8° capítulo.

669 41 27
                                    

Me arrumo devagar porque cheguei cedo e coloco essa roupa:

Coloco uma chinela e desço, ajudo minha mãe a arrumar a mesa e depois subo pro meu quarto

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Coloco uma chinela e desço, ajudo minha mãe a arrumar a mesa e depois subo pro meu quarto...

Mãe: filha... - entra no meu quarto sem bater - queria conversar com você!

Eu: claro mãe! Fala! - sorrio amável e ela retribue, meu estômago embrulha e eu corro pro banheiro pra vomitar.

Ela vem logo atrás e segura meu cabelo me ajudando, quando termino ouvimos um barulho e minha mãe foi mais rápida que eu e pegou um teste no chão.

Ela olhou pra ele e viu positivo.

Mãe: quem... Quem é o pai Eliane?

Eu: é o... - não consigo terminar.

Amanda: QUEM É O PAI ELIANE?

Eu: O LUÍS!

Amanda: sai da minha casa! Você não é mais minha filha! Não quero te ver nunca mais! - chora mais.

Eu: mãe...

Amanda: sai daqui Eliane! Vai pro colo do seu traficante! - rosna irritada.

Eu: VOCÊ JÁ DEU PRO MORRO INTEIRO E EU NUNCA TE JULGUEI! - ela dá um tapa na minha cara chorando e sai me puxando pra baixo até a sala.

Quando estávamos saindo da casa o Luís entra e olha pra ela com raiva, ela me empurra pra cima dele que me segura.

Eu: me deixa ir embora... - sussurro em seu peito.

Luís: eu te levo! Vai pro seu quarto e pega suas coisas! - fico encarando ele que está com um olhar frio e assustador pra minha mãe - agora! Antes do meu pai chegar eu tenho uns assuntos a resolver com a dona Amanda!

Eu: mas...

Luís: agora Eliane! - corro pro meu quarto, pego minha bolsa e confiro se está tudo certo, depois entro no banheiro e pego os testes, todos negativos, só aquele deu positivo - eu não tô grávida... EU NÃO TÔ GRÁVIDA PORRA! - comemoro com uma dancinha escrota mas aí me lembro de como minha mãe me tratou, desço com raiva e ouço o fim de uma conversa.

Amanda: ela não pode saber... Ninguém pode! - diz com raiva mas com a voz embargada.

Luís: se você dançar conforme a música vai tudo continuar como está!

Eu: então todos me escondem as coisas? Ah, e dona Amanda... - jogo os testes encima dela que sorri ao ver - vai catar coquinho! Não quero te ver nunca mais! E você não precisa me dar carona!

Amanda: filha... - me olha com arrependimento.

Eu: filha não! Você me renegou! Porque achava que eu estava grávida! Eu nunca vou te perdoar! Seria uma vida dentro de mim!

Luís: como é? - segura no meu braço virando pra ele - me explica essa história!

Eu: achei que eu tava grávida...

Luís: e não me falou? - vejo um brilho nos seus olhos.

Eu: claro que não! Se eu tivesse esse filho seria meu! Só meu!

Luís: e você não tá? - o brilho se apaga dando lugar aquele olhar profundo de dar medo no lugar.

Eu: não! Quatro negativos e um positivo! A menos que tenha dado problema em quatro é muito difícil eu estar grávida! - sorrio gentilmente.

Luís: tira esse sorriso falso do rosto e vamos pra casa! - me puxa pelo braço mas eu me solto dele.

Eu: quem disse que eu vou com você? Vou pro Vidigal! Moro lá agora! Foda-se você!

Luís: marrenta pra caralho! Vai se fuder! Vai andando então!

Eu: vou! - saio andando e minutos ouço barulho de moto.

Luís: sobe!

Eu: já disse que... - ouço barulho de fogos.

Luís: SOBE AGORA LIA! - subo e ele acelera - dois minutos para o toque de recolher!

Eu: como você...

Luís: já sabíamos da invasão! Morros aliados lembra?

Eu: da cadeia você sabia?

Luís: eu sou dono da maré Lia! Claro que sabia! Eu tinha tudo dentro da cadeia! Comandava aquela porra! Mas eu prefiro mil vezes comandar meu morro! Qualquer lugar que eu for vira meu território! E ai de quem se meter no meu caminho! - fala em um tom que me faz perder a compostura por um segundo.

Eu: foda-se! Me leva pro Vidigal!

Luís: relaxa! Não vou te sequestrar! Te levo de lá quando você quiser! Por vontade própria!

Menos de 5 minutos chegamos perto do Vidigal, ele manda eu descer e me dá um papel com o número dele.

Eu: eu não...

Luís: você vai ligar!

Eu: porque não me deixa na casa?

Luís: você não sabe? - arqueia a sombracelha - Maré e Vidigal são rivais agora! Ah, e amanhã vai ter um baile comemorando a minha volta! Quero você e sua amiga lá!

Eu: quem disse que eu vou ir!

Luís: eu tô mandando! Se você não for vai ter muita gente machucada Lia! Eu posso invadir o Vidigal a qualquer momento! Depende de você!

Depois disso ele vai embora me deixando paralisada ali, só pensando em que merda acabou de acontecer, ele me ameaçou, ameaçou a minha comunidade...

No morro não tem só bandido! Todos os dias vemos as crianças correndo! As mães limpando a casa! Na feira! É bom ver essas pessoas sorrindo, mesmo com tantas invasões, e mortes sem motivo elas continuam felizes, mesmo depois de perder tudo, admiro elas! Morando em um morro e ainda sim felizes por simplesmente estarem vivos!

Ainda estarem vivos...

Não vou deixar ele acabar com tudo isso!

Vou até a entrada do morro e um vapor me leva a casa do Biel e da Milly...

Minha MarrentaOnde histórias criam vida. Descubra agora