JULIANA
Um sorriso. É um sorriso que chama a minha atenção nessa manhã, mas não qualquer sorriso. É o sorriso dela, da minha mãe. O vejo quando uma foto nossa cai de um dos livros que trouxe na mudança. Eu nem me lembrava de que aquela foto estava ali, mas me lembro muito bem do momento em que posamos para ela. Foi um momento feliz e esses nós não esquecemos, por mais dolorosa que essa lembrança venha a se tornar com o passar dos anos e com alguns acontecimentos.
Não me recrimino por passar muito tempo olhando a foto, admirando os nossos sorrisos e me permitindo ser invadida por todas as lembranças daquela semana especial, em que viajamos juntas e apenas por diversão pela primeira vez. Também não controlo a minha emoção, deixando que as lágrimas rolem, porque ela me ensinou que não devemos esconder os nossos sentimentos e sim senti-los da forma que eles pedem.
O luto é uma coisa complicada de se lidar, não é mesmo?! Mesmo tendo me despedido da minha mãe há algum tempo, a dor que sinto me faz pensar que foi ontem que senti seu toque pela última vez, ouvi o seu último eu te amo e recebi aquela notícia tão dolorosa. Às vezes me pergunto se, em algum momento, isso vai parar de doer tanto. As pessoas me dizem que sim, mas no momento não consigo acreditar muito nelas.
Talvez seja porque ainda estou no olho do furacão.
Estou em Magnólia há quase duas semanas e embora todos estejam se esforçando para fazer com que me sinta bem nesse lugar completamente estranho para mim, ainda me flagro deixando algumas lágrimas molharem o meu travesseiro antes de dormir. Penso em minha mãe, desejo estar com Guilherme, recordo da vida que tinha e sinto o meu peito se apertar num misto de saudade e desespero com o futuro. O sentimento não é novo, já lidei com ele algumas vezes, mas dessa vez me sinto mais vulnerável. E o pior: sem o meu ponto de apoio, o meu porto seguro; o que só torna as coisas ainda mais delicadas e complicadas.
O toque do meu celular parece me chamar de volta para a realidade e consigo sorrir assim que vejo o nome do meu namorado aparecer na tela. A última vez que nos vimos foi quando nos despedimos, um final de semana antes da minha partida de Verdes Montes. Mas os nossos dias de saudade estão contados. Depois desse tempo em que estivemos separados - que, a propósito, me parece ser muito mais longo do que realmente é - a essa hora ele deve estar prestes a sair do seu trabalho para vir passar o final de semana comigo. Sei que ele está um pouco nervoso com a ideia de conhecer o meu pai (eu também estou), mas mal posso esperar para estar junto dele novamente.
- Oi, meu amor! - digo um pouco mais animada quando atendo a ligação, torcendo para que ele não note que estava chorando alguns segundos atrás.
- Oi, minha linda! - sua voz parece um pouco distante, arrisco até a dizer que ele colocou a ligação no viva voz e não naquele conectado no som do seu carro, mas com o celular apoiado em algum canto do painel do seu carro (ele sempre faz isso!) - Estou me aproximando da entrada de Magnólia, mas notei que não estou com o endereço da casa do Marcelo. Tem como você me passar novamente? - sorrio por saber que ele está mais próximo do que imaginei e porque esse esquecimento é tão a cara dele.
- Tá bom, meu amor... Vou mandar para você por mensagem e você joga no GPS do carro, tá certo? E não quero que dirija rápido, mas mal vejo a hora de você estar aqui comigo.
- Também tô ansioso, quero estar logo com você. Manda logo o endereço e quando você menos esperar, baterei na porta do sogrão. Trouxe até um bom vinho que eu espero ser o suficiente para agradar ele, causar uma boa impressão e tal... - ele comenta com um tom divertido, principalmente quando fala do Marcelo, e não consigo não sorrir.
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Leitor Anônimo
Novela JuvenilCamila Borges está prestes a ver a sua vida mudar. E não é só porque ela está se mudando para Riviera para começar a universidade. A maior fã de The Debate Club e escritora de uma fanfic bastante conhecida entre os amantes da série americana, precis...