In my way

Capítulo 05

25 de Dezembro de 2015

POV ~Kongpop~

"Querido Kongpop, você provavelmente está em sua nova casa, com sua nova família, em seu novo quarto. Sinceramente, eu espero que você esteja se sentindo bem, que eles cuidem de você com todo o amor do mundo e te proporcionem tudo que nós aqui do orfanato nunca podemos te proporcionar. Primeiramente eu queria te pedir desculpas, desculpas por não ter te contado que seus pais te levariam para tão longe, eu espero que um dia você possa me perdoar. Consequentemente, eu também quero te pedir desculpas por não poder cumprir nossa promessa, infelizmente eu não tenho dinheiro para ir até a Coreia te visitar e também duvido muito que eles vão te trazer aqui só para você nos visitar. Meu pequeno Kong, saiba que eu te amo muito e que você sempre estará em meus pensamentos. Eu nunca te falei isso, mas você me fez a pessoa mais feliz do mundo por estar todos esses anos em minha vida, primeiro em meus braços, depois em minhas costas e por fim ao meu lado. O destino nos uniu a partir do momento em que eu te encontrei naquele beco escuro, enrolado em uma manta azul, você chorava por conta do frio e da sua fome, eu te segurei em meus braços e quase que instantaneamente você parou de chorar, como se soubesse que eu não te faria mal algum. Eu prometi a mim mesmo que nunca iria chorar em sua frente desde quando recebi a notícia que você iria embora, ainda mais para tão longe, não queria tornar tudo mais difícil, afinal de contas, nada será mais o mesmo sem você, os aniversários, as idas e voltas da escola, as horas no terraço do orfanato. Contudo, não quero que você fique triste, não brigue com seus novos pais, eles só querem o melhor para você, seja um bom menino como você sempre foi aqui, tirando os dias de travessuras, claro. Siga seus sonhos, um dia quero poder voltar àquele cinema e ver sua foto em um grande cartaz, ver você atuando naquela tela enorme, você fará seu P' muito feliz, nunca desista disso. Nunca deixe de ser essa pessoa alegre que você é, brincalhona e que leva alegria para todo mundo, tenho certeza que é por isso que seus pais te escolheram. Kongpop, espero sinceramente que um dia você possa me perdoar por não ter te contado a verdade, por não ter cumprido nossa promessa, não importa quantos quilômetros você esteja distante de mim, eu sempre te amarei e vou fazer o máximo para te encontrar novamente, nem que eu tenha que ir andando até a Coreia do Sul, jamais vou deixar que nossos caminhos se separem. Saiba que, se você apertou meu mindinho no dia de sua partida, você aceitou o pacto dessa nova promessa: Eu, Arthit Rojnapat prometo que irei encontrar Kongpop Sutlak, não importa onde ele esteja, não importa quanto tempo passe, e depois que isso acontecer, eu não deixarei que ele saia mais do meu lado, pois, esse erro eu só cometerei uma vez.

Não se preocupe Kongpop, eu vou chegar até você, mesmo que isso demore, não desista de mim, não desista de nós. Afinal de contas, você prometeu comprar uma casa para nós morarmos juntos com a irmã May você se lembra? Eu vou te cobrar isso, nem que eu mesmo tenha que construir essa casa. 01 de Janeiro de 2006 foi o dia que você partiu, eu não sei o que será do meu futuro depois que eu tiver que sair do orfanato, mas saiba que todo dia 01 de Janeiro eu estarei te esperando aqui na porta do orfanato, para que nós possamos subir no terraço e ver o pôr do sol mais uma vez, não importando se já teremos 20, 30 ou 40 anos, afinal de contas, você sempre será o meu pequeno Kongpop, aquele que eu mais amo nesse mundo."

Com amor,
P'Arthit

Dobrei a carta pela milésima vez e a coloquei sobre a mala que estava em cima da minha cama. Quase dez anos se passaram e mais uma vez as lágrimas escorriam dos meus olhos lendo aquela carta, eu podia sentir toda a dor de quando ele a escreveu, as suas lágrimas se segurando para que eu não o visse chorar. P'Arthit, por que você fez isso? Mas eu não iria deixar muito mais tempo passar, por muitos anos não pude fazer nada, afinal de contas eu sempre dependi dos meus pais, eles foram maravilhosos, exceto na resistência do meu pai em me deixar voltar para a Tailândia mesmo que para tirar férias, aliás, isso foi motivo de muitas de nossas brigas. Contudo, decidi seguir o conselho da minha mãe e esperar um pouco mais, contudo, já esperei o suficiente. Faltava uma semana para que completasse dez anos desde o dia em que eu o vi chorando desolado em frente ao orfanato, enquanto a única coisa que eu podia fazer era acenar para ele pelo vidro do carro. P'Arthit, me espere que eu estou chegando, não deixarei nada e nem ninguém ficar em nosso caminho outra vez.