Leitor Anônimo

Capítulo 13: Parabéns pra você!

Quando março finalmente chega, uma alegria parece me invadir. Na verdade, sou tomada por um sentimento que se junta a todas as outras coisas boas que vem acontecendo e que fazem com que me sinta mais... feliz. É claro que em alguns momentos tive que lidar com o cansaço da vida acadêmica e aqueles contratempos que sempre aparecem, mas tem algo que me faz não desanimar nesse mês: o meu aniversário.

Sempre estive no time das pessoas que amam fazer aniversário e não só isso, das que amam comemorá-lo também. Sou aquela pessoa que assim que o mês começa já dá início a contagem regressiva para o dia do aniversário e começa a sonhar com os planos para uma possível comemoração. Sempre fui assim, desde muito pequena. E, em parte, acho que os meus pais tem um pouco de culpa nisso tudo. Durante os meus 18 anos, eles sempre fizeram questão de estar comigo e preparar algo, mesmo que fosse apenas um bolo com os amigos mais próximos.

Esse ano, no entanto, as coisas estão um pouco diferentes. Isso está me deixando animada e ao mesmo tempo com um leve frio na barriga, daqueles que surgem quando não sabemos o que nos espera.

Meus pais tentaram fazer a parte deles para que eu não sinta tanto essa mudança. Esse ano não terei o bolo de cenoura com cobertura de brigadeiro da Dona Hermínia, nem os bolinhos de chuva da Dona Hortência e muito menos um pedaço de bolo para dividir com a Olívia no intervalo da escola ou no meio da nossa tarde de garotas; mas eles estão aqui para comemorar essa data comigo. Meus pais chegaram em Riviera no final de semana antes do meu aniversário para estar comigo não só na data em que nasci, mas durante toda a semana. O que, com certeza, é mais um motivo para me fazer feliz. Até porque não tinha percebido quão grande é a saudade que estava sentindo deles, até tê-los sentados no sofá da minha sala.

Nem tão feliz assim está João Vitor, também conhecido como o meu namorado. Ele finalmente vai conhecer (pessoalmente) os meus pais e por mais que tente disfarçar, isso está deixando ele um tanto nervoso - o que me diverte, mas ao mesmo tempo me deixa preocupada. Sinto que nós dois estamos desejando e temendo a mesma coisa; ambos querendo que meus pais gostem dele e morrendo de medo de que aconteça o oposto. Mas estou preferindo me agarrar a certeza de que ele receberá a aprovação dos meus pais.

Esse ano o meu aniversário vai cair justamente em uma segunda feira e por mais que a minha superstição não me deixe comemorar antes, os meus pais gostaram de usar a data como desculpa para sairmos pra jantar nesse domingo. E mais: para convidar o João, para que eles possam conhecer o rapaz que roubou o meu coração (palavras da minha mãe).

Quando avistei o meu namorado cruzar a entrada do restaurante, pude sentir, mesmo de longe, o seu nervosismo. Vi também quando ele esfregou as mãos como um gesto nervoso e respirou fundo antes de se aproximar da mesa e nos dar boa noite. Observei atentamente a maneira como ele apertou a mão do meu pai, se apresentando e como pareceu mais tranquilo ao abraçar minha mãe.

- Então finalmente estamos conhecendo o João Vitor! - o meu pai diz assim que meu namorado se acomoda ao meu lado e não demora muito para que sinta a mão dele buscar a minha por debaixo da mesa.

E esse foi só o começo do nosso jantar.

Aos poucos, a tensão foi se dispersando, principalmente depois da chegada dos pratos e das bebidas. Meus pais, é claro, queriam saber tudo sobre o rapaz com quem estou namorando e João não pareceu se incomodar. Pelo contrário, ele passou um bom tempo falando do seu curso e sua experiência na agência de publicidade.

Enquanto os observo conversar, só consigo sentir alívio por ver que eles estão se dando bem e, aparentemente, meus pais gostaram do cara que escolhi para chamar de namorado. Mas também estou experimentando uma sensação que João consegue despertar com facilidade: a de me sentir cada vez mais encantada (ou seria melhor apaixonada?) e orgulhosa do cara que está ao meu lado.