Capítulo 5: Encontro

64 12 12
                                    


Se fosse escrever um manual sobre como lidar com Olívia, uma das lições seria para não deixar aquela baixinha desatualizada das tão conhecidas fofocas - embora não concorde com a utilização desse termo para se referir aos últimos acontecimentos da minha vida, mas tudo bem.

Olívia me acordou no final da tarde com ligações um tanto insistentes e acabei passando mais de uma hora com ela no telefone. Nos cinco primeiros minutos da ligação, ela estava revoltada por eu não ter compartilhado todos os detalhes da minha vida universitária com ela. Além de, é claro, não se conformar que a primeira vez que fiquei bêbada não foi em sua companhia. E então, após querer me matar por via telefônica, exigiu que contasse tudo o que tinha acontecido desde que cheguei em Riviera, dando uma ênfase nos acontecimentos da última noite.

Quando encerrei a ligação, o meu ouvido estava quente e o meu estômago, roncando. Pensei em preparar algo bem gostoso para jantar, talvez algo que valesse por todas refeições do dia que pulei, mas tive que refazer os meus passos de volta para o quarto quando ouvi meu celular tocar novamente.

Esperando que fosse mais uma ligação de Olívia ou até mesmo de meus pais, fiquei um pouco sem reação quando peguei o aparelho em minhas mãos e vi "Jão da Publicidade" brilhar na tela. Fiquei por um tempo encarando aquele nome ali, sem acreditar que estava recebendo uma ligação sua. Mas então, me dei conta de que se não atendesse logo, ele desistiria.

- Camila? - escuto a voz masculina do outro lado da linha assim que atendo.

- Oi!

- É o João. - como se eu já não soubesse e estivesse surtando por causa disso, penso.

- Ah, oi. Tudo certinho?

- Tudo sim. - escuto um sorriso - Mas então, queria te perguntar uma coisa... Você vai fazer alguma coisa hoje à noite?

- Só ia fazer algo para comer e ler uns textos. Por quê?

- Porque tava pensando em ir no Johnny's comer um bom hambúrguer e queria saber se você não quer ir comigo... - ele solta o convite de forma despretensiosa e fico por um tempo sem acreditar que aquilo está mesmo acontecendo.

- Que convite tentador hein?! Não se nega um hambúrguer! Vou querer ir sim. Mas como fazemos? Encontro você lá? Onde é? Porque não sei onde fica.

- Eu te busco daqui a uns 30 minutos. Pode ser? - será que consigo me arrumar nesse tempo, penso.

- Por mim tá ótimo! - digo, tentando soar convincente.

- Então até daqui a pouco!

Jogo o celular na minha cama e corro para me arrumar. 30 minutos é muito pouco para me arrumar pra qualquer coisa, imagina para a primeira vez que sairei com João. Mas tenho que dar um jeito e não me preocupar demais, afinal aquilo não era um encontro para precisar de uma superprodução, não é?! Ou será que é?

Balanço minha cabeça, tentando espantar esses pensamentos e começo a me mover. Tento não demorar no banho e ao escolher a roupa, acabo optando por algo mais casual, afinal ele me convidou para uma hamburgueria e não para um restaurante chique. Então dá para me vestir como uma universitária, mas, claro, com um pouco mais de capricho e menos "peguei a primeira roupa arrumada que encontrei".

Estava terminando de me maquiar quando ouvi o barulho de uma nova mensagem. Era João avisando que me esperava na portaria. Apressei-me para terminar de me arrumar e dar uma última conferida no visual. Ao chegar à entrada do condomínio não avisto o garoto da noite passada, apenas um carro escuro e de vidro fechados, que julguei ser o dele. Mesmo temendo passar vergonha, caso o motorista não seja ele, me aproximo. O vidro baixa, revelando o seu motorista sorridente. E não, não foi dessa vez que procurei a minha carona no carro errado.

Leitor AnônimoOnde histórias criam vida. Descubra agora