Capítulo 06

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-Kong, por que você está tão preocupado? Ele não deixou claro que iria esperar você no orfanato, o teste não irá durar o dia todo, e mesmo que dure, você pode voltar lá outro dia e pedir informações para as pessoas do orfanato, talvez ele tenha deixado algum meio para entrar em contato- New tenta me acalmar enquanto eu dirijo, desde que saímos da joalheria que estou inquieto, pensando em uma forma de tentar contornar mais esse imprevisto.

-Não é assim tão fácil New, eu já verifiquei, o orfanato não existe mais, o prédio hoje está praticamente abandonado- Tento me concentrar no trânsito a minha frente, contudo, a minha mente não para de trabalhar.

-Kong- ele estava pensando em uma maneira de me consolar, dava para perceber a preocupação em sua voz.

-Eu não sei mais o que fazer, essa era a melhor chance que eu tinha de reencontra-lo- o sentimento de derrota começa a tomar conta de mim.

-A gente vai dar um jeito, eu vou te ajudar em pensar em algo- New aperta meu ombro, tentando me reconfortar.

Passamos o resto do caminho de volta para casa no mais angustiante dos silêncios. Não está sendo uma tarefa fácil, não existe uma maneira de eu estar nos dois lugares ao mesmo tempo, e também não sei que horas P'Arthit estará lá em frente ao prédio do orfanato, nem sei se ele continua indo lá todos os anos como prometera em sua carta, talvez alguma coisa tenha o impossibilitado de ir, talvez ele nem more mais em Bangkok, tantas probabilidades começam a me deixar angustiado. Ao chegar em casa eu vou direto para o meu quarto, New vem em meu encalço, o mesmo disse que não iria embora até me ajudar a achar uma solução para o meu problema, sinceramente, eu não sei se mereço o amigo que tenho.

-Crianças, vocês querem comer alguma coisa?- É a voz da minha mãe na porta do quarto, olhando para nós sentados em minha cama.

-Não mãe, já comemos no shopping- Respondo rapidamente, tento demonstrar tranquilidade, não quero preocupar ela agora.

-Tudo bem, qualquer coisa eu estou na cozinha- Responde ela, dando um sorriso para nós.

-Ah sim, o New vai ficar para o jantar- Acrescento antes de ela ir embora.

-Vou?- Pergunta ele surpreso.

-Vai- Enfatizo para que ele não possa recusar. –Não sabemos quanto tempo iremos levar para solucionar esse problema- sussurro baixo para ele, o qual assente calmamente.

Os minutos vão se passando e nada vai vindo em nossa mente. Eu já tentei de tudo antes, procurei notícias sobre o que aconteceu com as pessoas após fecharem o orfanato, já procurei P'Arthit nas redes sociais, mas não encontrei nada, é como se eles tivessem evaporado da face da terra. Já tinha escurecido e eu e New continuávamos deitado em minha cama, olhando para o teto, sem nenhuma solução.

-Não tem jeito, vou ter que abrir mão do teste- Finalmente digo as palavras que estavam presas a tarde toda em minha garganta.

-Kong, você não pode fazer isso, é o seu sonho, você não sabe quando terá outra chance dessa- Responde ele, dando um salto da cama e ficando sentado nela.

-New, encontrar P'Arthit também é meu sonho, eu não posso deixar essa oportunidade passar- Respondo, sentando-me na cama e olhando para ele.

Meus ombros estão cansados, suspiro em um sinal de derrota. Não tem jeito, vou ter que abrir mão de algum dos dois, e sinceramente, prefiro abrir mão do teste, mesmo que seja a chance de ouro da minha vida.

-Espera um minuto, eu já volto- Responde ele, pegando o celular da mesa de cabeceira e indo até a varanda do meu quarto.

Fico confuso, pensando no que ele está fazendo, ou melhor, com quem ele está falando. Sua atenção oscila entre a pessoa que está com ele na chamada e em mim, que continuo sentado em minha cama, apenas esperando ele voltar. Em um certo momento da ligação ele pestaneja, como se estivesse implorando por algum favor a pessoa do outro lado da linha. Depois de cerca de cinco minutos, ele volta, um sorriso disfarçado em seu rosto.

In my wayOnde histórias criam vida. Descubra agora