01 de Novembro de 1995
Era uma noite iluminada pelo brilho da lua e o céu estrelado, tudo parecia ocorrer perfeitamente na cidade de Bangkok, as pessoas viviam sua vida tranquilamente, se preocupando apenas com coisas costumeiras do dia a dia, bom, pelo menos a grande maioria. Em um beco escuro, uma criança com apenas alguns meses de vida chorava, enrolada em apenas um cobertor que não cumpria o intuito de proteger aquele pobre indefeso de todo o frio da capital tailandesa. Aparentemente, a criança tinha sido abandonada no beco pelo seu responsável, entregue completamente a sorte, a qual ele parecia ter muita, pois seu choro ecoou até chegar aos ouvidos de outra criança, não tão mais velha, aparentando ter uns 6 anos, porém aquela criança entendia completamente o que estava acontecendo ali, já que um dia, ele tinha sofrido o mesmo.
Arthit corria em volta do orfanato fugindo das freiras responsáveis por cuidar das crianças, era uma de suas brincadeiras favoritas, ser perseguido por elas, enquanto desesperadas tentavam alcançar a criança brincalhona, contudo, enquanto passava pelo beco atrás da instituição ouvira um choro agudo, na mesma hora parou e, cautelosamente, adentrou o beco, que era iluminado apenas pela lua e uma luz fraca quase se apagando de um poste da rua.
-Arthit. Cadê você?- A criança ouvira a irmã chamando seu nome, porém não respondeu, estava focado no bebê enrolada em um cobertor azul marinho, chorando, provavelmente com fome, ou com medo, ou talvez os dois.
Naquele mesmo instante, alguns flashes vieram a cabeça de Arthit, ele sendo deixado na porta do orfanato, em uma situação apenas um pouco mais favorável do que a daquele bebê que estava agora em sua frente. Ele não hesitou, pegou o menor em seus braços e o apertou contra seu peito, balançando cuidadosamente para tentar fazer a criança sentir-se segura. Caminhou em direção a saída, ao chegar lá, deparando-se com a freira que tinha vindo atrás dele.
-Arthit, o que é isso?- perguntou a mulher, espantada.
-Uma criança, irmã May, estava chorando sozinha ali no beco- pigarreou Arthit, sua atenção totalmente voltada para a criança, a qual tinha parado de chorar e tinha se aninhado em seu peito.
-Por Deus, como alguém tem coragem de abandonar o próprio filho assim?- Respondeu a freira, a qual se sentiu mal no mesmo instante ao ver o olhar triste de Arthit, pois ele viveu a mesma realidade e se fazia aquela pergunta a alguns meses já. -Vamos, deixe-me levar ela e comunicar a polícia para que talvez eles encontrem algum parente que possa ter dado queixa sobre o sumiço- Não havia muitas esperanças na voz da freira, mas aquele era o procedimento correto. Contudo, Arthit não entregou a criança, quis ele mesmo levar o bebê em seus braços, ele não queria correr o risco de ver a criança chorando novamente, a freira não fez oposição, caminhou ao lado de Arthit, observando atentamente aquelas duas crianças.
. . .
De volta ao orfanato, agora na sala da madre superior, Arthit continuava com a criança em seu colo, agora segurando uma mamadeira na boca da mesma, alimentando-a. Enquanto isso, a freira que estava com Arthit conversava com os policiais que tinham chegado, com auxílio da madre superiora. Elas contaram tudo que aconteceu, como Arthit achou a criança e tudo mais. Os policiais tiraram uma foto da criança e informaram que iriam avisar a assistente social, para que ela pudesse regulamentar a situação da criança.
-Bom, já que aqui é um orfanato, acredito que ela poderá ficar aqui mesmo, certo?- Questionou um dos agentes.
-Bom, nós estamos praticamente lotados, não sei se aqui seria o melhor lugar para ela.
-Não madre, não mande ele embora- Era a voz de Arthit ecoando na sala, seu olhar mostrava medo e agonia, ele se segurava pra não correr até a madre e se ajoelhar aos pés dela, para implorar, pois a criança ainda estava em seus baços.
-Arthit, meu querido, nós já temos muitas crianças aqui- respondeu a madre, se aproximando dele.
-Por favor, deixa ele ficar, eu ajudo vocês a cuidar dele- O olhar da criança era de suplica e esperança, a madre não iria querer destruir aquilo, sabia o quanto era difícil a vida para crianças órfãs. Ela olhou para irmã May e os policiais que indiretamente davam apoio para Arthit, seus olhares diziam "você vai mesmo deixar essa criança triste?".
-Tudo bem- suspirou ela -Mas você pode ter certeza que irá cuidar dele junto com as irmãs- acrescentou ela.
Os policiais então decidiram ir embora, passaram a mão sobre a cabeça de Arthit e sorriram para ele, o cumprimentando e o desejando sorte em sua nova tarefa. As freiras o acompanharam até a saída e enquanto isso, Arthit ficava sozinho com a criança, a qual agora dormia em seus braços. A mamadeira agora estava totalmente vazia, com certeza fome era um dos motivos do choro do bebê. Os dedos de Arthit passeavam pela cabeça do pequeno em seu colo, cuidadosa e carinhosamente, a criança parecia sentir-se segura em seus braços, um pequeno sorrisinho formando em seus lábios enquanto ela dormia.
Alguns minutos depois, as freiras voltaram. Já estava tarde, provavelmente todas as outras pessoas do orfanato já deveriam estar dormindo, menos eles três.
-Bom mocinho, agora vamos todos dormir. Mas antes disso, precisamos escolher um novo nome para seu irmãozinho.- Falou a Madre, olhando para Arthit atenciosamente.
-Eu posso escolher?- perguntou Arthit, surpreso, olhando da madre para a criança.
-Nós não pensamos em ninguém mais adequado para isso- Agora foi a vez da irmã May, a que estava com Arthit na hora que acharam a criança, falar.
O olhar de Arthit se fixou no rosto do bebê em seus braços, sua pele morena, seus poucos fios de cabelo liso, seu pequeno peitoral se movimentando com sua respiração tranquila. Parecia um pequeno anjo dormindo nas nuvens, livre de qualquer preocupação.
-Kongpop, esse será o nome dele!- Um enorme sorriso se formando no rosto do pequeno Arthit, apesar das poucas horas, ele já tinha carinho por aquele pequeno ser indefeso, e para Arthit, seria sua obrigação protegê-lo de todo o mal do mundo. E a noite se encerrou com Arthit dando um carinhoso beijo de boa noite no rosto de Kongpop.

VOCÊ ESTÁ LENDO
In my way
FanfictionO destino que os uniu foi o mesmo destino que os separou. Contudo, eles fizeram uma promessa, promessa essa que não sabiam se irão poder cumprir, mas o amor, não importa que tipo, sempre é mais forte que qualquer coisa e Kongpop e Arhit não desisti...