9 - Cha AeRa tinha mais de um motivo para continuar aqui.

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☆Aqui no Ceará ainda é dia 5, portanto não estou descumprindo a minha promessa hahahahaha. Boa leitura.

Eu odeio toda essa situação em que eu me meti

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Eu odeio toda essa situação em que eu me meti. E se eu parasse para pensar bem, eu sequer sabia como tudo tinha vindo acabar a ser como estava sendo.

Tudo tinha sido tão rápido e não estava dando para raciocinar direito, um bebê, a confusão na empresa, a prisão, o abandono, ser enchotado do hotel como se eu fosse um delinquente, esse lugar pequeno e claustrofóbico que agora eu estava chamando de "lar temporário".

Eu estava me sentindo como alguém que está em uma multidão de pessoas e simplesmente não consegue sair, só tem que ser empurrado na mesma direção e tentar não cair e ser pisoteado. Mas as perguntas que vinham em minha mente agora era, até onde essa multidão iria? Até onde eu seria empurrado sem conseguir desviar? Eu conseguiria me manter de pé e não ser pisoteado?

Tantas coisas incompreensíveis me aconteciam nesse momento, mas tinha uma em particular que eu não conseguia evitar. A criança que agora olhava para mim enquanto baba escorria de sua boca. Graças a bondade infinita da Cha AeRa, que resolveu acolher todos os necessitados de uma vez só, eu estava tendo que lidar diretamente com essa criança.

A Cha AeRa tinha saído para procurar emprego e me deixou sozinho com ela. Enquanto ela estava dormindo eu estava tranquilo, comi, lavei a louca suja e alonguei meu corpo do lado de fora da casa enquanto pegava um pouco de sol, mas depois que ela acordou... Eu poderia definir como pânico o que eu estava sentindo nesse momento.

Como se cuida de um bebê?

Como se cuida de um bebê quando você nunca cuidou de um?

Como se cuida de um bebê quando você nunca cuidou de um e ainda corre o risco de ser o pai do bebê?

Tantas perguntas, e eu conseguia evitar pensar em cada uma delas, mas não conseguia evitar ter que me envolver com a criança, porque veja só, ela estava ali diante de mim, precisando de mim, mas eu não conseguia ser útil para ela, porque eu não estava sendo útil nem para mim mesmo, quem dirá para outro ser humano, ainda mais um ser humano que precisa de mim.

Ela sorriu como se visse algo muito engraçado.

  -O que? - perguntei e ela ficou séria. - Ta rindo da minha situação? Acha que eu estou gostando de... - olhei em volta. - Tudo isso?

A criança continuava olhando para mim e balançando os braços, quase como se batesse palma, suas bochechas eram enormes, como alguém ousava dizer que a gente se parecia? Eu não tinha tudo isso de bochecha. Nunca tive.

Fiquei de pé indo abrir a única janela da casa para um pouco de ar fresco entrar, as cigarras cantavam alto ecoando sua melodia pelo bairro, eu podia ouvir barulho de trânsito ao longe, mas no geral era tudo muito tranquilo. Tranquilo demais para mim. Tão tranquilo que chegava a ser incômodo.

Is That My Baby?Onde histórias criam vida. Descubra agora