Capítulo 14: Intimidade

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Se me pedissem para dizer o que gostaria de mudar em mim, com certeza teria uma lista de coisas tanto na minha aparência, quanto em minha personalidade. Mas, nesse momento, se tem algo que preciso abrir mão é dessa minha falta de habilidade para lidar com certas situações. Já é domingo, mas ainda estou revivendo tudo da sexta feira como se tivesse acabado de acontecer, me julgando e questionando o que poderia ter feito de diferente. Só que não adianta, só consigo sentir vergonha.

Ainda consegui me distrair em alguns momentos durante o final de semana, mas os flashes começavam a invadir a minha mente sem muito esforço. Neles as mãos de João deslizavam pelo meu corpo e as minhas empurravam o seu antes de sair correndo em direção ao salão de festas do meu prédio. Comecei a me punir por ter feito aquilo, mas ao mesmo tempo não consigo pensar em outra opção, uma maneira diferente de encarar aquela situação ou as coisas que precisava dizer a ele sem ficar nervosa com o terrível cenário que sempre crio em minha mente.

Como era de se esperar, o momento chegou. Aquele que é comum em todos os relacionamentos, mas que para mim ainda parece um bicho de sete cabeças. O momento em que nós nos tornamos ainda mais íntimos. Sim, estou falando de sexo. Porque é isso que teríamos feito se continuasse me entregando as carícias de João e se não tivesse saído correndo para evitar falar para ele como (ainda) me sinto extremamente insegura sobre esse assunto.

Parece que as vozes que fazem com que me sinta insegura dentro do meu corpo e todas aquelas lembranças de caras babacas gritam mais alto do que a voz que me mostra como posso confiar no cara que escolhi para chamar de namorado. Por mais doloroso que seja, me parece mais fácil dar ouvidos a minhas inseguranças quanto ao meu corpo e a minha ausência de experiência do que confessar para o cara que está ao meu lado que é a minha virgindade que me trava sempre que as coisas parecem esquentar.

Olho para a tela do meu celular e a minha foto com João brilha junto com o seu nome de contato. Já perdi a conta de quantas vezes ele me ligou durante o final de semana e a quantidade de chamadas que recusei. Até mesmo quando ele ligou para o celular da minha melhor amiga, o tomei de suas mãos e apertei o botão vermelho antes que ela pudesse atender.

Meus pais acabaram de ir embora e é justamente no momento em que o carro deles vira a esquina que sinto o celular vibrar em minha mão novamente e, mais uma vez, recuso a chamada.

— Até quando você vai ignorar as ligações dele? — Olívia pergunta ao me ver evitar o meu namorado mais uma vez naquele final de semana. Olho para ela e não digo nada, torcendo para que entenda que não consigo responder essa pergunta no momento — Ou melhor, você quer me contar o que tá acontecendo?

Voltamos para o meu apartamento e a minha melhor amiga faz exatamente o que eu esperava: só me dispensa de lhe contar o que está acontecendo se atender a chamada do meu namorado. Como não estou disposta a fazer isso, ou melhor, como não me sinto preparada para isso, respiro fundo, na esperança de que isso faça toda a minha vergonha ir embora, e começo a desabafar com ela.

— Na sexta, quando ele me pediu para termos um tempo a sós, nós fomos para a área da piscina e realmente curtimos um momento a sós... Estava tudo maravilhoso, ainda mais porque nos últimos dias, com meus pais aqui, não tínhamos tido muito tempo a sós mesmo, só quando nos encontrávamos na faculdade ou almoçávamos juntos e olhe lá! E, mais uma vez, acabei me deixando levar pelo momento, até que...

— Até que...? O que houve? Ele fez algo com você... Quero dizer, fez algo desrespeitoso com você?

— Não, não! — me apresso em dizer — Ele não fez nada de mais. Quer dizer, eu acho que não...

— Eu não tô entendendo, Cami. O que foi que aconteceu?

— Nós estávamos lá nos beijando e Liv, tava sendo algo totalmente diferente do que já fizemos antes. Tinha desejo ou sei lá qual é o termo apropriado para isso... E eu não vou negar que estava gostando daquilo, tanto que me deixei levar. Mas então, quando ele começou a mexer na minha roupa, a me tocar de outra forma...

Leitor AnônimoOnde histórias criam vida. Descubra agora