A batalha final por Lar

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O dia amanheceu acinzentado em Lar. Kam levantou-se de sua cama, na qual, no dia anterior, havia se deitado com Miri e Kate. Olhou para aquele leito com ternura e, ao mesmo tempo, com grande revolta, que crescia cada vez mais dentro de si. Não sabia o que esperar no momento em que estivesse cara a cara com Aluah. Provavelmente, perderia totalmente o controle, mas pedia a Deus para que isso não acontecesse. Abrindo a janela de seu quarto, observou que a cidade tentava retomar sua vida, mas vagarosamente. Havia poucas pessoas caminhando na rua. Estavam se prevenindo do que poderia acontecer até o final daquele dia. Muitos já haviam se dirigido para Jarzalé ou mesmo Jó, em uma tentativa de buscar um local mais seguro para suas famílias.

Kam voltou para seu leito e despertou Miri com um beijo em seus olhos. A moça acordou sorrindo e retribuiu com um beijo nos lábios. Levantaram-se e foram até a sala de Abram, onde ele, Aaron, Lavi, Deborah e Anne se encontravam. A ideia era começar a desenhar a estratégia militar do dia. Não mais esperariam passivamente por Aluah, marchariam rumo a Nova Lúcifer com o objetivo de tomá-la, com o mínimo de baixas civis, e depois pensar em um meio de mandá-los para longe de Lar.

– Kam, Miri, que bom que acordaram. Agora podemos começar nosso planejamento.

– Pai, como disse ontem, eu e Miri vamos à frente, o senhor e Aaron ficam na retaguarda, pouco depois dos Thunderrocks e um agrupamento de duzentos homens para impedir que algum soldado ou contingente luciferiano desgarrado avance em direção a Martis. Anne continua nos Firefly junto com Harrison, Deborah fica com as...

Naquele momento, Kam fechou os olhos e conteve-se para não chorar. Miri compreendeu o sofrimento do marido e o abraçou por um minuto. Kam retomou o fôlego e continuou.

– Deborah, você fica com as Bikerunners e Lavi com os Thunderrocks.

– Por falar nisso, onde está Harrison? – indagou Anne.

– Ai, meu Deus! – exclamou Miri, com um sorriso maroto, levando a mão à boca. – Eu o deixei aqui ontem à noite com a Adina e, quando, voltamos eles já não estavam mais.

Anne correu com Miri até a Casa de Saúde para chamá-lo e, lá chegando, não o encontraram de imediato. Viram a casa vazia, com apenas alguns poucos soldados que chegaram lá em situação mais grave, mas que já estavam em estágio final de recuperação. Um auxiliar de Adina disse que ela tinha ido com Harrison para um quartinho dentro da Casa de Saúde, pois haviam trabalhado a noite toda. As duas chegaram lá e Anne, ao abrir a porta, fez uma careta de desaprovação, enquanto Miri abriu um enorme sorriso, quase rindo. Exaustos, ambos foram dormir, mas lá só havia uma cama. Harrison, que estava mais cansado, deitou-se sem notar. Adina tirara as roupas do homem, deixando-o apenas com as roupas íntimas, e deitou-se ao seu lado da mesma maneira, pois também estava cansada. Dormiram bem grudados, visto que a cama não era muito grande.

– Ei!!! Senhor Harrison e senhorita Adina, bom dia! – disse Miri, em um tom de voz alto.

– O quê? Hã? – disseram os dois, levantando-se, só então se dando conta do que tinha acontecido.

– Você, senhor Harrison, como disse antes, não pode ver um rabo de saia, não é mesmo? Você e essa sua cara de cachorro sem dono! – afirmou Anne, não sabendo se desaprovava ou se achava graça do fato.

– Miri, do que ela está falando? – e Adina se levantou, recompondo-se.

– De vocês dormindo juntinhos que nem casalzinho – debochou. – Que lindinho!!! – riu.

– Miri, eu e Harrison trabalhamos aqui até bem tarde e apagamos! Foi só isso! – afirmou Adina, zangada.

– Harrison, vamos, que Abram está nos esperando! – disse Anne. – Hoje é o grande dia! Acho que amanhã poderemos voltar para casa. Vou beber até cair e dormir uma semana! – ironizou.

Os Sóis de LarOnde histórias criam vida. Descubra agora