Capítulo 35 ou "Adeus, velho amigo"

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OLÁ MEUS AMORES! Sei que as perguntas são muitas a respeito do hiato dessa história (e de toda a trilogia), mas aqui vão algumas respostas:

1. Esse livro tem mais dois capítulos que concluem a histórica de QBCF. Eu estou trabalhando neles, e serão postados tão logo sejam escritos.

2. 2019 é o ano em que Das Cinzas Às Cinzas, o livro três, começará a ser escrito. Então, certifique-se se que você foi no meu perfil, colocou o livro na biblioteca e deixou seu voto na introdução que já está lá.

3. Se quiserem o prólogo de DCAC até o fim de janeiro, deixem comentários lá durante essa semana! Se tiver bastante, eu vou postar.

Qualquer dúvida, pergunta aqui!

Com amor, B

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Antes do dia do velório de Nicholas, eu não me considerava tão comovida pelo evento morte de maneira geral. Talvez por estar acostumada com a perda como um todo, e não especificamente na situação em que as pessoas deixam de existir. Que deixavam o mundo para, bem, ir para o lugar que pessoas mortas vão. Eu só pensava que havia formas piores de uma pessoa desaparecer, porque na minha cabeça arrogante de pré-adolescente, eu sabia das coisas.

A questão era que velórios não me afetavam como afetavam as pessoas normais. Eu estava acima deles.

Eu sentia a tristeza e o pesar, sim. Eu era capaz de sentir toda aquela energia asfixiante que emanava das mulheres que perderam o parceiro de toda uma vida, ou o colega de escola que perdeu o avô.

Eu só nunca tinha sentido o chão se abrindo sobre meus pés daquele jeito. Nem o desespero, o sufoco, e a sensação de que as coisas jamais voltariam ao normal depois de perder alguém que eu amo. A sensação de que o mundo tinha virado ao avesso, e como ousavam as outras pessoas a continuar vivendo quando tudo estava tão, tão errado para mim.

Nick era uma pessoa inocente. A melhor pessoa que eu não merecia conhecer.

E ele estava morto por minha causa.

Enquanto eu caminhava pé ante pé pelo cemitério silencioso, em direção à capela mortuária onde Nicholas seria velado, agarrada à camisa do meu pai, não pude deixar de pensar o quão irônico era o fato de que o sol estava lá, bem no topo do céu, como se nada tivesse acontecido. Ou que a grama crescesse pelo jardim que era aquele cemitério, grande o suficiente para que eu o perdesse de vista. Como vida podia brotar de uma terra cheia de morte? Como o mundo ousava esfregar na minha cara o fato de que o universo não implodiu diante de uma injustiça como aquela?

Nos aproximamos de todos os que foram prestar suas homenagens a Nick. Eu alisei a barra do meu vestido preto, e vesti a jaqueta de David por cima. O sol estava lá, mas o dia estava frio, um vento gelado cortava minhas bochechas. Pelo menos algum aspecto daquele dia fazia jus ao que ele realmente era. Além do mais, eu me sentia exposta sem aquela jaqueta. Não gostava muito da ideia de que teria de devolvê-la em algum momento, porque nos últimos meses eu a usava como uma espécie de armadura.

No instante em que eu pisei na capela, todos os olhares imediatamente se viraram para mim. Àquela altura – dois dias depois do ocorrido – eu não podia esperar que a cidade inteira não soubesse o que tinha acontecido na mansão dos Leal. A polícia sabia. O juiz do meu caso sabia. Bastava que cada um deles contasse para amigos, e pronto. Viveiro inteira sabe a verdade que eu estive guardando comigo por dois anos.

A verdade que custou a vida de Nicholas Jordan.

Dessa vez, os olhares não eram acusatórios, ou acompanhados de cochichos muito audíveis a meu respeito. Eram olhares de pena e remorso, provavelmente uma culpa reprimida por terem sido tão rápidos em julgar.

Quem Brinca Com FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora