Capítulo 3: Peter

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Naquela mesma noite Peter a levou até  o Caldeirão Furado, onde Tom o dono do bar e hospedaria, um homem desdentado e um tanto corcunda, os levou pelos corredores não muito acolhedores o que não importava para ela naquele momento, até um quarto de número quatorze, havia uma cama, um criado mudo com espelho e uma lareira.

— Isso é tudo Tom, obrigado. Pode nos deixar a sós? — pediu Peter.

— Sim claro, mas o nome da moça?

— Annabeth Mitchell. — ela respondeu em um tom firme e Tom se retirou depois de fazer um aceno com a cabeça.

— Bom, está segura aqui, ninguém sabe quem é você realmente, senhorita Annabeth...

— Annabeth só Annabeth, Peter, você é tudo que me sobrou, não faça eu me sentir uma estranha, por favor. — pediu ela interrompendo-o.

— Claro Anna — disse gentilmente sentando ao lado dela enquanto a mesma dava um leve sorriso. — Como ia dizendo, deve comprar seus materiais amanhã, não deixe para o último dia, só tem mais dois de férias. E agora vou indo, já está tarde.

— Espere, tem uma coisa que está me incomodando.

— Então diga, pode me dizer qualquer coisa.

— Você é um bruxo! — Annabeth o olhava sem expressão mas Peter ria baixinho. — Como assim você é um bruxo? Por que vive como trouxa, e trabalhando de motorista?

— É uma longa história — disse rindo um pouco enquanto ela o olhava intrigada. — Vamos fazer assim, amanhã bem cedo eu apareço aqui e vamos comprar seus materiais juntos, então lhe conto tudo cara amiga.

— Tudo bem, mas só porque estou com sono. — disse entre bocejos.

— Combinado, eu vou indo pois minha esposa me espera, tenha uma boa noite Annabeth.

Peter saiu e ela foi empilhar suas coisas num canto, determinada a ocupar sua cabeça, vestiu seu uniforme e percebeu que já estava na hora de comprar um novo. Teria então que comprar além do uniforme seus novos livros, novos pergaminhos e penas, muitas penas já que ela tinha o dom de perde-las, também tinha que comprar novos ingredientes para as aulas de poções, ela havia desistido de tentar criar a sua. Logo tomou uma poção calmante pedindo a Merlin que conseguisse dormir a noite toda sem pesadelos, e se deitou.

Pela manhã acordou triste como em todos os últimos dias, mas vendo uma foto sua e de Emily, se determinou a passar esses dois dias de férias o mais positiva que pudesse, aliás, todo dia em algum lugar uma pessoa perde alguém, nem por isso desistem de viver suas vidas, seria difícil mas ela não podia definhar diante do luto, estaria envergonhando seus saudosos pais.

Ela vestiu um vestido bordô, calçou suas botas pretas que havia ganhado há um ano de presente e jogou sua capa por cima dos ombros, ia sair do quarto quando tropeçou no malão que abriu e de dentro caiu uma caixinha, eram as novas maquiagens que sua mãe havia lhe dado naquele mesmo trágico dia, pensando no que Emily sempre dizia resolveu passar.

— Bom dia Peter! — disse ao chegar nas mesas e vê-lo já esperando.

— Bom dia, apesar de eu não saber como anda seu humor. — cumprimentou ele, lhe olhando estranho.

— Por que diz isso?

— Não sei se está de bom humor por finalmente usar maquiagem, ou de mal humor pela cor que escolheu. — respondeu agora rindo.

— Mamãe me deu esse estojo de sombras escuras, disse que são as cores mais usadas em Paris no momento. E reflete perfeitamente como me sinto, mas também são lindas, sem falar que por algum motivo mantém as pessoas longe. — falou olhando para Tom que andava com seu sorriso sem dentes em direção a eles e mudou assim que ela o olhou e, se referindo as sombras grafite que havia passado e a faziam parecer imponente, ainda mais combinadas com o delineador preto nos olhos e o batom marrom cor de boca.

A Filha Do PrisioneiroOnde histórias criam vida. Descubra agora