Capítulo 23: É tudo culpa do álcool

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LEONARDO



Na nossa última quinta feira útil, como alguns amigos preferem chamar o nosso último dia de aula do semestre, os nossos veteranos decidem fazer uma festa para boa parte dos estudantes de Letras, principalmente para nós que sobrevivemos ao primeiro período do curso. Camila não estava disposta a ir, mas consegui convencê-la dizendo que seria uma ótima oportunidade para comemorarmos o fim do semestre e a minha aprovação naquela disciplina que estava pendurado e ela foi a minha tutora particular.

Quando estaciono o carro na frente do seu prédio, não demoro muito para vê-la atravessando o portão e vindo em minha direção. Ela está mais bonita do que nunca, o que me parece um pecado, porque, cara, é muito difícil lidar com tudo isso que ela desperta em mim com esse sorriso, seus toques carinhosos e... com esse top que valoriza tanto o seu busto e esse shortinho jeans. Mas sigo agindo como se não estivesse surtando e fervendo por dentro quando ela abre a porta do carro, se senta no banco do carona e deposita um beijo estalado em minha bochecha.

Estar perto dela é sempre uma alegria, mas também um desafio. Camila desperta o que há de melhor em mim e faz com que me sinta como aqueles autores ultrarromânticos que ela tanto gosta de ler no seu tempo livro. Acho que aquele sentimento, que durante muito tempo lutei para abafar, agora que sente o gostinho da liberdade de poder ser sentido e expressado, se tornou mais intenso. Na verdade, estou 90% certo de que estou mesmo apaixonado por ela.

Mas não quero bagunçar os seus sentimentos lhe confessando sobre os meus, além de que sou esperto o suficiente para notar que ela não está pronta para embarcar em um novo relacionamento. Um dia, quem sabe, me abro sobre essa confusão que está aqui dentro... Só que hoje nós só vamos curtir a festa como bons amigos.

Chegamos na casa de um dos nossos veteranos e notamos que ela está mais cheia do que imaginávamos. Com certeza aqui não está só o pessoal do nosso curso, temos veteranos de outros cursos infiltrados. E pelo visto não fui o único a notar isso, pois Camila também olha para as pessoas ao nosso redor se perguntando de onde elas saíram.

Vamos parar numa área onde está uma piscina de bolinha (sim, uma piscina de bolinhas em uma festa universitária!) por ser o lugar um pouco mais tranquilo. Com nossos copos de refrigerante, contrariando todos os demais convidados, nós apenas observamos as pessoas se divertirem das mais variadas formas: na piscina de bolinhas, no vôlei improvisado na piscina, numa guerra com pistolas de água ou dançando funk com os copos de cerveja em suas mãos.

- Aposto que as festas de Magnólia não são assim... - arrisco provocar Camila com um comentário brincalhão. Ela está decidida a passar todos os dias das nossas férias em sua cidade, mas tenho tentado convencê-la a ficar aqui por pelo menos mais uma semana.

- Ah, com certeza não são! Quer dizer... A piscina de bolinha talvez tenha na festa de alguns dos meus primos. - ela devolve o meu comentário no mesmo tom.

- E eu tenho certeza que você fica louca para entrar nela, mas não pode porque já passou da idade...

- Como é que você sabe disso? - ela pergunta, olhando para mim enquanto abaixa os seus óculos de sol - É porque também passa por isso nas festas que leva a Lulu, não é?! - supõe e nós dois começamos a rir, porque, ah, até que faz sentido o que ela acabou de dizer.

- Mais ou menos... Mas acho que nós dois podemos matar a vontade. - digo, levantando a minha sobrancelha de forma sugestiva.

- Não, eu não quero acreditar que você tá me propondo isso... - ela comenta sorrindo.

Leitor AnônimoOnde histórias criam vida. Descubra agora