Capítulo 6: Trestálios

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— Annabeth! — Tyler chamou quando viu que ela ainda estava encostada na janela olhando fixo na direção da porta. — Está bem?

— O que era aquilo? — um dos garotos se pronunciou meio vacilante, enquanto Anna assentia para Ty.

— Um dementador. — Respondeu Charlotte que agora iluminava a cabine com sua varinha, ela se abaixou o pegou a de Annabeth que estava no chão. — Pegue, deixou cair.

— Obrigado. Estão todos bem? — perguntou a morena ainda muito assustada.

— Sim. — responderam vagarosos.

— Mas eu achei que ia congelar. — disse um deles.

— Eu, que nunca mais seria feliz. — Ty falou olhando para o chão.

As lanternas se acenderam novamente, o trem voltou andar, ela logo pensou nas meninas, guardou a varinha no bolso interior do sobretudo e foi em direção a porta da cabine para sair.

— Onde vai? — Ty perguntou.

— As meninas devem estar assustadas, até eu estou, imagine elas.

— Está só assustada? — perguntou arqueando a sobrancelha.

— O que um dementador estaria fazendo aqui? — Charlotte perguntou.

— Procurando o Black. — Ty respondeu. — Meu pai trabalha no Ministério, ele me contou que...

Annabeth não ouviu mais, ela simplesmente foi saindo, mas aquela frase ficou ressoando em sua mente “Procurando o Black”, aquela coisa horripilante, atrás de seu pai, conseguiu achar mais tristeza em Annabeth do que ela achou que realmente tivesse, ela parou um momento e se encostou na parede de uma das cabines, não havia alunos no corredor, todos deviam estar atônitos demais.

“Será que Sirius realmente merece isso? Aquela coisa parece tão cruel. Mas que é que estou pensando? Ele é um assassino, matou treze pessoas. É  claro que merece! Mas por que então não consigo odiá-lo? Nem mesmo o conheço, apenas tenho seu sangue, e isso não pode ser tão poderoso. Mas... Não, procura-lo seria idiotice.” — concentrada em seu conflito interno não percebeu que um homem se aproximava, não até que ele tocasse seu ombro.

— Está tudo bem? — perguntou o homem.

Ele usava um conjunto de vestes de bruxo extremamente surradas e cerzidas em vários lugares. Parecia doente e cansado. Embora fosse jovem, seus cabelos castanho-claros estavam salpicados de fios brancos.

— Am, sim. — respondeu olhando com curiosidade, fora a senhora do carrinho de doces ela nunca havia visto um adulto no trem. — Só estou procurando minhas amigas.

— Tem certeza que está bem? Parece pálida. — disse o homem apalpando o bolso.

— Só um pouco assustada, não é  todo dia que se dá de cara com uma coisa daquelas— comentou com um tom sarcástico olhando para o lado.  —o senhor o viu? — perguntou olhando o homem nos olhos pela primeira vez.

— Sim, o... O dementador, sim o vi. — respondeu ele que agora olhava para Annabeth como se tivesse visto algo assombroso.

— Está tudo bem? Senhor?

— Remus Lupin! — disse estendendo a mão para ela, que apertou e disse seu nome. — É que por um momento você me lembrou um velho amigo, seu olhar se parece muito com o dele. — continuou ele sorrindo. — Eu preciso falar com o maquinista, está bem mesmo?

Anna apenas acenou com a cabeça, estava curiosa, com que amigo de um desconhecido ela poderia se parecer? Será que esse cara também tinha olhos estranhos? Porque ela achava aqueles pontilhados cinza dos olhos uma coisa muito estranha. Fosse como fosse, ela continuou indo pelo corredor, duas cabines à frente de onde estivera parada estavam as gêmeas.

A Filha Do PrisioneiroOnde histórias criam vida. Descubra agora