Dois zero um nove

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Os fogos coloriram o céu,neste momento todos se abraçavam na sacada do apartamento de minha tia,de frente para o mar. Vestíamos branco como mandava a tradição,assim todas as pessoas que festejavam no calçadão. A música do show de rua podia ser ouvida por todo o quarteirão,meu corpo sentia as vibrações das músicas que a tanto tempo não ouvia.

Eu abracei meus pais e parentes desejando que tudo de bom pudesse nos acontecer dali em diante. Havíamos passado um natal maravilhoso juntos,relembrando momentos e planejando outros. Eu ri,me emocionei e chorei,meus pensamentos estavam em dois lugares ao mesmo tempo. Enquanto o ano virava,secretamente desejei tudo de melhor para o meu amor e sua família.

Teria sido maravilhoso ter ele me abraçando com carinho,ouvir o som de seu riso frouxo, ver aquele par de olhos brilhantes.Talvez pudéssemos fazer tudo e mais um pouco em outra vida,a qual ele fosse um dançarino de boate ou qualquer coisa que não o impedisse de andar de mãos dadas com a garota que ele ama.

Soltei um suspiro e dei um longo gole na taça de champanhe,virando todo o resto da bebida borbulhante.

— Parece estar com a cabeça longe,filha. - minha mãe abraça minha cintura,enquanto eu mantinha a cabeça apoiada no batente da porta.

— 'Tá tão na cara assim? - perguntei ouvindo os murmúrios na casa.

— Sim...pensando no Jimin?

— E quando não estou? - revirei os olhos.

Ela sorriu balançando a cabeça.

— Vocês são mesmo uma graça. Vai ligar pra ele?

— É melhor esperar,ele com certeza está ocupado. Falta pouco para meio dia na Coréia.

— Certo,vou dar atenção aos outros. Você fez isso desde quando chegou aqui,então depois que conseguir falar com Jimin,me avisa. - ela me dá um beijo na bochecha.

— Pode deixar,mãe.

Ela sorriu e se afastou.

De longe a vi se envolvendo nos braços do meu pai, iniciando uma conversa com meus primos e tias. Eu gostaria de estar mais ligada neles,mas por alguma razão não alcancei a vibe dos demais. Com o celular na mão aproximei-me do parapeito da sacada filmando e fotografando O céu estrelado e a lua brilhante,eu sabia como ele adoraria uma foto como aquela. As horas se passavam,meu humor melhorou quando meu pai me chamou para dançar no centro da sala. Fazia tempo que não seguia tais passos coreografados,mas me surpreendi percebendo que ainda sabia muito bem cada um.

Em algum momento nossos familiares estavam cansados demais,inclusive eu. Então fomos nos instalando - todos passariam a noite no apartamento. Fiquei num quarto com os meus pais,mas meu pai ainda jogava Dominó com meus tios na sacada,então era apenas eu e Dona Melinda. Acomodei-me na cama já vestida com meu pijama levinho,com o celular em mãos.

Percebi minha mãe sentando perto de mim no colchão.

— Quanto tempo mais vai esperar? - ela indagou chamando minha atenção.

— O que?

— Essa sua vida,Christine. Você está sempre esperando,ele nunca 'tá por perto. Você realmente consegue ver algum futuro numa vida assim? Não pode nem dizer as suas antigas amigas que sim,você tem alguém.

— Mãe-

— Não - ela ergue o indicador — Me escute por um momento. Não estou brigando com você,estou preocupada. Um novo ano chegou e vai continuar vivendo do mesmo jeito?! Sem fazer mais amizades,sem poder contar a ninguém,sem poder andar de mãos dadas,sem poder ser vista! Meu amor...eu te amo muito,sou sua mãe,não quero te ver de coração partido. Posso imaginar o quanto ama esse homem,mas pense um pouco.

Together || P.JMOnde histórias criam vida. Descubra agora