Extra: Nosso Songkran

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13 de Abril de 2028


POV Kongpop

Tínhamos acabado de acordar, claro que a família estava toda reunida para o início do Ano novo tailandês, era um evento muito importante para nós, não apenas pela passagem de ano, mas sim porque tinha um significado especial. Sophie e Ted praticamente derrubaram a porta do nosso quarto, não eram mais crianças, ela com seus quinze anos de idade, já estava uma mocinha, seu cabelo loiro passava do ombro, com as pontas cacheadas, enquanto Ted tinha apenas 12 anos, ainda era uma criança, apesar de odiar quando eu dizia isso em público.

— Eu já sou um homem crescido igual papai Arthit 

 Essa era a sua resposta costumeira para todas as vezes em que eu o chamava de criança. Eu apenas ria, afinal de contas, o que poderia fazer? Apesar dos anos terem passado, não conseguia parar de ver neles aquelas duas crianças que corriam para o nosso quarto para dormir conosco em dias chuvosos, com medo dos relâmpagos. 

— Finalmente o dia tão esperado chegou — Sophie gritava animadamente parada em frente a nossa cama, trazia em suas mãos uma pistola de água. Ted não era muito diferente, uma pistola que poderia ser considerada maior que ele, sendo que o mais novo subiu na cama, simulando uma risada maléfica.

— Papapi Arthit, Papai Kongpop, se preparem para o primeiro banho do Songkran — Ele gritou para o alto, apontando a arma de água para nós logo em seguida.

— Ted Suthiluck Rojnapat, se você apertar esse gatilho eu devolvo você para o orfanato depois do feriado — Minha ameaça foi o mesmo que nada, pois ele gritou mais uma risada maléfica antes de fazer o que tinha planejado ao entrar no quarto.

— Fogo neles Sophie — Apesar de seu grito, o que saiu da pistola foi água, jatos que vieram em meu rosto e no de P'Arthit, o qual estava ao meu lado, tentando se proteger. 

— Vocês acharam isso bonito? — O meu marido, o qual estava quieto até agora, levantou-se da cama, olhando com seriedade para os nossos filhos, ambos se acanharam, assustados com o tom do pai mais velho. Todavia, não demorou muito para o medo do pai virar outra coisa. 

— Não papai Arthit, não, estávamos só brincando — A primeira a gritar e tentar correr foi Sophie, isso porque o pai dela puxou do lado da cama um balde cheio de água, eu consegui ouvir o seu grito quando o balde foi despejado sobre ela já no corredor. 

Assim como eu, Ted olhava para o corredor, mas ao final da cena, provavelmente ele se lembrou que também tinha molhado os próprios pais, lentamente seu rosto foi virando em minha direção e sua expressão foi se transformando ao notar que eu segurava dois baldes, um em cada mão. 

— A vovó vai reclamar se molharmos os lençóis, não é? — Ele desceu lentamente da cama, dava passos lentos, seus olhos estavam fixos nos baldes em minha mão.

— Você deveria ter pensado nisso antes de invadir esse quarto, mocinho, afinal de contas, você é crescido igual o Papai Arthit, certo? — Minha fala foi acompanhada de uma risada diabólica, tal qual a dele anteriormente, assim que o menor correu, eu fiz o mesmo, ele seguiu o lado oposto de Sophie no corredor, mas foi inevitável, o primeiro balde o atingiu em cheio, o ensopando de água, quando estava pronto para jogar o segundo, a porta em nossa frente se abriu.

— O que vocês estão fazendo? — A mãe de P'Arthit apareceu na porta de seu quarto, ainda um pouco atordoada, mas seus olhos arregalaram quando viu o que estava acontecendo — Vocês vão destruir a casa e atrair a ira de Buda desse jeito — Ted foi o primeiro a correr para ela, agindo igual a criança que era, o que apenas serviu para me divertir. 

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