Capítulo 27 ou "O incêndio"

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Eu quero reações a este capítulo. É o mais importante que eu já escrevi na série. Ele contém a verdade sobre o incêndio na Fundação Haroldo Santini, então eu quero ver todo mundo ENLOUQUECENDO aqui, no twitter, no instagram, em t-u-d-o.

Espero que gostem desse capítulo. Eu escrevi ele todo no dia hoje. Todas as dez páginas, seis mil palavras.

Aproveitem as respostas que demoraram tanto tempo para aparecer.

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"Atende essa merda!", resmunguei para a caixa de mensagens do celular de Zaca, depois de três tentativas de contatá-lo por telefone. "O filho da mãe apareceu. Você não vai acreditar onde ele esteve. Francamente, nem eu acredito. Me liga."

É claro que eu estava sem muitas opções de esconderijo, considerando que Lucas conhecia todos os meus segredos. Blasfemei contra mim mesma por confiar nele com tudo o que se precisa saber sobre mim, como se eu lhe tivesse dado um manual para suportar minhas crises. A minha melhor chance era me esconder na casa de Dolores, e ainda assim não era algo que eu gostaria de fazer. Passar a noite inundada de perguntas e ser forçada a encarar meus sentimentos, quero dizer.

Mas havia um lugar. E eu sabia que provavelmente estaria colocando em cheque a minha condicional, e que se as autoridades descobrissem eu me encontraria diante de uma baita de uma encrenca. Eu não estava em condições de me importar.

Corri com as pontas dos pés até a Fundação Haroldo Santini, fantasmagórica com suas luzes noturnas iluminando-a de baixo para cima. Dei a volta no quarteirão, implorando à minha sorte para que nenhum segurança me avistasse. Assim que me deparei com os fundos do terreno, sorri para o fato de que, apesar do incêndio, o corpo diretivo da Fundação não se preocupara em fortificar a segurança do prédio. Tudo o que separava a rua do colégio era um alambrado metálico, de uns três metros de altura.

Subi, pé ante pé, e pulei a cerca. Esperei paralisada o ressoar de algum tipo de alarme, o que não aconteceu. Provavelmente porque eu destruíra os alarmes de segurança junto com os de incêndio; eu me lembro de não saber exatamente qual fio eu deveria arruinar, então arruinei todos. Então, corri tão silenciosamente o quanto pude até um bloco de concreto quadrado que ficava ao lado da quadra de esportes: a mesma sala de som em que eu, Nicholas e João planejamos secretamente a Operação Cupido para ganhar Dolores de volta.

Estava escuro como a noite ali dentro, exceto por um feixe de luz que invadia a sala através de um basculante. Eu não acenderia a luz. Não seria esperto da minha parte, considerando que eu não devia estar invadindo a escola em minha condicional.

Justo quando eu fiquei confortável com a ideia de que eu estava, finalmente, sozinha com meus pensamentos, um rosto surgiu das sombras diretamente para a única faixa avistável daquele cubículo. Eu bufei em frustração ao notar que, de todos que poderiam dividir meu isolamento comigo, era justo o meu menos favorito.

– Fico feliz em saber que ainda compartilhamos esconderijos. – a voz ofídica de Carlinhos incomodou meus ouvidos pela primeira vez – A adega dos meus pais primeiro, e agora...

– O que você está fazendo aqui, Carlinhos?

– Pensando. Refletindo. – ele mentiu inutilmente, afinal, eu sabia muito bem o que ele fazia na Fundação quando ninguém estava lá; fiquei surpresa em saber que ele ainda o fazia depois do incêndio, mas eu não podia julgar sua estupidez. Eu também usava aquela sala para os meus propósitos, depois de todo aquele tempo. – O mesmo que você, provavelmente, só que eu não estou quebrando a minha condicional.

– Então vai lá me dedurar. – ironizei, cansada demais para ficar batendo boca com aquele garoto problemático – E boa sorte tentando explicar como você soube que eu estava quebrando a condicional.

Quem Brinca Com FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora