. E, em todas as vezes que o despertador tocou naquela manhã parecia que havia um trio elétrico dentro do meu apartamento. Foi, inclusive, para me livrar desse incômodo que desliguei o despertador como se não tivesse compromissos naquela manhã.Levantei do sofá somente quando o meu estômago embrulhou e tive que sair correndo para o banheiro. A sensação do pós-vômito agora competia com a dor de cabeça pra saber qual era mais incômoda. Olhei para o meu celular e o que me chamou a atenção foi o horário na tela.
Droga! Perdi a primeira aula.
Leo me mandou uma mensagem, perguntando como estava e se não ia para a universidade hoje. Respondi dizendo que dormi demais, mas que estava tentando reunir forças para chegar a tempo de ver a aula após o intervalo – que, adivinha, era de uma disciplina que estava louca para conhecer (antes de acordar com ressaca, é claro).
Ignorei os sapatos e a bolsa que estavam jogados no chão da sala e segui para o meu quarto. A minha decepção foi enorme quando não encontrei um remédio de dor de cabeça, mesmo depois de ter revirado quase todo o cômodo. Então, sem muita opção e com a cabeça prestes a explodir, resolvi tomar um banho. Quanto à dor de cabeça, bem, compro algo na farmácia que tem no caminho.
Já estava prestes a sair de casa, quando peguei o meu celular e vi que tinha mensagens novas. A primeira era de Leonardo, perguntando se ia mesmo para a aula ou já tinha desistido do dia de hoje. Respondi dizendo que já estava saindo de casa. Mas a outra... Essa sim me deixou surpresa.
Oi Camila de letras! Quando te vejo novamente? Hoje no campus? kkk
Sorri ao ler a mensagem enviada por um contato salvo como "Jão da Publicidade". Ontem, quando trocamos nossos números, acabei nem prestando atenção em como ele tinha salvado seu número, mas jamais imaginei que seria assim, o que me proporcionou uma boa risada.
Depois de me divertir com o nome do seu contato, reli a mensagem. Quando nos veremos novamente? É isso que ele quer saber? Bom, se depender de mim, muito em breve. Mas o que me surpreendeu foi a sua ânsia em me encontrar novamente. Apesar de toda a coisa dos telefones, não imaginei que o cara descolado da publicidade fosse querer me ver tão cedo. Já estava até me conformando que o nosso lance, se é que posso chamar assim, seria algo de uma noite só, coisa de festa.
Leio a mensagem mais uma vez. Preciso dar uma resposta para ele, mesmo sem saber qual é a mais adequada, nem se realmente nos veremos outra vez.
Não sei... Será? Foi o que acabei enviando para ele. Logo depois, coloquei meu celular dentro da bolsa e segui para a universidade. Já perdi todas as aulas da primeira parte da manhã, não quero perder o restante também.
***
A primeira coisa que vejo quando me aproximo da sala é Leonardo com um sorriso no rosto, um copo grande de café em uma mão e algo que torço para ser uma cartela de comprimidos para dor de cabeça na outra.
— Achei que você fosse precisar... — diz, estendendo o copo e os comprimidos para mim, assim que me aproximei.
— Como é que você adivinhou? — tentei atuar, fingindo estar surpresa, mas a dor de cabeça estava forte demais para isso — Obrigada!
— Sempre que precisar, querida Camila.
— E então, o que foi que perdi?
— Ah, você faltou a primeira aula de hoje né? — fuzilo o garoto que entra na sala ao meu lado assim que escuto sua piadinha, enquanto ele segue se divertindo as minhas custas — Bem, você perdeu um professor chato e alguns fonemas sendo pronunciados por uma turma de calouros empolgados. Nada que seria interessante com a dor de cabeça que você tá sentindo.
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Leitor Anônimo
Teen FictionCamila Borges está prestes a ver a sua vida mudar. E não é só porque ela está se mudando para Riviera para começar a universidade. A maior fã de The Debate Club e escritora de uma fanfic bastante conhecida entre os amantes da série americana, precis...