Capítulo 04

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POV ~Arthit~

Mais uma vez tive o chão tirado dos meus pés. Mais uma vez a vida me dava uma rasteira. Já estava sendo difícil lidar com o fato de Kongpop estar indo embora, agora, saber que ele iria para outro país, isso eu não saberia lidar. Meu coração acelerava, o medo tomava conta de tudo dentro de mim. Deitado em minha cama, olhei para o lado e lá estava a pequena figura do meu pequeno Kongpop dormindo tranquilamente, como se nada o afetasse. Deitei-me de lado, observando atentamente a sua figura, sem piscar, pois queria ter aquela imagem dele tranquilo e despreocupado em minha mente. A única coisa que eu posso desejar agora é que ele seja feliz com sua nova família, que eles o tratem bem e cuidem dele da melhor forma possível. De repente, as lágrimas começam a brotar em meus olhos, escorrendo por meu rosto e inundando meu travesseiro, deixei-as escorrer involuntariamente, sem tentar conte-las. Mais uma vez eu estaria só, apesar de todas as freiras, todas as crianças do orfanato, eu estaria só. Ninguém poderia preencher o lugar do meu pequeno nong, sempre aprontando alguma travessura, sorrindo e trazendo alegria para todos nós. Kongpop sempre achou que tinha muita sorte por eu tê-lo encontrado no beco aquela noite, contudo, apesar de nunca ter falado para ele, eu foi quem tive a sorte de poder ter o encontrado, pois ele mudou a minha vida completamente, mas, agora ele estaria partindo, e nem mesmo sabia que seus pais iriam o levar para tão longe. Eu não quero e também não vou dar essa notícia para ele, contudo, não quero que ele seja enganado, não sei o que fazer. Ele vai sentir medo, disso eu tenho certeza, não quero imaginar suas lágrimas, sua dor, isso irá me partir o coração. Suspiros, é a única coisa que sai de mim junto com as lágrimas. Fecho meus olhos e tento dormir, tento afastar todos os pensamentos negativos da minha mente, todas as incertezas que me corroem sobre o futuro dele, eu apenas quero que ele seja a pessoa mais feliz desse mundo.

. . .

O sono me acometeu de uma forma pesada, dormi mais do que deveria. Quando acordo, olho para a cama de Kongpop e o mesmo não está mais lá, provavelmente deve estar tomando banho, vou até o banheiro e escuto o barulho da água caindo. Volto até o guarda-roupa e vejo que mais uma vez ele esqueceu a toalha, como de costume, pego ela e volto até a porta do banheiro, e parece que no tempo certo, pois escuto ele resmungando, então abro a porta e enfio o braço, entregando a toalha.

-Obrigado P'Arthit- disse ele todo feliz.

-Da próxima vez eu vou colar uma toalha no seu pescoço, assim você não esquece mais- resmunguei para ele, logo em seguida voltando para o meu quarto.

Sinceramente, não tenho a mínima vontade de ir para a escola hoje, na verdade, não tenho vontade de fazer nada que não seja passar o dia deitado na minha cama, tanto que, ao retornar ao quarto, me jogo nela novamente. Logo Kongpop aparece no cômodo, já está com seu uniforme escolar e tudo.

-P'Arthit, por que você ainda não foi tomar seu banho?

-Não quero ir hoje, estou cansado- respondo, me virando e ficando de costas para ele.

-P'Arthit, você sabe o que a madre sempre diz. "vocês não tem o que querer, estudar é obrigação"- respondeu, imitando o tom de sermão da madre, o que me fez rir um pouco.

De repente eu posso sentir o peso dele sobre meu corpo. Kongpop montou em cima de mim e ficou praticamente me obrigando a ir para o banheiro, com um pouco de resistência e depois dele praticamente me derrubar da cama, tomei a coragem necessária, afinal de contas, uma hora ou outra a madre iria adentrar pelo quarto perguntando a razão de não estarmos no café da manhã para ir à escola em seguida.

. . .

-P'Arthit, por que você está tão desligado hoje? Está chateado?- Perguntou Kongpop, enquanto voltávamos da escola.

In my wayOnde histórias criam vida. Descubra agora