Um mês após o começo das aulas, tenho a sensação de que posso entrar em pane a qualquer momento. Não me pareço nem um pouco com a Camila dessa mesma época do semestre passado. A nova versão está atolada em trabalhos e começando a se questionar se foi uma boa decisão escolher tantas atividades extracurriculares.
Não sou a única passando por isso. Leonardo, a pessoa mais leve que conheço, também está prestes a explodir. Acho que nem toda a sua tranquilidade e otimismo o ajudam a enfrentar o começo já tão agitado desse semestre. A minha irmã, que está fazendo sua especialização, parece estar pior do que nós dois. São tantos papéis em sua escrivaninha que, sinceramente, não sei como ela se encontra ali; e são tantas noites trancadas em seu quarto, abrindo mão de um pouco de lazer, que meu cunhado deve estar tendo a impressão de que eles seguem namorando à distância.
Mas nessa semana tudo será diferente. Acho que percebendo que os alunos estavam começando a pirar num nível final de período, a universidade inventou algo que eles chamam de semana universitária. Para eles, a ideia é ter uma semana em que os alunos podem participar de palestras, oficinas e atividades mais práticas com relação aos seus cursos, dentro e fora da universidade; inclusive, para os atletas, tem até campeonatos de vários esportes. Mas para nós, meros estudantes, é o momento perfeito para respirarmos no meio de toda essa turbulência.
Para comemorar os dias livres que ainda vão começar, alguns cursos se juntaram e organizaram uma choppada em uma casa noturna da cidade. Não sou a pessoa mais sociável, mas estou tão desesperada por um pouco de diversão que estou aceitando qualquer coisa, até mesmo aqueles programas que há um tempo me provocariam uma careta e alguns comentários negativos.
No fundo, acho que a diversão não é a única coisa que me motiva a ir até essa comemoração regada a álcool. Estou tão determinada a descobrir quem é o meu leitor anônimo e vê-lo em minha frente, que enxergo nessa festa uma oportunidade perfeita para nos encontrarmos. É um lugar público e que estará cheio de gente, ou seja, segue as recomendações dos jornais sobre o primeiro encontro com alguém que conhecemos na internet. E depois penso que se a minha ideia não der certo, a minha noite não estará perdida, pois tenho a companhia de Leo, da minha irmã, do meu cunhado e de alguns amigos.
Então, enquanto todos planejam, cheios de empolgação, a nossa ida até a festa que acontecerá mais tarde, pego o meu celular e arrisco colocar outro plano em prática: o de convidar o Bender.
Eu: Ei, Bender! Você vai para a choppada que o pessoal da universidade tá organizando?
Bender98: Tô surpreso com essa pergunta vindo logo de você kkkk mas tô pensando em ir sim, nada certo ainda
Eu: Por que a surpresa com a minha pergunta? Eu sou uma pessoa que gosta de uma festa sim... de vez em quando hahaha
Bender98: Não é o que tá parecendo nas últimas semanas kkkk mas por que me perguntou isso?
Eu: Porque eu vou com uns amigos e a minha irmã
Bender98: Sempre bom se divertir né? Só cuidado para não abusar da bebida como aquela vez kkk
Eu: Sabe, eu tava pensando... O que acha de me encontrar lá?
Bender98: Hum... não sei. Eu ainda nem sei se vou.
Eu: Bom, eu vou! Se quiser me encontrar, vou estar entre os dois bares, pois me falaram que é o lugar mais fácil de conseguir dançar, mesmo no meio da multidão haha. Espero que você resolva aparecer lá e falar comigo.
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Leitor Anônimo
Roman pour AdolescentsCamila Borges está prestes a ver a sua vida mudar. E não é só porque ela está se mudando para Riviera para começar a universidade. A maior fã de The Debate Club e escritora de uma fanfic bastante conhecida entre os amantes da série americana, precis...