CAPITULO 2

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RICK BITTENCOURT

Eu tive que amadurecer muito cedo,  quando eu tinha 7 anos tive que lidar com a doença da minha mãe, mas ela nunca demostrou estar doente perto de nós.

Meu pai perdeu seu melhor amigo, o Alessandro, pai de Millena. Eles eram inseparáveis e com isso ele ficou muito mal, porque ele era o irmão que meu pai não tinha.

Ele pegou a tutelar de Mia, mas ela não podia naquele momento morar conosco, porque a minha mãe estava doente e não estava dando conta de nós direito.  A Mia estudava na escola conosco e ela sempre vinha nos finais de semana, ficar com a gente.

No começo eu a via como uma irmã, meu pai trabalhava muito na empresa e minha mãe cada ano ficava pior, o tratamento não fazia efeito. Meu pai trouxe eu e Bonequinha para estudar em casa para ficarmos mais perto da minha rainha, e cada vez ela estava mais debilitada.

Eu tive que ver minha mãe sofrer de dor e não podia fazer nada para ajuda-la com isso, eu fiquei cada vez mais fechado, eu aprendi a chorar sozinho e sofrer calado. Sempre tentando ser mais quieto para não da trabalho a ela, eu ajudava a cuidar da Lorena , ela achava que eu não entendia o que ela estava passando, mas eu sabia. Eu procurei pelos seus sintomas no computador e achei sua doença, minha mãe tinha câncer.

Mas mesmo com a dor ela sorria e fazia as coisas para nós sempre com um sorriso no rosto.

Quando eu fiz 15 anos minha mãe já estava muito doente, já não tinha aquele brilho, não conseguia se alimentar, nem andar mais, ela aguentava. Só ficava deitada.

Meu pai pagou uma enfermeira para cuidar dela, ele tirou férias, deixou a empresa com o seu sócio Eduardo, pai de Fellipe, porque o médico já tinha falado com meu pai que minha mãe só tinha uma semana.

Quando ele me contou eu chorei no meu quarto, me tranquei, ajoelhei e implorei a Deus para não levar minha rainha, mas Deus neste mesmo dia acabou com seu sofrimento, ela nos chamou, pediu a mim para cuidar de meu pai e de minha irmã e eu a prometi que iria fazer isso. Ela me deu um beijo, na hora senti que ela estava se despedindo, ela pediu para eu chamar meu pai e eu sai, meu pai entrou e passou 30 minutos e logo depois ele saiu gritando, pedindo para ligar para o médico de mamãe e foi o que eu fiz. O médico chegou, mas já era tarde, ela tinha falecido.

Eu fiquei destruído, fizemos o velório, minha bonequinha desmaiou, meu pai só sabia chorar e eu não conseguia demonstrar minha dor. A velarmos e quando passou uma semana, meu pai começou a beber  todo dia chegava bêbado do serviço, ele ficou muito destruído.

Quem cuidava de nós neste período, era nossa empregada, Dona Célia. Eu discuti um dia com meu pai, falei tudo que ele precisava ouvir, falei que ele tem 2 filhos, que sabia da dor dele, mas que nós não tinhamos culpa do que aconteceu e com isso ele parou de beber, ficou mais presente, era só do trabalho para casa.

Ele nos colocou para frequentar a  escola de novo e quando voltei,  eu observava que a Mia era solitária, o tempo todo eu a via sozinha, a única amiga dela, era a minha irmã.

Nossa, eu ficava muito bravo com Fellipe, ele humilhava a menina só por ela ser gordinha. Para mim, ela continuava linda. Em um dia vendo ele a humilhar, briguei com ele, falei para ele deixar a Mia em paz. Ameacei até de esquecer quem ele era,  se ele continuasse a tratando mal.

A partir deste dia, comecei a enxergar ela com outros olhos, sempre a observava de longe e a protegia. Com isso, foi crescendo algo dentro de mim que nem eu sabia definir, ela sempre meiga e educada e eu o popular, rodeado de meninas que se jogavam ao meus pés. Mas quem eu queria nem me notava, sempre ficava na dela, junto com a minha irmã, estudando muito.

EU PERTENÇO A ELA Onde histórias criam vida. Descubra agora